"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 29 de novembro de 2012

É PRECISO SER MUITO CÍNICO PARA FAZER DE CONTA QUE LULA É INOCENTE

 

A Casa Vil foi suplantada em importância emblemática com a esta nova face do cleptolulopetismo.
Agora ladras e ladrões escondem-se no próprio Gabinete Presidencial.
É desnecessário dizer que nunca antes neste país o poder chafurdou em tanta lama ao mesmo tempo. Navega nas ondas dos esgotos que transborda.

Gostaria de ressaltar dois pontos que ficam, dia a dia, mais definidos pela História. Lula foi somente conivente? A oposição oficial e uma envergonhada e subserviente imprensa brasileira (parte dela) jamais admitiram, sequer como hipótese, o envolvimento do Imperador de São Bernardo nas falcatruas descobertas.
Era ofensa tocar neste assunto. O endeusamento do nordestino-pobre-ignorante não permitia críticas. O que dizer das suspeitas?

Se Pedro Caroço convoca a militância para defendê-lo (lembrando o “colocar as tropas nas ruas” da ditadura militar), o que haveria se Lula for apanhado nesta teia indecente e abjeta? E se vazarem as gravações das conversas entre Lula e Rose? Seriam telefonemas fortuitos?

Afinal, o jornalista Policarpo Júnior foi denunciado pelo relator da CPI da Delta por ter conversado, ao telefone, DUAS vezes com o Cachoeira. Lula conversou com Rose, A Primata de SP, em 122 ocasiões.
Seria esta a prova final que tanto exigem os milicianos que, acostumados com antolhos, escoiceiam com o furor de mulas amestradas?

A crítica ia no máximo à inocência derivada da ignorância (lato sensu). Como se o crime maior fosse o absoluto despreparo de quem se julgava (e ainda se julga) infalível e estadista. Mesmo este já seria um comportamento reprovável sob qualquer ângulo: política, de saúde mental ou de projeto ditatorial.
Mas há mais. E quem prova são os fatos. Fartos, repetitivos e cada vez mais consistentes. Seriam vergonhosos se o lulopetismo tivesse vergonha. Não é o caso.

Em quais atos de corrupção não houve o envolvimento do PT e da base alugada, que prestava reverência (e obediência) a Lula?

Tudo foi feito escondido do chefe supremo, das ladroagens que incluíam o “capitão do time” até a secretária que o acompanhou em 32 viagens internacionais?

Usando a lógica miliciana, o “cara” não é o novo gênio da raça? O fazedor de postes? A quintessência do animal político de Aristóteles? O analista brilhante que não precisou sequer ler Robert Dahl para entender uma moderna análise política, preferindo construir uma “muderna falsidade ditatorial”?

É este gênio idolatrado o imbecil que nunca soube da absolutamente nada? Mesmo insistindo (com a ajuda do inefável José Quadrilheiro Dirceu) para que se tivesse um dos irmãos metralhas da Rose de SP como diretor da ANAC? O Senado rejeitou o nome por duas vezes: precisou uma manobra de Dirceu e Lula ─ com o apoio de Sarney ─ para emplacar tão querido afilhado da esfomeada Rose.

Haverá ainda alguém a protestar a inocência de Lula? Seria uma agressão aos fatos. Todos os recentemente afastados do Governo Federal no governo Dilma são remanescentes do governo Lula. E lá continuaram a pedido do co-presidente. Esta figura tão brasileira como a jabuticaba implica certos riscos.

Um deles é receber uma herança maldita (e podre) e sequer poder reclamar. Postes não falam. E muito menos reclamam. É da natureza dos postes.

Outro aspecto elucidativo é a tentativa de criar um novo mito: a Dilma faxineira. Elogios à presidente que teria agido com presteza ao demitir aos corruptos do dia me soam como ironia. Ou revelam um primarismo mental próximo das amebas. Seria uma desonestidade intelectual? Mais uma?

Os corruptos demitidos ─ pelo papel da imprensa e da Polícia Federal e nunca de moto próprio! ─ foram antes nomeados pela mesma Dilma.
A caneta que os demitiua mesma que os empossou.

Caso tenha aceitado ─ sem questionamentos ─ a ordem imperial para que fossem mantidos no novo-velho governo, isso só agrava a opção feita por Dilma. Parece ser marca da personalidade de quem late com subalternos e ronrona com superiores.

Se ao fazer a análise dos “indicados” achou-os aptos a continuarem no governo, neste caso reforça-se a incompetência que não condiz com a figura da “gerentona” dura e perfeccionista. No oposto (não viu predicados para a continuidade) somente assumiu a roubalheira como padrão governamental.
Alguém ainda tem a mais leve dúvida de que outros escândalos virão? E que estarão cada vez mais próximos de Lula?

Acredito que tudo na vida ─ até os pesadelos e males ─ tem um valor didático, por menor que seja. Até para quem se recusa a viver o real. Neste caso a primazia da HISTÓRIA ─ a real e jamais aquela do Brasil registrado em cartório ─ mostra-se inexorável.

Só os ignorantes e os que desprezam a cultura poderiam imaginar-se impunes. A história costuma ser cruel para com os mentirosos.

Os milicianos que exigiam o julgamento de FHC ─ por motivos jamais esclarecidos ─ agora têm de procurar argumentos para defender quem efetivamente deve ser julgado. Pela história já foi. E condenado.

Pela Justiça, alguns já começaram a escolher acomodações mais próximas de suas atuais residências. Falta um.

Será necessário registrar em cartório? Não. As certidões positivas da Justiça Penal são gratuitamente registradas em todo o Brasil.

Poderá fazer parte da outra, aquela que está em um cartório de Brasília como exemplo maior do achincalhe de um megalômano que perdeu o sentido da própria existência. E que nunca acreditou na História.
Está tendo que aprender. Mesmo contra a vontade.

29 de novembro de 2012
REYNALDO ROCHA

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