"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

RENDA MÉDIA REAL MENSAL DOS MAIS POBRES CAI DE R$ 134,00 PARA R$ 101,00

Renda de 8,4 mi de brasileiros caiu em 10 anos, aponta IBGE. Na parcela dos 10% mais pobres, o valor do rendimento médio real mensal saiu de R$ 134 para R$ 101, uma perda de 24,6%

Agência Estado
Embora haja uma tendência em curso de desconcentração da renda no País, em 2010, os 10% dos brasileiros com menor rendimento receberam menos do que em 2000, segundo dados do Censo Demográfico, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os 84 milhões de pessoas com algum rendimento, os 8,4 milhões que receberam menor rendimento mensal diminuíram sua participação na massa de rendimentos do País, de 1,1% em 2000 para 0,8% em 2010.

O valor do rendimento médio real mensal saiu de R$ 134 para R$ 101, uma perda de 24,6%. Segundo o IBGE, não houve como identificar na pesquisa a causa do fenômeno. "São rendimentos muito baixos, e a gente não sabe quem são os que recebem esses rendimentos", explicou Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Por outro lado, diminuiu também a fatia de renda concentrada nas mãos dos 10% que receberam mais, de 51,3% em 2000 para 48,8% em 2010. Mas o valor do rendimento médio real mensal nessa faixa de renda subiu no período, de R$ R$ 6.433 para R$ 6.541, um aumento de 1,7%.

Entre os rendimentos obtidos apenas do trabalho, os 10% dos ocupados melhor remunerados diminuíram sua participação na renda, enquanto os 10% pior remunerados aumentaram. "Houve redução na concentração de renda", apontou Vandeli Guerra, técnica do IBGE.

Desigualdade

No entanto, os dados do Censo mostram que a concentração de renda no País permanece enorme. Em 2010, os 10% trabalhadores melhor remunerados ficaram com 45,3% de todos os rendimentos, enquanto os 10% ocupados com menor renda responderam por uma fatia de apenas 1,3% dos rendimentos do País. Em 2000, os 10% que recebiam mais detinham 50,5% da renda, enquanto os 10% que recebiam menos totalizavam juntos apenas 1,0% da renda.

O Distrito Federal liderou o ranking de concentração de renda em 2010. O Índice de Gini da distribuição de rendimento mensal da região foi de 0,634, resultado ainda maior do que o registrado em 2000, quando era de 0,630, um aumento de 0,6%. O indicador é usado para medir o nível de desigualdade. Quanto mais próximo de 0, menor é a desigualdade. Quanto mais próximo de 1, maior é a concentração de renda.

O Censo mostrou ainda que houve aumento na concentração de renda de Roraima (de 0,569 em 2000 para 0,579 em 2010, alta de 1,8%) e Amazonas (de 0,592 para 0,598, aumento de 1%) no período. Nas demais unidades da federação, houve redução na desigualdade de renda.

Na média nacional, o Índice de Gini diminuiu de 0,611 para 0,575, um recuo de 5,9%, graças a resultados como o de Santa Catarina, Estado com menor concentração de renda no País, que reduziu o nível de desigualdade de 0,568 em 2000 para 0,497 em 2010, uma queda de 12,5%.

19 de dezembro de 2012
 

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