Como as atenções do Brasil decente se concentram no julgamento do mensalão, o bando de governistas que controla a CPI do Cachoeira resolveu sair de cena com as passadas furtivas do punguista que se afasta do local do crime.
Depois de suspender os trabalhos para que seus integrantes se dedicassem à temporada de caça ao voto, a tropa a serviço do Planalto prepara-se para encerrá-los com a conclusão abjeta: só o governador Marconi Perillo, o ex-senador Demóstenes Torres e outros políticos vinculados a partidos de oposição se envolveram com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira.
Além de se achar muito esperto, o alto comando da CPI imagina que lida com uma nação composta exclusivamente por cretinos fundamentais, prontos para engolir qualquer embuste. Faz de conta que as negociatas entre Cachoeira e o governador Agnelo Queiroz não existiram.
Faz de conta que nenhum companheiro do PT ou da base alugada ficou mais rico graças ao delinquente goiano. Faz de conta que o empresário Fernando Cavendish, melhor amigo de Sérgio Cabral e maior parceiro do PAC, não fez de Cachoeira o sócio oculto da usina de pilantragens Delta.
Os malandros com imunidade parlamentar ainda não conseguem enxergar o que anda acontecendo a um passo do nariz. Não entenderam que o Brasil está vivendo, como registrou o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, um histórico ponto de inflexão.
Ao decidirem que João Paulo Cunha vai dormir na cadeia, por exemplo, os ministros do STF revogaram o artigo não escrito do Código Penal que garantia a perpétua impunidade da bandidagem da primeira classe. É só o começo.
Os gerentes da CPI vão descobrir tarde demais que, embora não tenha chegado ao fim, a festa dos corruptos em liberdade já foi condenada à morte pelo Supremo Tribunal Federal.
14 de setembro de 2012
Augusto Nunes
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