É pagar caro ou correr o risco de apagão. OU : Paga ou apaga
Enquanto a presidente Dilma promete baratear a conta de luz, o dirigente do ONS — órgão que coordena o setor elétrico no país —,Hermes Fonseca, faz um alerta. Segundo ele, se não houver aumento nas tarifas de energia, o Brasil terá de conviver com novos apagões.
E por muito tempo. Dirigente do órgão que coordena o sistema elétrico diz que, para evitar apagões, seria preciso aumentar as contas de luz
Os brasileiros terão que conviver por um longo tempo com o risco de novos apagões no fornecimento de energia, de acordo com o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. Segundo ele, a solução para os constantes blecautes que têm afetado grandes áreas do país passa pela construção de um conjunto de novas linhas de transmissão.
Os brasileiros terão que conviver por um longo tempo com o risco de novos apagões no fornecimento de energia, de acordo com o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. Segundo ele, a solução para os constantes blecautes que têm afetado grandes áreas do país passa pela construção de um conjunto de novas linhas de transmissão.
Porém, o governo não tem como autorizar as obras no ritmo necessário porque a conta de luz subiria "assustadoramente".
"É preciso haver equilíbrio entre a segurança do sistema e os custos dos investimentos. Os projetos não podem ser feitos todos ao mesmo tempo porque a tarifa iria lá para cima. Por isso, temos de correr risco em alguns lugares", disse Chipp, ao chegar, ontem, ao Ministério de Minas e Energia para participar de reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
O alerta do diretor do ONS, que é órgão responsável por coordenar e controlar as operações do setor, não é novidade para os especialistas. De acordo com Luiz Vicente Gentil, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), as sucessivas falhas nos últimos anos evidenciam a fragilidade da malha nacional de transmissão de energia.
"É preciso haver equilíbrio entre a segurança do sistema e os custos dos investimentos. Os projetos não podem ser feitos todos ao mesmo tempo porque a tarifa iria lá para cima. Por isso, temos de correr risco em alguns lugares", disse Chipp, ao chegar, ontem, ao Ministério de Minas e Energia para participar de reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
O alerta do diretor do ONS, que é órgão responsável por coordenar e controlar as operações do setor, não é novidade para os especialistas. De acordo com Luiz Vicente Gentil, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), as sucessivas falhas nos últimos anos evidenciam a fragilidade da malha nacional de transmissão de energia.
"Temos uma rede de 103 mil quilômetros que, em muitos pontos, é vulnerável a ocorrências como raios e queimadas", disse ele ao Correio.
Além disso, segundo Gentil, o crescimento da demanda não tem sido acompanhado pelos investimentos necessários na expansão e na melhoria do sistema. Se nada for feito, advertiu, o país pode repetir a crise de 2001, quando o governo se viu obrigado a impor um racionamento para evitar que o segmento entrasse em colapso.
Apenas nos últimos três meses, o ONS registrou seis grandes apagões. Em 25 de outubro, 50 milhões de pessoas ficaram sem luz por várias horas em 11 estados do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. O mais recente aconteceu no último sábado, quando uma falha num subestação de Furnas em Itumbiara (GO) retirou 8,8 mil megawatts (MW) do sistema e deixou no escuro, por quase uma hora, parte da população de 12 estados, entre eles Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. A causa do problema ainda não foi identificada, mas Chipp negou que tenha havido falta de manutenção de equipamentos da rede elétrica. Ele admitiu, no entanto, que "algumas subestações não têm a configuração mais adequada" para a atual realidade da demanda por energia. E lembrou que o governo já determinou uma varredura em todo o sistema nacional de transmissão para identificar os pontos mais críticos. InvestimentosAlém de colocar o consumidor diante do dilema de pagar mais pela energia ou conviver com os blecautes, as declarações de Hermes Chipp lançaram dúvidas sobre o acerto da estratégia colocada em marcha pelo governo para obter uma redução média de 20% nas contas de luz, a partir de fevereiro.Para conseguir esse objetivo, a presidente Dilma Rousseff baixou em setembro a Medida Provisória 579, que ofereceu às empresas de energia com concessões a vencer entre 2015 e 2017 a possibilidade de antecipar a renovação dos contratos por um prazo de 30 anos.
Em troca da prorrogação, as empresas tiveram que aceitar uma redução de até 70% nas receitas, o que, para muitos especialistas, pode comprometer a capacidade de investimento de geradoras e transmissoras exatamente no momento em que eles são mais necessários, diante da insegurança apresentada pelo sistema elétrico.
Ontem, a MP foi aprovada pelo Senado, depois de ter passado pela Câmara dos Deputados, praticamente sem alterações. O texto vai agora para a sanção da presidente, que tem o caminho aberto para reduzir as tarifas.Chipp, no entanto, avaliou que a MP não prejudicará os investimentos. Todas as transmissoras afetadas aceitaram a proposta do governo, depois que o Planalto se comprometeu a pagar a elas uma indenização de cerca de R$ 23 bilhões pelos ativos ainda não amortizados.
O problema, de acordo com o diretor-geral do ONS, é que os leilões feitos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para contratar a construção de novas linhas de transmissão não estão atendendo as necessidades do setor. "Você vê leilão para oito, nove linhas. Mas os relatórios de planejamento do ONS recomendam que é preciso muito mais", disse Chipp. "Porém, não é possível fazer tudo de uma vez só, senão a tarifa vai lá para cima", reiterou.
Se o país tivesse uma rede mais extensa de linhas de transmissão, o risco de apagões diminuiria porque haveria mais canais por onde a energia poderia escoar, explicou o executivo. Desse modo, em caso de falha em uma determinada linha, outras poderiam garantir a continuidade do fornecimento. Ele observou ainda que, embora o país esteja construindo usinas que produzirão energia mais barata, como a de Belo Monte, no Pará, os projetos ficam muito distantes dos grandes centros consumidores, exigindo linhas de transmissão muito longas, que, consequentemente, têm maior risco.
» 4,5 mil km em leilão
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) habilitou 15 proponentes, sendo seis consórcios, para o leilão de transmissão de energia que ocorre nesta quarta-feira. Serão licitadas linhas do denominado "Pré-Belo Monte", sistemas que darão suporte ao escoamento da energia da usina localizada no Pará.
Além disso, segundo Gentil, o crescimento da demanda não tem sido acompanhado pelos investimentos necessários na expansão e na melhoria do sistema. Se nada for feito, advertiu, o país pode repetir a crise de 2001, quando o governo se viu obrigado a impor um racionamento para evitar que o segmento entrasse em colapso.
Apenas nos últimos três meses, o ONS registrou seis grandes apagões. Em 25 de outubro, 50 milhões de pessoas ficaram sem luz por várias horas em 11 estados do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. O mais recente aconteceu no último sábado, quando uma falha num subestação de Furnas em Itumbiara (GO) retirou 8,8 mil megawatts (MW) do sistema e deixou no escuro, por quase uma hora, parte da população de 12 estados, entre eles Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. A causa do problema ainda não foi identificada, mas Chipp negou que tenha havido falta de manutenção de equipamentos da rede elétrica. Ele admitiu, no entanto, que "algumas subestações não têm a configuração mais adequada" para a atual realidade da demanda por energia. E lembrou que o governo já determinou uma varredura em todo o sistema nacional de transmissão para identificar os pontos mais críticos. InvestimentosAlém de colocar o consumidor diante do dilema de pagar mais pela energia ou conviver com os blecautes, as declarações de Hermes Chipp lançaram dúvidas sobre o acerto da estratégia colocada em marcha pelo governo para obter uma redução média de 20% nas contas de luz, a partir de fevereiro.Para conseguir esse objetivo, a presidente Dilma Rousseff baixou em setembro a Medida Provisória 579, que ofereceu às empresas de energia com concessões a vencer entre 2015 e 2017 a possibilidade de antecipar a renovação dos contratos por um prazo de 30 anos.
Em troca da prorrogação, as empresas tiveram que aceitar uma redução de até 70% nas receitas, o que, para muitos especialistas, pode comprometer a capacidade de investimento de geradoras e transmissoras exatamente no momento em que eles são mais necessários, diante da insegurança apresentada pelo sistema elétrico.
Ontem, a MP foi aprovada pelo Senado, depois de ter passado pela Câmara dos Deputados, praticamente sem alterações. O texto vai agora para a sanção da presidente, que tem o caminho aberto para reduzir as tarifas.Chipp, no entanto, avaliou que a MP não prejudicará os investimentos. Todas as transmissoras afetadas aceitaram a proposta do governo, depois que o Planalto se comprometeu a pagar a elas uma indenização de cerca de R$ 23 bilhões pelos ativos ainda não amortizados.
O problema, de acordo com o diretor-geral do ONS, é que os leilões feitos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para contratar a construção de novas linhas de transmissão não estão atendendo as necessidades do setor. "Você vê leilão para oito, nove linhas. Mas os relatórios de planejamento do ONS recomendam que é preciso muito mais", disse Chipp. "Porém, não é possível fazer tudo de uma vez só, senão a tarifa vai lá para cima", reiterou.
Se o país tivesse uma rede mais extensa de linhas de transmissão, o risco de apagões diminuiria porque haveria mais canais por onde a energia poderia escoar, explicou o executivo. Desse modo, em caso de falha em uma determinada linha, outras poderiam garantir a continuidade do fornecimento. Ele observou ainda que, embora o país esteja construindo usinas que produzirão energia mais barata, como a de Belo Monte, no Pará, os projetos ficam muito distantes dos grandes centros consumidores, exigindo linhas de transmissão muito longas, que, consequentemente, têm maior risco.
» 4,5 mil km em leilão
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) habilitou 15 proponentes, sendo seis consórcios, para o leilão de transmissão de energia que ocorre nesta quarta-feira. Serão licitadas linhas do denominado "Pré-Belo Monte", sistemas que darão suporte ao escoamento da energia da usina localizada no Pará.
O leilão contará com oito lotes, no total de 4.445km, e 1.940 megavolt-amperes (MVA) de potência em subestações — instalações localizadas em 11 estados, que vão demandar investimentos de cerca de R$ 4,3 bilhões. Entre as empresas habilitadas para participar individualmente, estão Copel, CPFL, Abengoa, Alupar, Cobra Instalaciones, Cimy Holding, Elecnor, Sistema de Transmissão Nordeste e Taesa, essa última do grupo Cemig.
As empresas da Eletrobras também estão presentes entre as habilitadas, mas formando consórcios com outras companhias.
Correio Braziliense
19 de dezembro de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário