O
diabo é que em meio a tantas lambanças, pouca gente se dá conta do ridículo
também ocupando o centro do palco. Fala-se da mais nova tertúlia entre
Judiciário e Legislativo, referente aos royalties do pré-sal, perigosa ante-sala
de uma guerra de secessão entre estados ditos produtores de petróleo e estados
sem uma gota do combustível.
Só rindo, porque brigam a respeito de uma riqueza enterrada no fundo do mar. Quando os municípios sem petróleo receberão os percentuais que reclamam? Por enquanto, no dia em que o Sargento Garcia prender o Zorro. Alguém pode informar como vão os trabalhos de extração no pré-sal? Terá a Petrobrás condições de fixar um prazo, mesmo para daqui a dez ou vinte anos?
O petróleo do pré-sal merece um batismo. Deveria chamar-se “Conceição”, aquela que, se subiu, ninguém sabe, ninguém viu. Vem de outros poços situados no litoral do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo os recursos agora reclamados pelas demais unidades da Federação como se fossem do pré-sal. Lá do fundo, mesmo, nada, tendo em vista o custo monumental da iniciativa e a falta de recursos das empresas públicas e privadas.
Engalfinham-se e agridem-se para quê, os poderes da União e os Estados? Lembram os Cavaleiros de Granada descritos por Cervantes: “alta madrugada, brandindo lança e espada, saíram em louca disparada. Para quê? Para nada…”
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ÚLTIMO PRESENTE AO VELHO GUERREIRO
Todo-poderoso interventor no Japão, depois de terminada a Segunda Guerra Mundial, o general Douglas MacArthur recebeu a notícia da invasão da Coréia do Sul pela Coréia do Norte. Comentou com a mulher: “É o último presente do Destino para um velho guerreiro”. Lançou-se em mais uma guerra, que aliás não terminou, demitido que foi pelo presidente Truman, porque queria invadir a China.
A historinha tem sua razão de ser por aplicar-se ao senador José Sarney. Estava posto em sossego, tendo até ocupado interinamente por três dias a presidência da República. Deixará a presidência do Senado em fevereiro e já anunciara a disposição de não concorrer a novo mandato de senador, em 2014.
Pois não é que de repente vê-se no olho do furacão, obrigado a contestar o Supremo Tribunal Federal ao autorizar a pirueta da votação de 3 mil vetos da presidência da República numa única sessão do Congresso, para permitir à maioria parlamentar derrubar ato da presidente Dilma Rousseff? Em nome da afirmação do Legislativo, não hesita em desafiar Executivo e Judiciário.
Apesar das aparências, no fundo é disso que ele gosta: confusão, briga, conflitos institucionais, holofotes e, se possível, a vitória. Mesmo sob o manto da conciliação.
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VEXAME
Do vexame da CPI do Cachoeira, nem há que falar. PSDB, PMDB e PT acertaram-se para que ninguém fosse indiciado, salvando-se todos, entre mortos e feridos. Nem os governadores Marconi Perilo e Agnelo Queirós, nem o empreiteiro Fernando Cavendish, muito menos a empresa Delta.
O relatório final faz as vezes de réquiem para as Comissões Parlamentares de Inquérito. Depois dessa, nunca mais se constituirá outra.
20 de dezembro de 2012
Carlos Chagas
Só rindo, porque brigam a respeito de uma riqueza enterrada no fundo do mar. Quando os municípios sem petróleo receberão os percentuais que reclamam? Por enquanto, no dia em que o Sargento Garcia prender o Zorro. Alguém pode informar como vão os trabalhos de extração no pré-sal? Terá a Petrobrás condições de fixar um prazo, mesmo para daqui a dez ou vinte anos?
O petróleo do pré-sal merece um batismo. Deveria chamar-se “Conceição”, aquela que, se subiu, ninguém sabe, ninguém viu. Vem de outros poços situados no litoral do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo os recursos agora reclamados pelas demais unidades da Federação como se fossem do pré-sal. Lá do fundo, mesmo, nada, tendo em vista o custo monumental da iniciativa e a falta de recursos das empresas públicas e privadas.
Engalfinham-se e agridem-se para quê, os poderes da União e os Estados? Lembram os Cavaleiros de Granada descritos por Cervantes: “alta madrugada, brandindo lança e espada, saíram em louca disparada. Para quê? Para nada…”
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ÚLTIMO PRESENTE AO VELHO GUERREIRO
Todo-poderoso interventor no Japão, depois de terminada a Segunda Guerra Mundial, o general Douglas MacArthur recebeu a notícia da invasão da Coréia do Sul pela Coréia do Norte. Comentou com a mulher: “É o último presente do Destino para um velho guerreiro”. Lançou-se em mais uma guerra, que aliás não terminou, demitido que foi pelo presidente Truman, porque queria invadir a China.
A historinha tem sua razão de ser por aplicar-se ao senador José Sarney. Estava posto em sossego, tendo até ocupado interinamente por três dias a presidência da República. Deixará a presidência do Senado em fevereiro e já anunciara a disposição de não concorrer a novo mandato de senador, em 2014.
Pois não é que de repente vê-se no olho do furacão, obrigado a contestar o Supremo Tribunal Federal ao autorizar a pirueta da votação de 3 mil vetos da presidência da República numa única sessão do Congresso, para permitir à maioria parlamentar derrubar ato da presidente Dilma Rousseff? Em nome da afirmação do Legislativo, não hesita em desafiar Executivo e Judiciário.
Apesar das aparências, no fundo é disso que ele gosta: confusão, briga, conflitos institucionais, holofotes e, se possível, a vitória. Mesmo sob o manto da conciliação.
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VEXAME
Do vexame da CPI do Cachoeira, nem há que falar. PSDB, PMDB e PT acertaram-se para que ninguém fosse indiciado, salvando-se todos, entre mortos e feridos. Nem os governadores Marconi Perilo e Agnelo Queirós, nem o empreiteiro Fernando Cavendish, muito menos a empresa Delta.
O relatório final faz as vezes de réquiem para as Comissões Parlamentares de Inquérito. Depois dessa, nunca mais se constituirá outra.
20 de dezembro de 2012
Carlos Chagas
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