Valho-me das palavras com que ela encerrou sua análise para iniciar meu texto:
“(...) de aula em aula, o julgamento vem servindo para sedimentar muitos entendimentos importantes para a correta condução do Estado Brasileiro. Aprendemos nós, aprendem os juízes e, por que não, aprendem os ministros”.
Até os leigos, como eu, estão tendo a chance de aprender. E muito. Por exemplo: o que a mim impactou foi conhecer o STF, suas idiossincrasias, seus defeitos e suas formidáveis virtudes.
Deploro os limites de idade para nomeação e aposentadoria. Precisa de mudança constitucional? Precisa. Acabamos de ver, numa manobra ladina, uma Proposta de Mudança Constitucional para dar à Marta Suplicy o que nem por um segundo se cogitou dar à Ana de Hollanda – mais verba para o ministério da Cultura. Tudo numa única tarde de sinetas atentas.
Se os ministros quisessem, pois, teriam mexido nesses limites que chegam a ser patéticos: nomeação aos 35 anos – ainda cheirando a fraldas – e aposentadoria no dia que completam 70 anos. É um presente de aniversário cruel e troncho – quando o juiz está no ponto, quando aprendeu tudo que tinha para aprender e para ensinar, 'já pra casa!'
Para mim tem sido importante em vários outros sentidos. Respeito pela enormidade do trabalho que os ministros enfrentam. A sede de saber da maioria deles. Uns mais vedetes, outros mais discretos, as duas ministras um belíssimo exemplo de como se comportar; há os simpáticos, os chatos e os que não se furtam a mostrar serviço sei lá eu a quem...
Gostei de ver o apreço à Literatura. Já ouvimos nesses dias grandes autores. Ontem, o maior espanto: o ministro Lewandowski – sim, ele mesmo! – citou Ortega y Gasset, coitado desse magnífico pensador que nunca imaginou ter suas circunstâncias lembradas naquela circunstância!
Dizem que o ex-presidente Lula ameaça – taí, espero que não seja fato, mas foi o que li num desses blogs pouco recomendáveis – ir à OEA apresentar queixa contra o resultado do julgamento.
O que será que ele pensa que a OEA vai fazer? Invadir o STF? Resgatar os companheiros?
Será que não disseram a ele que o máximo que poderia acontecer – no caso improbabilíssimo da OEA concluir que houve erros crassos e só num caso assim, repito -, o máximo seria nosso Governo ser condenado a pagar uma indenização aos porventura injustiçados?
É isso mesmo: uma indenização em dinheiro. Nada além disso!
E será que lembraram que nós andamos meio brigados com a OEA? Pretendem trocar de bem?
14 de setembro de 2012
Maria Helena RR de Sousa
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