"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 18 de junho de 2012

CHEGOU A VEZ DO MÉXICO NA AMÉRICA LATINA

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Crescimento mexicano superou o do Brasil em 2011
Brasil e México sediam encontros internacionais e lutam para manter o crescimento econômico
Enquanto o crescimento econômico dava ao Brasil a condição de povo escolhido da América Latina no novo milênio, os mexicanos observavam de longe, reprimindo uma certa inveja, e lutando para conter seus crescentes problemas de miséria e derramamento de sangue.
Até que em 2011, o crescimento da economia mexicana superou o do Brasil, algo que deverá se repetir em 2012.

Enquanto o Brasil enfrenta um período de desaceleração e erosão de sua produção industrial, as fábricas mexicanas estão exportando quantidades recordes de televisores, automóveis, computadores e equipamentos, substituindo algumas importações chinesas nos Estados Unidos e alimentando uma expansão modesta.
Nissan, Mazda e Honda anunciaram a construção de novas fábricas no México, e novos investimentos no setor aeroespacial e eletrônico também estão sendo preparados.
“A melhor maneira de melhorar a sua imagem é fazendo com que o PIB cresça”, afirmou Luis de la Calle, um analista econômico mexicano.

Buscando seu lugar no cenário internacional, Brasil e México são palco de encontros internacionais simultâneos. No Rio de Janeiro, a Rio +20 reúne líderes mundiais que discutem o desenvolvimento sustentável, enquanto no luxuoso balneário mexicano de Los Cabos, representantes do G20 discutem os futuros rumos da economia mundial.

A situação dos dois países, que estão entre as maiores economias da América Latina, parecem invertidas. “As estrelas parecem cada vez mais alinhadas para um grande desempenho econômico no México”, afirma um relatório de maio da Nomura Securities. “O processo será lento, mas certamente acontecerá”. Já no Brasil, após a euforia que dominou o país no último ano de Lula a frente do governo, quando a economia teve um crescimento de 7,5%, o cenário não é dos mais animadores.

“Os anos de bom crescimento estão claramente no passado”, diz Antony Mueller, professor de economia da Universidade Federal de Sergipe. A disputa, que já começou a se manifestar nos acordos de comércio automotivo entre os dois países, destaca abordagem distinta de cada país para o desenvolvimento.
O México tem se dedicado a mercados abertos, livre comércio e desregulamentação. Já o modelo brasileiro envolve a intervenção do governo através de grandes empresas estatais.

Brasil e México, provavelmente, têm mais em comum do que a sua suposta rivalidade poderia sugerir. Ambos estabilizaram sua economia depois de décadas e melhoraram o bem-estar de boa parte de seus cidadãos. “No começo diziam, ‘Se você acredita na China, você acredita no Brasil’. Isso contou muito”, afirma Gray Newman, economista do Morgan Stanley para a América Latina. “Agora, o discurso é outro: ‘Nós nos tornamos um país normal e criou-se as condições para o surgimento de uma classe média’. Essas palavras são poderosas”.

No México, com o governo envolvido numa guerra contra o poderoso narcotráfico local, o clima é diferente. Mesmo com o bom momento da economia e com índices de homicídios menores que os do Brasil, a população parece incapaz de ser contaminada pela euforia que atacou os brasileiros no fim da última década.

“Esta auto-flagelação no México é uma doença”, disse de la Calle, que argumenta contra a sabedoria convencional e descreve o México como um país de classe média. “Quando eu disse, ‘Vocês não estão tão mal quanto dizem – há uma razão para ter esperança no futuro’, a resposta que recebia era a de que o Brasil estava muito melhor”.

Agora, os dois países também enfrentam muitos dos mesmos problemas: escolas inadequadas, infraestrutura sucateada, burocracia e corrupção. A questão é descobrir como esses países de renda média encontrarão uma maneira de avançar mais, diz Shannon K. O’Neil, analista da América Latina do Conselho de Relações Internacionais. “Tentar mudar o PIB per capita de US$ 5 mil para $ 10 mil é muito mais fácil do que mudá-lo de US$ 10 mil para US$ 20 mil”, diz ela. “Este é o desafio que México e Brasil enfrentam”.

in opinião e notícia
18 de junho de 2012

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