Continuaremos
de joelhos? Parece que sim. Como desfazer essa falcatrua que foi tão decantada
e enaltecida como um passo à frente nos teores de uma civilização, se quem
abraçou isso foi uma classe média otarizada pela TV e pela escolha da omissão
diante de um quadro sócio-político em essência irrespirável?
Vimos patéticas, cretinas imagens nos noticiários, gente entregando armas por R$ 300, vimos pais e crianças num parquinho que, segundo o repórter, teria os brinquedos como balanço e escorregas, confeccionados com metal das armas que foram fundidas para esse fim.
E o babaquara com seu filhinho no colo elogiava o sentido pacifista daquela patacoada. E ainda, na verdade, vale questionar se dá pra derreter as armas e delas fazer aquela – perdoem – besteira.
QUARTÉIS ATACADOS
MUITO RIDÍCULO
Para lembrar esse tão furado 15 de Novembro, muito bem tratado nesta imperdível TI como uma quartelada de araque, temos que afirmar, sem medo de errar, a respeito do que vamos vivendo de forma crescente e irreversível: o Brasil hoje é o país da desordem e do retrocesso. E um país de joelhos.
Vimos patéticas, cretinas imagens nos noticiários, gente entregando armas por R$ 300, vimos pais e crianças num parquinho que, segundo o repórter, teria os brinquedos como balanço e escorregas, confeccionados com metal das armas que foram fundidas para esse fim.
E o babaquara com seu filhinho no colo elogiava o sentido pacifista daquela patacoada. E ainda, na verdade, vale questionar se dá pra derreter as armas e delas fazer aquela – perdoem – besteira.
Vimos
também o ministro petista Márcio Thomaz Bastos dando marteladas meio catitas
num revólver indefeso mostrando com isso o repúdio dele para com canos… de que
ele não precisa, porque os canos que o defendem estão nos coldres de sua
segurança pessoal. Isso é o Brasil, que mergulha na mais tenebrosa era de sua
história.
E o que marca essa era de trevas que, parece, chegou para ficar, é a
violência que o Estado não mais vencerá. O Estado está impotente para defender
não só o cidadão trabalhador que leva o País nas costas: está impotente para
defender a si próprio.
Só
podemos classificar a criminalização da posse de armas como uma canalhice de
Estado, e basta perguntar quem nos garante para ficarmos “na mão” enquanto o
crime dispõe de armamento cada vez maior e mais avançado – bazucas,
metralhadoras sofisticadas, granadas, fuzis de alta precisão e destrutividade –
e avança como instituição agora agregada ao corpo social e a cada dia mostra
mais capacidade ofensiva sobre nosso aparato defensivo tanto humano quanto
material.
###
QUARTÉIS ATACADOS
Jamais
sonhamos ver quartéis sendo atacados por bandidos, isso a gente só via em
filmes de faroeste ou aventuras mirabolantes. Hoje, na prática, qualquer
quartel é objeto de ataques para confisco de armas e munições. Só não levam
dinheiro porque não tem isso nem nas casernas da PM nem das FFAA, a ponto de no
Exército estarem mandando os recos pra comer em casa, porque não tem mais verba
pra rancho…
A
violência no Brasil é, por outro lado, um exemplo de criatividade. Os marginais
são, histórica ou tecnicamente, produto de décadas senão de séculos de perversa
política concentracionista.
Não ter havido no Brasil até hoje todo um projeto
no sentido de encaminhar o aperfeiçoamento social resultou na formação de um
imenso exército de oposição ao modelo socialmente excludente.
É asqueroso, é boçal,
mas é a verdade: o Brasil está hoje mostrando ao mundo como se peita e como se
vence uma estrutura de poder desumana, regressiva e sem perspectiva maior que
dar aos que estão no poder o tempo suficiente para que se locupletem com
assaltos ao erário.
Se
deram aos brasileiros excluídos o direito de continuarem vivendo excluídos,
isso acabou sendo convertido em massa hoje organizada para a prática da
expropriação do – por enquanto – “excedente de capital burguês”, no jargão dos
comunistas, e quem detém esse excedente é o incluído por condições históricas.
Se os “incluídos” estão ainda estáveis, isso se deve a sua ligação direta com o
poder constituído.
Por
enquanto, portanto, assistimos a assaltos, sequestros, arrastões, estouros de
caixas eletrônicas e coisas assim, que poderíamos classificar como preliminares
de uma etapa em que as forças poderão estar em igualdade de condições e podendo
tender para a vitória dos criminosos. Tudo se encaminha irrefreável e
irremediavelmente para um confronto cada vez maior. E não há como negar:
estamos a cada dia menos aparelhados para qualquer enfrentamento.
###
MUITO RIDÍCULO
Muito
bonito, muito poético, pois, mas também muito ridículo, aquela gente aparecendo
na TV doando ou vendendo achamboadamente suas armas e passando a duvidosa
imagem de ser gente “contra a violência”. A Lei do Desarmamento é uma
intervenção que “vem na hora certa”, quando as forças do crime começaram a
vencer a queda de braço com as estruturas de segurança nas capitais. Agora,
isso vai se manifestando em qualquer cidade do País. E avançando, no muque.
Você
duvida? Eu, não: mesmo em remoto arraial no Sul de Minas a Polícia está
assumidamente incapaz para peitar a degenerescência decorrente do avanço do
tráfico e da destruição dos parâmetros essenciais de uma sociedade em
cidadezinha pacata até há pouco tempo vivendo de forma pacífica e desfrutando
de uma mínima certeza quanto a segurança e vigência de valores sociais.
Tudo
isso rui assustadoramente, e não há como entender que “outro valor mais alto se
alevanta”. E esse “mais alto” significa dizer que a falência da estrutura do
Estado já é experimentada por muitos na carne, por outros já mais que sabida
como algo assustador porque cheirando a irreversibilidade e a convulsão social
aguda e generalizada.
Desarmar
o cidadão honesto é submetê-lo à mesma desvantagem que as polícias e mesmo as
FFAA aturam no confronto com o crime. A saturação populacional dos grandes
centros leva à experiência de um horrendo caos, e o crime, olha só a piada!!, o
crime está, mais fortemente do que nunca na história desse país, se impondo
acima das hoje utópicas figuras da lei e da ordem.
Para lembrar esse tão furado 15 de Novembro, muito bem tratado nesta imperdível TI como uma quartelada de araque, temos que afirmar, sem medo de errar, a respeito do que vamos vivendo de forma crescente e irreversível: o Brasil hoje é o país da desordem e do retrocesso. E um país de joelhos.
E
a indústria de armas, para discutir um pouquinho o sexo dos anjos, é algo
inerente ao ser humano. Desde os primórdios da História o homem tem esse
componente em sua vida. E, se estamos longe de um equilíbrio mínimo de valores
sociais, e se a violência avança e ameaça você e sua família e até sua propriedade,
o que fazer? Discurso pro-agressor condenando a indústria dos assassinatos? O
argumento dele será, no mínimo, de chumbo… e será terminante, como tem sido.
18
de novembro de 2012
Frederico Mendonça de Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário