(Trapaça eleitoral resultou na denúncia contra um grupo de petistas rasos. Apesar das evidências, não se descobriu de onde veio o dinheiro, muito menos quem foi o mandante da operação)
O fato, por sua evidente gravidade, chegou ao conhecimento do então presidente da República, Luiz Inácio da Silva, o qual minimizou o caso e como se fosse de somenos disse que era coisa de “aloprados”. Recorrendo a esse vocábulo da gíria que tem, entre outros, o sentido de amalucado ou meio irresponsável… nisso ficou, e o vocábulo presidencial correu mundo. E, por incrível que possa parecer, não se falou mais no assunto e em branca nuvem se passaram seis anos! Os aloprados marcaram presença na cidade das letras.Passados seis anos, o caso voltou à tona. Ainda, pela imprensa, se ficou a saber que o Ministério Público Federal oferecera denúncia contra nove aloprados compradores e não sei quantos vendedores do “dossiê”, e o juiz competente da 7ª Vara Criminal da Justiça Federal do Estado de Mato Grosso recebeu a denúncia.
Os aloprados marcaram presença na cidade das letras
De outro lado, quem recorre a esse expediente para ter uma vantagem eleitoral, uma vez eleito, terá escrúpulo em cometer uma ilicitude ainda que graúda? Vale lembrar que o então candidato, que seria o beneficiário deste expediente, é hoje o ministro da Educação.
Quer dizer, essa prática, tolerada por ser coisa de aloprados, vicia e contamina o exercício da política, que há de ser limpa e nobre ou não será política. Se os aloprados, na designação presidencial, possuem a habilidade de juntar R$ 1,7 milhão num repente, não devem ser tão aloprados como disse o passado chefe do governo. Com efeito, o fato de terem abandonado no hotel a dinheirama levada para pagamento do “dossiê”, está a mostrar que só podem ser afeitos a dispor de somas fartas, ou os aloprados de aloprados não têm nada…
O fato é lamentável sob todos os aspectos e tanto mais surpreendente quando o episódio teve como cenário o “Partido dos Trabalhadores”, e o trabalhador sabe o que custa de trabalho, zelo, competência profissional e dedicação para embolsar o seu salário, honradamente havido.
Paulo Brossard
27 de junho de 2012
Fonte: Zero Hora
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