O Rio é uma das poucas cidades no mundo que ainda possui uma grande floresta em sua área urbana. Contudo, devido a falta de políticas mais eficientes dos prefeitos há vários anos, esta beleza natural talvez esteja com os dias contados, porque o avanço das favelas e da especulação imobiliária estão mudando a imagem da cobertura vegetal da cidade que tem na Floresta da Tijuca o seu símbolo maior.
Nos últimos 30 anos a cidade perdeu pelo menos 6,7 mil hectares de cobertura vegetal. De 39.802 hectares, em 1984, restavam 33.008 hectares em 2001, último dado disponível, o que representou uma perda de 17% de área verde e, atualmente, não se sabe corretamente o total de vegetação existente.
Estes números são da própria prefeitura e podem ser acessados no endereço www.armazemdedados.rj.gov.br, no link Estatísticas. Com a diminuição de suas áreas verdes, o índice de vegetação por habitante caiu ainda mais: em 1984 o carioca dispunha de 76,11 metros quadrados de cobertura vegetal por habitante, número que despencou para 56,28 metros quadrados em 2001, uma queda de 26%
Entretanto, a cidade ainda possui um índice invejável de área verde por habitante, ou seja, cinco vezes superior ao mínimo sugerido pela Organização das Nações Unidas (ONU), de 12 metros quadrados por pessoa, mas a vegetação não é igualmente distribuída na região urbana.
Enquanto alguns bairros próximos à Floresta da Tijuca têm 78% de cobertura por vegetação, como é o caso da Tijuca, outros bairros da zona norte têm apenas 6,5% de cobertura verde, como a Penha, onde estão localizados os complexos do Alemão e da Penha. No bairro, a taxa de urbanização chega a 93%.
A área verde urbana diminuiu no sentido oposto ao do crescimento das favelas e das construções de casas e edifícios. Segundo dados da prefeitura carioca, da área total da cidade, calculada em 122.456 hectares, a área urbana passou de 33.749 hectares, em 1984, para 42.023 hectares, em 2001, representando um crescimento de 24%.
Historicamente, podemos constatar o explosivo crescimento populacional da cidade desde 1960, especialmente nas favelas, onde a população mais que triplicou em 40 anos. Em 1960, os residentes em favelas eram 335.063, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano 2000, a população favelada chegava a 1.092.476.
Alguns especialistas afirmam que, o crescimento da população nas fevelas e sua consequente expansão pela capital e municípios vizinhos ocorreu, aproximadamente, na década de 1970, após o término da construção da ponte Rio-Niterói e do Metrô, obras que atraíram milhares de trabalhadores de diversos estados que foram trazendo suas famílias ou contraindo outras famílias, sem nenhum planejamento ou certeza de que encontrariam outro emprego com um salário cujo valor fosse suficiente para manter a família e pagar um aluguel.
Na cidade regularizada, também chamada de “asfalto”, houve igualmente forte crescimento populacional nesse intervalo, passando de 1.910.145 de habitantes, em 1960, para 4.765.428, em 2000. O resultado, aliado à falta de políticas habitacionais com a extinção do Banco Nacional de Habitação (BNH), em 1986, foi a expansão descontrolada do setor habitacional, empurrando famílias morro acima e rumo às áreas verdes em bairros distantes, em locais que originalmente abrigavam matas nativa
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FALTA PLANEJAMENTO
Segundo a diretora de Gestão do Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, o que ocorreu no Rio nas últimas décadas é um retrato do que aconteceu nas demais capitais e grandes cidades do país. Para ela, o esforço de muitas prefeituras com políticas de reflorestamento e retirada de invasores ainda é pouco diante do tamanho do problema.
Márcia explica que, “apesar de haver esforço de muitas prefeituras em combater esses desmatamentos, com políticas de reflorestamento e retirada de invasores, as ações ainda estão abaixo do necessário. É uma situação complicadíssima no país todo, envolvendo falta de gente e estrutura para fiscalização.”
A diretora do SOS Mata Atlântica considera que falta planejamento às prefeituras para se antecipar às invasões de áreas verdes. “O Poder Público está sempre atrasado, vai lá para multar ou combater um dano que já ocorreu. Não consegue fazer um trabalho de monitoramento para que a coisa não aconteça”.
Como consequência disso, Márcia Hirota aponta as tragédias ambientais, que acometem milhares de famílias todos os anos, atingidas por enchentes e deslizamentos a cada período de chuva. “As ocupações e invasões ocorrem em áreas inadequadas, não só em capitais, mas em qualquer cidade. Aí quando acontecem deslizamentos e inundações, com perdas de vidas, a gente fica lamentando. Mas a culpa é do Poder Público, que não faz esse planejamento e não retira as pessoas em áreas impróprias, que a legislação não permite. Aí quando acontece uma tragédia, todos ficam indignados”.
Para a ambientalista, a saída é a participação da sociedade, pressionando as autoridades e apontando desrespeitos ao meio ambiente. “É preciso o cidadão denunciar casos de agressão à natureza, em um esforço coletivo. É mais barato evitar que as pessoas ocupem áreas inadequadas do que fazer um trabalho posterior para recuperar a natureza”.
Nos últimos 30 anos a cidade perdeu pelo menos 6,7 mil hectares de cobertura vegetal. De 39.802 hectares, em 1984, restavam 33.008 hectares em 2001, último dado disponível, o que representou uma perda de 17% de área verde e, atualmente, não se sabe corretamente o total de vegetação existente.
Estes números são da própria prefeitura e podem ser acessados no endereço www.armazemdedados.rj.gov.br, no link Estatísticas. Com a diminuição de suas áreas verdes, o índice de vegetação por habitante caiu ainda mais: em 1984 o carioca dispunha de 76,11 metros quadrados de cobertura vegetal por habitante, número que despencou para 56,28 metros quadrados em 2001, uma queda de 26%
Entretanto, a cidade ainda possui um índice invejável de área verde por habitante, ou seja, cinco vezes superior ao mínimo sugerido pela Organização das Nações Unidas (ONU), de 12 metros quadrados por pessoa, mas a vegetação não é igualmente distribuída na região urbana.
Enquanto alguns bairros próximos à Floresta da Tijuca têm 78% de cobertura por vegetação, como é o caso da Tijuca, outros bairros da zona norte têm apenas 6,5% de cobertura verde, como a Penha, onde estão localizados os complexos do Alemão e da Penha. No bairro, a taxa de urbanização chega a 93%.
A área verde urbana diminuiu no sentido oposto ao do crescimento das favelas e das construções de casas e edifícios. Segundo dados da prefeitura carioca, da área total da cidade, calculada em 122.456 hectares, a área urbana passou de 33.749 hectares, em 1984, para 42.023 hectares, em 2001, representando um crescimento de 24%.
Historicamente, podemos constatar o explosivo crescimento populacional da cidade desde 1960, especialmente nas favelas, onde a população mais que triplicou em 40 anos. Em 1960, os residentes em favelas eram 335.063, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano 2000, a população favelada chegava a 1.092.476.
Alguns especialistas afirmam que, o crescimento da população nas fevelas e sua consequente expansão pela capital e municípios vizinhos ocorreu, aproximadamente, na década de 1970, após o término da construção da ponte Rio-Niterói e do Metrô, obras que atraíram milhares de trabalhadores de diversos estados que foram trazendo suas famílias ou contraindo outras famílias, sem nenhum planejamento ou certeza de que encontrariam outro emprego com um salário cujo valor fosse suficiente para manter a família e pagar um aluguel.
Na cidade regularizada, também chamada de “asfalto”, houve igualmente forte crescimento populacional nesse intervalo, passando de 1.910.145 de habitantes, em 1960, para 4.765.428, em 2000. O resultado, aliado à falta de políticas habitacionais com a extinção do Banco Nacional de Habitação (BNH), em 1986, foi a expansão descontrolada do setor habitacional, empurrando famílias morro acima e rumo às áreas verdes em bairros distantes, em locais que originalmente abrigavam matas nativa
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FALTA PLANEJAMENTO
Segundo a diretora de Gestão do Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, o que ocorreu no Rio nas últimas décadas é um retrato do que aconteceu nas demais capitais e grandes cidades do país. Para ela, o esforço de muitas prefeituras com políticas de reflorestamento e retirada de invasores ainda é pouco diante do tamanho do problema.
Márcia explica que, “apesar de haver esforço de muitas prefeituras em combater esses desmatamentos, com políticas de reflorestamento e retirada de invasores, as ações ainda estão abaixo do necessário. É uma situação complicadíssima no país todo, envolvendo falta de gente e estrutura para fiscalização.”
A diretora do SOS Mata Atlântica considera que falta planejamento às prefeituras para se antecipar às invasões de áreas verdes. “O Poder Público está sempre atrasado, vai lá para multar ou combater um dano que já ocorreu. Não consegue fazer um trabalho de monitoramento para que a coisa não aconteça”.
Como consequência disso, Márcia Hirota aponta as tragédias ambientais, que acometem milhares de famílias todos os anos, atingidas por enchentes e deslizamentos a cada período de chuva. “As ocupações e invasões ocorrem em áreas inadequadas, não só em capitais, mas em qualquer cidade. Aí quando acontecem deslizamentos e inundações, com perdas de vidas, a gente fica lamentando. Mas a culpa é do Poder Público, que não faz esse planejamento e não retira as pessoas em áreas impróprias, que a legislação não permite. Aí quando acontece uma tragédia, todos ficam indignados”.
Para a ambientalista, a saída é a participação da sociedade, pressionando as autoridades e apontando desrespeitos ao meio ambiente. “É preciso o cidadão denunciar casos de agressão à natureza, em um esforço coletivo. É mais barato evitar que as pessoas ocupem áreas inadequadas do que fazer um trabalho posterior para recuperar a natureza”.
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