Bactérias que vivem em nosso organismo podem ser a chave para uma vida saudável
Durante milênios os médicos travaram batalhas contra bactérias, usando como arma os antibióticos. Mas, essa relação está mudando, à medida que os cientistas descobrem mais sobre as 100 trilhões de bactérias que vivem em nosso organismo.
“Eu gostaria de mudar o discurso de combate”, disse ao New York Times Julie Segre, pesquisadora do National Human Genome Research Institute, que estuda o genoma humano. “Essa visão é um desserviço às bactérias que evoluíram em conjunto com o nosso corpo e que nos ajudam a manter a saúde”.
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Essa nova visão de saúde também é conhecida como “ecologia medicinal”. Ao invés de promover a matança indiscriminada das bactérias, Dr. Segre e cientistas que compartilham sua visão querem se tornar especialistas da vida selvagem microbiana.
Claro que ninguém pensa em abandonar os antibióticos. Mas, ao alimentar o ecossistema invisível presente em nosso corpo, os médicos podem encontrar outras maneiras de combater doenças infecciosas, com efeitos colaterais menos danosos. Cuidar do microbioma também pode ajudar no tratamento de transtornos que, a princípio, não parecem ter ligação com bactérias, como obesidade e diabetes.
“Mal posso esperar para que isto se torne uma grande área da ciência”, disse Michael Fishbach, microbiólogo da Universidade da Califórnia, em São Francisco, e autor de um manifesto sobre ecologia medicinal, publicado esse mês no jornal Science Translational Medicine.
Diante da enxurrada de descobertas sobre nosso ecossistema interno, parece que isso já está acontecendo.
Semana passada, a Dr. Segre em parceria com mais 200 cientistas, publicou o mais ambicioso experimento quantitativo do microbioma humano. Conhecido como Human Microbiome Project, o projeto tem como base exames de 242 indivíduos saudáveis, acompanhados durante dois anos.
O projeto e outros estudos do tipo estão revelando o modo como nossos inquilinos invisíveis moldam nossas vidas, desde o nascimento até a morte.
15 de julho de 2012
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