"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 9 de outubro de 2012

DESAFORISMOS ELEITORAIS

 

Nietzsche votava? – Não, fazia aforismos à mão livre. Nietzsche, um espírito livre, se desobrigava dessa imoralidade constrangedora. Ele era contra qualquer coisa obrigatória. De certo modo ele foi o inventor da eleição (escolha) de Sofia.
 
Eleições zen-budistas. – Já votaste hoje, pergunta o Mestre? Sim, responde o pupilo. Então lava as tuas mãos, responde o Mestre.
 
Mãos limpas, idéias sujas. – Redelinqüir. Perder o direito ao sursis. Não achar mais o caminho do semi-aberto. E pensar que tudo isso está ao alcance de nossas mãos, que nasce delas, e somente delas.
 
Cola eleitoral permitida. – O TSE reconhece seu analfabetismo modelo Paulo Freire.
 
Titulo de eleitor. – No Brasil não basta tê-lo para votar. Esse título não intitula ninguém a votar. Por que isso? Eles agora querem suas impressões digitais. Uma espécie de cabresto eletrônico. Vai ficar mais barato; você um dia poderá votar em casa pelo Facebook. Isso não é fantástico, dizia o Hugo Chàvez?
 
TSE. – Ninguém vota nele. Se desaparecesse, ninguém notaria.
 
Voto facultativo. – A maior censura eleitoral. Como o voto nulo, que também não existe na legislação, diz da democracia que temos. Sua ausência na legislação trai o próprio conceito de democracia.
 
Eleição, a festa da democracia. – Data de aniversário da democracia. Dia de festa da democracia, como adora dizer a imprensa aduladora. O povo não ganha presentes. Os presentes dos políticos chegam mais tarde. E os tribunais mais tarde ainda. Aí já é tarde – houve outras festas.
 
Vamos às urnas. – Isso não existe mais. Como um útero ainda grávido que guardava um segredo, as urnas viraram metáforas de uma fantasia democrática. Nem na cabeça de juiz existem mais segredos. Lewandowski, por exemplo, nem tem cabeça, ou ela é de vidro, transparente na sua fidelidade canina. Na ecografia do seu voto lá está o voto em petistas.
 
Eleições desproporcionais. – Como há eleição a cada dois anos, o povo brasileiro não vê prazer mais nisso. Vota como faz amor com a mulher velha. Um dia cansa. É desproporcional.
 
Votações tranqüilas. – A imprensa adora noticiar isso. Até consagrou o chavão: as eleições aconteceram normalmente. Já estamos acostumados com tropas federais nos lugares onde a democracia e a cidadania são mais fortes.
 
Instituições sólidas. – De onde vem este tremor, então? Algum terremoto? Algum abalo democrático com ficha-suja?
 
Voto em branco. – Os petistas, depois do terror do Negrão do STF, só votam em branco.
 
Compra de votos. – Nada mais natural no mercado político-eleitoral. Pesquisas eleitorais são compradas. Isso não é compra de votos e de consciências?
 
Pesquisas eleitorais. – Espécie de crime continuado, reiterado, e contínuo por largo tempo de compra de consciências, especialmente as mais vazias. O TSE só se preocupa com a compra do candidato e a venda do eleitor. Eu resolvi esse problema: eu sou a minha própria pesquisa, isto é, não a encomendo nem pago nada e fico sabendo de tudo.
 
Caixa 2 eleitoral. – Não é uma ficção. Se o TSE punisse isso e cobrasse uma multa pesada, poderia pagar melhor seus juízes, ou, pelo menos poderia pagar a conta do oculista desses cegos.
 
Segundo turno. – É quando o eleitor percebe que poderia ter resolvido tudo no primeiro.
 
Horário eleitoral. – Prazo em que a censura legal impede as pessoas de conhecerem melhor os candidatos.
 
Crime eleitoral. – Algo que não aconteceria sem os eleitores.
 
Eleitores. – Pessoas instadas a votar. Muitos dizem: chegou a minha vez. Quase ninguém diz: chegou a nossa vez.
 
09 de outubro de 2012
charles london

Um comentário:

  1. O demagogo não consegue enganar todo mundo, durante todo o tempo. Apenas o suficiente para se eleger. ( frase do livro desaforismos de Georges Najjar Jr )

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