"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O HOMEM QUE SABE DEMAIS

 

Escândalo do Mensalão? Já está sendo julgado no Supremo. Mas muito maior pode ser o escândalo que acaba de ser denunciado pelo delegado Romeu Tuma Jr., que foi secretário nacional da Justiça no Governo Lula.

Tuma acusa o Governo do PT de ser ingrato com a Polícia Federal (que está em greve) e diz, como informa o jornalista Cláudio Humberto (www.claudiohumberto.com.br):

“Após o inquérito sobre a ex-secretária da Receita, Lina Vieira, dos relatórios de inteligência cuidadosamente confeccionados contra adversários, dos dossiês não investigados e dos vazamentos seletivos, o Planalto deveria atender às reivindicações da PF sem pestanejar!”

De duas, uma: ou o delegado Romeu Tuma Jr. mente ou fala a verdade. Nos dois casos, a investigação imediata e minuciosa é essencial. Se inventa histórias, atinge a reputação da Presidência da República e da Polícia Federal. Tem de ser urgentemente desmentido, e processado, para que dúvida não reste a esse respeito.
Mas, se as acusações forem verdadeiras, mesmo que apenas em parte, estaremos vivendo no Brasil um quadro inaceitável de desordem institucional, comandada exatamente pelos que foram eleitos para defender as instituições.

As relações do delegado Romeu Tuma Jr. com o Planalto são tensas: foi secretário nacional da Justiça, caiu após denúncias de ligação com o contrabando apoiadas por interceptações telefônicas, o Conselho de Ética da Presidência nada achou contra ele.
Mas faz parte do grupo que sabe das coisas. Há que ouvi-lo.

13 de agosto de 2012
Carlos Brickmann

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