O brasileiro perdeu a paciência com a corrupção, mas não perdeu o bom-humor. Agora mesmo, uma frase – “A pizzaria fechou!” – traduz assim, com jeito de troça, o sentimento que cresce no Brasil de que a regra da impunidade começa a perder força nesse país, onde o direito protege desde sempre os poderosos e a lei pesa mais sobre o povo.
Está aí o julgamento do mensalão condenando figurões com José Dirceu e José Genuíno, parlamentares, banqueiros e empresários.
Está sendo condenado, sobretudo, o modelo de fazer política que se tornou hegemônico nos últimos anos, baseado na corrupção, no aparelhamento do estado, na troca de favores, na compra de apoio político e na traição às idéias e compromissos apregoados nas campanhas eleitorais.
O julgamento do mensalão vinha sendo adiado por pressões e chantagens. E logo que começou, surgiram os ataques para desqualificar a denúncia, o processo, os procuradores, os juízes e o tribunal.
Essa estratégia é elaborada com requintes de marquetagem política. O terreno foi preparado com o bombardeio das teses do “julgamento pela imprensa” e do “era só caixa dois”.
O início das sessões foi marcado pela alegação de desrespeito aos direitos dos acusados e a farsa do recurso a cortes internacionais se houvesse condenações. Agora é a afirmação de que os réus estão sendo condenados sem provas.
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JULGAMENTO DE EXCEÇÃO
Os laboratórios intelectuais petistas contribuíram com a fórmula “julgamento de exceção”, segundo a qual o STF é o Santo Ofício do Planalto e Joaquim Barbosa é a reencarnação de Torquemada.
De lá pra cá, uma nota de desagravo ao presidente Lula comparou o julgamento ao Golpe de 64. Genuíno chamou jornalistas de “torturadores da ditadura”. E agora Dirceu e Genuíno repetem que se trata de processo “político de exceção”.
“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Esse ensinamento de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, tem sido usado e abusado pelo PT ao longo de sua história.
A “campanha da falta de provas” está sendo agora difundida pela CUT, pelos blogueiros chapa-branca e por todo o resto da máquina de propaganda do PT, todos pagos, é claro, com dinheiro público.
Depois de se associar a Sarney, Collor e Maluf, depois de usar políticas sociais públicas como políticas partidárias, depois de oficializar a corrupção, de aparelhar o estado, de defender o controle da imprensa e de envergonhar e destruir a sua própria militância, o PT agora se volta contra a esperança da sociedade de “fechar a Pizzaria Brasil” e de conquistar uma justiça mais republicana.
(Do Blog Este Mundo Possível, texto enviado por Mário Assis)
Altamir Tojal
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