"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 15 de julho de 2012

O FUTEBOL BRASILEIRO, QUE DEVERIA SER O CENTRO DE EXCELÊNCIA TÉCNICA, VAI PARA OUTROS CAMINHOS

No passado, os craques eram as únicas estrelas do futebol. Com o tempo, surgiram outros personagens badalados, como treinadores, investidores, empresários, agentes dos técnicos e dos atletas e, agora, marqueteiros. Não tenho nada contra o marketing. Pelo contrário. É uma atividade digna, importante e necessária. Acho apenas que os marqueteiros são excessivamente otimistas.



Quando chega um contratado, jogador comum, como Marcelo Moreno, no Grêmio, é anunciado como um craque, uma celebridade.
Quando Ronaldinho chegou ao Flamengo, venderam a ilusão de que ele era ainda um magistral jogador. O torcedor acreditou. Como o time não agradava, Ronaldinho era o mais vaiado, mesmo quando era o destaque. No Atlético, como a expectativa é menor, ele ganha menos, e o time tem vencido, ele é aplaudido, mesmo jogando menos que no Flamengo.

As novas estrelas são Seedorf e Forlán. Parece que chegaram o Seedorf dos melhores momentos e o Forlán da Copa de 2010. Seedorf tem sido mais badalado que Forlán. O marqueteiro do Botafogo deve ser mais otimista. Forlán, por ser mais jovem, tem mais chance de jogar bem por mais tempo.

Nos últimos anos, jogadores famosos e caros, contratados pelos times brasileiros, vieram porque não tinham mais lugar nas melhores equipes da Europa. Muito melhor jogar aqui que na China, Rússia, Ucrânia, países árabes e outros lugares. Da mesma forma, não há mais razão dos jovens e bons jogadores brasileiros, como Paulinho, irem para esses países periféricos.

Mesmo veteranos e em fim de carreira, a maioria desses jogadores, por terem sido excepcionais, ainda são destaques nos times brasileiros. O mesmo deve ocorrer com Seedorf e Forlán. Isso justifica suas contratações, desde que os clubes paguem também suas dívidas e impostos. A Timemania, criada para isso, foi um grande fracasso.

O que mais me preocupa é ver que o futebol brasileiro, hoje tão badalado, que deveria ser o centro de excelência técnica no mundo, formador dos maiores craques, grande produtor de trabalhos, é, cada vez mais, uma indústria de negócios, de celebridades, do espetáculo e do entretenimento.

Grave, vergonhoso, é a confirmação do suborno recebido por Ricardo Teixeira e João Havelange. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que suborno não era crime. E o presidente atual da CBF, José Maria Marín, fala que Ricardo Teixeira continuará recebendo R$ 100 mil por mês pelo cargo de assessor da entidade. Lamentável!

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BOM E RUIM


O Cruzeiro, dentro de sua limitação técnica, fez uma boa partida na derrota para o Inter, em Porto Alegre, como tinha ocorrido na derrota para o São Paulo. O time não piorou em relação às vitórias anteriores. Os dois últimos adversários é que eram melhores.

Se Ceará estiver em forma, Léo deve voltar à zaga. Mateus e Victorino são fracos. Mateus é ainda pior. Borges é um bom centroavante, goleador, mas, como estava mal no Santos, e o Cruzeiro já tem um artilheiro, Wellington Paulista, não vejo com o mesmo otimismo a chegada dele. Os volantes do Cruzeiro são guerreiros, aplicados, mas com pouca qualidade técnica. Falta um ótimo armador. Mesmo veterano, Riquelme seria um bom reforço.

Tostão (jornal O Tempo, de BH)

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