O paulista de Botucatu André Liohn é um homem corajoso. Aos 39 anos, ele
ganhou o prêmio Robert Capa de 2011 por sua cobertura da guerra civil na Líbia,
onde o embaixador americano Christopher Stevens e mais três diplomatas foram
mortos esta semana por extremistas muçulmanos.
Foi o primeiro sul-americano a obter a honraria em 57 anos. O prêmio é dado para fotos de conflitos.
André é correspondente de guerra há mais de dez anos e já esteve na Somália e na Síria. Faz free lances para redes como CNN, a revista Newsweek e a ONG Human Rights Watch. Doze de suas imagens foram premiadas, todas elas em Misrata, a cidade mais devastada pela guerra, que ficou dois meses sitiada pelas tropas do ditador Muamar Khadafi.
Trabalha sem colete porque, em sua opinião, ele atrapalha seus movimentos. Viu a morte de dois colegas em Misrata: o inglês Tim Hetherington e o americano Chris Hondros, atingidos por um morteiro. Liohn ajudou a trasladar os corpos. Fundou, com mais dez fotógrafos, a ADIL (Almost Dawn in Lybia), para coletar doações ao líbios com os direitos autorais de seu trabalho. Pretende fazer algo parecido no Brasil sobre “o momento em que o trauma se realiza na vida de uma pessoa.
É um país muito injusto”.
Ele prefere captar a ação sem se vincular a nenhum exército – ou seja, não fica “embedado”, como define o jargão dos profissionais que têm proteção dos soldados e tanques. Esteve perto da morte algumas vezes. Numa delas, estilhaços de uma bala se alojaram em seu pescoço.
Noutra, ficou refém na Turquia. Liohn é pai de um casal de crianças, Lyah, de 5 anos, e Anton, de 2, que vivem com a mãe na Itália. O que o motiva é aquele velho chamado que mobiliza os jornalistas antes de entrarmos na selva das corporações: “Quero deixar um mundo melhor para meus filhos”, diz.
Talvez seja ingenuidade. Mas o que importa é tentar — e André continuará tentando. Abaixo, mais uma de suas imagens que lhe renderam a medalha de ouro Robert Capa. São registros eloqüentes e chocantes, que levam o espectador ao coração da batalha e daquilo que Joseph Conrad definiu com perfeição como o horror, o horror.
14 de setembro de 2012
Kiko Nogueira (Diário do Centro do Mundo)
Foi o primeiro sul-americano a obter a honraria em 57 anos. O prêmio é dado para fotos de conflitos.
André é correspondente de guerra há mais de dez anos e já esteve na Somália e na Síria. Faz free lances para redes como CNN, a revista Newsweek e a ONG Human Rights Watch. Doze de suas imagens foram premiadas, todas elas em Misrata, a cidade mais devastada pela guerra, que ficou dois meses sitiada pelas tropas do ditador Muamar Khadafi.
Trabalha sem colete porque, em sua opinião, ele atrapalha seus movimentos. Viu a morte de dois colegas em Misrata: o inglês Tim Hetherington e o americano Chris Hondros, atingidos por um morteiro. Liohn ajudou a trasladar os corpos. Fundou, com mais dez fotógrafos, a ADIL (Almost Dawn in Lybia), para coletar doações ao líbios com os direitos autorais de seu trabalho. Pretende fazer algo parecido no Brasil sobre “o momento em que o trauma se realiza na vida de uma pessoa.
É um país muito injusto”.
Ele prefere captar a ação sem se vincular a nenhum exército – ou seja, não fica “embedado”, como define o jargão dos profissionais que têm proteção dos soldados e tanques. Esteve perto da morte algumas vezes. Numa delas, estilhaços de uma bala se alojaram em seu pescoço.
Noutra, ficou refém na Turquia. Liohn é pai de um casal de crianças, Lyah, de 5 anos, e Anton, de 2, que vivem com a mãe na Itália. O que o motiva é aquele velho chamado que mobiliza os jornalistas antes de entrarmos na selva das corporações: “Quero deixar um mundo melhor para meus filhos”, diz.
Talvez seja ingenuidade. Mas o que importa é tentar — e André continuará tentando. Abaixo, mais uma de suas imagens que lhe renderam a medalha de ouro Robert Capa. São registros eloqüentes e chocantes, que levam o espectador ao coração da batalha e daquilo que Joseph Conrad definiu com perfeição como o horror, o horror.
14 de setembro de 2012
Kiko Nogueira (Diário do Centro do Mundo)
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