Resta, agora, saber se, ao fim da apuração, alguém vai para a cadeia! Ou: Quem privatizou a Petrobras mesmo?
É do balacobaco!
Desde que Sérgio Gabrielli, o buliçoso ex-presidente da
Petrobras, deixou a empresa, os esqueletos não param de pular do armário.
A
presidente Dilma Rousseff o pôs para correr. Ele se alojou na Secretaria de
Planejamento da Bahia e é tido como o provável candidato do PT à sucessão de
Jaques Wagner.
Dilma, é verdade, nunca gostou dele, desde quando era ministra. A
questão pessoal importa menos.
Depois de ler o que segue, é preciso responder
outra coisa: o que ela pretende fazer com as lambanças perpetradas na Petrobras
na gestão Gabrielli?
Uma delas, apenas uma, abriu um rombo na empresa que passa
de UM BILHÃO DE DÓLARES. Conto os passos da impressionante reportagem de Malu
Gaspar na VEJA desta semana. Prestem atenção!
1: Em janeiro de 2005, a
empresa belga Astra Oil comprou uma refinaria americana chamada
Pasadena Refining System Inc. por irrisórios US$ 42,5
milhões. Por que tão barata? Porque era considerada ultrapassada e
pequena para os padrões americanos.
2: ATENÇÃO PARA A MÁGICA – No ano
seguinte, com aquele mico na mão, os belgas encontraram pela frente a
generosidade brasileira e venderam 50% das ações para a Petrobras. Sabem por
quanto? Por US$ 360 milhões! Vocês entenderam direitinho:
aquilo que os belgas haviam comprado por US$ 22,5 milhões (a metade da refinaria
velha) foi repassado aos “brasileiros bonzinhos” por US$ 360 milhões.
1500% de valorização em um aninho. A Astra sabia que não é todo
dia que se encontram brasileiros tão generosos pela frente e comemorou:
“Foi um triunfo financeiro acima de qualquer expectativa
razoável”.
3 – Um dado importante: o homem
dos belgas que negociou com a Petrobras é Alberto Feilhaber, um
brasileiro. Que bom! Mais do que isso: ele havia sido funcionário da Petrobras
por 20 anos e se transferiu para o escritório da Astra nos EUA. Quem preparou o
papelório para o negócio foi Nestor Cerveró, à frente da área
internacional da Petrobras. Veja viu a documentação. Fica evidente o objetivo de
privilegiar os belgas em detrimento dos interesses brasileiros. Cerveró
é agora diretor financeiro da BR Distribuidora.
Calma! O escândalo mal
começou
Se você acha que o que aconteceu até agora já dá cadeia, é porque ainda não sabe do resto.
4 – A Pasadena Refining System
Inc., cuja metade a Petrobras comprou dos belgas a preço de ouro, vejam vocês!,
não tinha capacidade para refinar o petróleo brasileiro, considerado pesado.
Para tanto, seria preciso um investimento de mais US$ 1,5
bilhão! Belgas e brasileiros dividiriam a conta, a menos
que…
5 – … a menos que se
desentendessem! Nesse caso, a Petrobras se comprometia a comprar a
metade dos belgas — aos quais havia prometido uma remuneração de 6,9%
ao ano, mesmo em um cenário de prejuízo!!!
6 – E não é que o desentendimento
aconteceu??? Sem acordo, os belgas decidiram executar o contrato e pediram pela
sua parte, prestem atenção, outros US$ 700 milhões.
Ulalá! Isso foi em 2008. Lembrem-se que a estrovenga inteira
lhes havia custado apenas US$ 45 milhões! Já haviam passado metade do mico
adiante por US$ 360 milhões e pediam mais US$ 700 milhões pela outra. Não é todo
dia que aparecem ou otários ou malandros, certo?
7 – É aí que entra a então
ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, então presidente
do Conselho de Administração da Petrobras. Ela acusou o absurdo da operação e
deu uma esculhambada em Gabrielli numa reunião. DEPOIS NUNCA MAIS TOCOU
NO ASSUNTO.
8 – A Petrobras se negou a pagar,
e os belgas foram à Justiça americana, que leva a sério a máxima do “pacta sunt
servanda”. Execute-se o contrato. A Petrobras teve de pagar,
sim, em junho deste ano, não mais US$ 700 milhões, mas US$ 839
milhões!!!
9 – Depois de tomar na cabeça, a
Petrobras decidiu se livrar de uma refinaria velha, que, ademais, não serve para
processar o petróleo brasileiro. Foi ao mercado. Recebeu uma única proposta, da
multinacional americana Valero. O grupo topa pagar pela sucata toda US$
180 milhões.
10 – Isto mesmo: a Petrobras
comprou metade da Pasadena em 2006 por US$ 365 milhões; foi
obrigada pela Justiça a ficar com a outra metade por US$ 839
milhões e, agora, se quiser se livrar do prejuízo operacional
continuado, terá de se contentar com US$ 180 milhões. Trata-se
de um dos milagres da gestão Gabrielli: como transformar US$ 1,199 bilhão em US$
180 milhões; como reduzir um investimento à sua (quase) sétima
parte.
11 – Graça Foster, a atual
presidente, não sabe o que fazer. Se realizar o negócio, e só tem uma proposta,
terá de incorporar um espeto de mais de US$ 1
bilhão.
12 – Diz o procurador do TCU
Marinus Marsico: “Tudo indica que a Petrobras fez concessões atípicas à
Astra. Isso aconteceu em pleno ano eleitoral”.
13 – Dilma, reitero,
botou Gabrielli pra correr. Mas nunca mais tocou no assunto.
EncerroDurante a campanha eleitoral
de 2010, o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, fez propaganda
de modo explícito, despudorado. Chegou a afirmar, o que é mentira descarada, que
o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante a sua gestão, tinha planos de
privatizar a Petrobras.
Leram o que vai acima? Agora respondam: quem privatizou a
Petrobras? E noto, meus caros: empresas privadas não são tratadas desse modo
porque seus donos ou acionistas não permitem. A Petrobras, como fica claro, foi
privatizada, sim, mas por um partido. Por isso, foi tratada como se fosse terra
de ninguém.
15 de dezembro de 2012
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