Exclusivo – A Polícia Federal investiga como ocorreu e quem foram os grandes beneficiários de uma meganegociata de R$ 17 milhões para concessão de franquias da estatal Correios. O escândalo é um dos muitos que ainda não entrou, por falta de provas mais concretas e completas, no inquérito da Operação Porto Seguro.
O caso, que envolve Rosemary Nóvoa Noronha, Paulo Rodrigues Vieira e altos cardeais da seita petralha, faz parte da segunda fase de investigações da Polícia Federal. Se vai avançar ou será providencialmente abafado e arquivado vai depender da vontade de quem manda na conjuntira política e econômica. A operação abafa segue em ritmo tão acelerado quanto o futuro processo.
A investigação tem tudo para avançar porque o Ministério Público Federal denunciou um personagem que até antão não tinha sido indiciado pela PF. O vice-presidente jurídico dos Correios, Jefferson Carús Guedes, é agora suspeito de crime de corrupção passiva. Guedes afastou-se do cargo há duas semanas para que seja feita uma auditoria interna do caso.
Essa armação milionária é uma das que Paulo Vieira terá de revelar se conseguir o benefício da delação premiada. Por enquanto, Vieira encena, nos bastidores, que tem provas para denunciar “gente graúda” – bem acima dele, o que pode ser interpretado como um recado para Rosemary e seus amigos Lula da Silva e José Dirceu. Mas a procuradora federal Suzana Fairbanks já deixou claro ao novo advogado de Vieira, Michel Darré, que o benefício só será concedido se Vieira trouxer informações e provas sobre “pessoas novas” que participaram dos esquemas.
O Rosegate é uma fossa abissal. Vieira terá de explicar, por exemplo, a grave denúncia revelada pela revista Época deste final de semana. Vazou da Polícia Federal o teor da gravação de uma conversa de 11 minutos entre Rose e Vieira, na manhã de 12 de novembro. A dupla discutiu um plano secreto, articulado por Vieira, em Brasília, para tumultuar o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal. A jogada envolvia Rose, que deveria articular o apoio de José Dirceu (JD), também em parceria com o ex-senador Gilberto Miranda. Na conversa telefônica, interceptada legalmente no gabinete da Presidência da República em São Paulo, Vieira e Rose se referiram até a “Deus” (que a PF interpreta ser um codinome para Luiz Inácio Lula da Silva).
Pela conversa, Paulo Vieira, Gilberto Miranda e o deputado Valdemar Costa Neto (condenado no mensalão e prestes a perder o mandato) queriam o apoio de Dirceu para uma ação de bastidores que pressionaria os ministros do Supremo a mudar votos, aliviar nas penas ou acatar futuros recursos dos advogados dos réus. No papo, ficou claro que a quadrilha até articulava um jogo de pressão sobre a presidenta Dilma Rousseff para que fosse indicar um aliado deles para o Supremo Tribunal Federal, na vaga aberta por Carlos Ayres Britto. Ao que tudo indica, o plano de Vieira agora se transformou num daqueles planos infantis, elaborados pelo Cebolinha contra a Mônica, que acabam sempre dando errado.
O certo é que ontem o Ministério Público Federal denunciou 24 pessoas, por formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica e tráfico de influência, depois de ter provas concretas do envolvimento delas no esquema de elaboração de pareceres fraudulentos de órgãos públicos para beneficiar interesses privados. Como destaque dos autos, o MPF e a Polícia Federal identificaram 27 situações nas quais Rosemary pede, cobra ou recebe favores de Vieira, que teria pedido outros 15 “favores” a ela. Para alívio momentâneo do PT, o inquérito só não prova que Rose agia orientada por Lula e Dirceu, ou em nome de ambos.
Nas conversas interceptadas no gabinete paralelo da presidência em SP, a PF interceptou ligações em que Rosemary trata Lula pelo codinome de “PR” (Presidente da República, e José Dirceu pela sigla “JD”. Na revelação feita pela revista Época, na conversa entre Rose e Veira, surge a expressão “Deus” (que também seria uma referência ao chefe onisciente, onipotente e onipresente Luiz Inácio Lula da Silva). Como de costume – a exemplo do que ocorreu Mensalão -, Lula ainda é poupado. Mas como o inquérito da PF prossegue, com novas investigações e riscos de delações premiadas, o quadro de inércia em relação a Lula pode sofrer uma mudança radical.
“Deus” no meio
Na conversa de 11 minutos divulgada pela Época, Vieira fala para Rose:
– Eu não sabia que o JD (Dirceu) tava dando esse peso todo para o Giba (Gilberto Miranda), não. Mas eu continuo apostando que o melhor peso que tem é o… Deus, viu.
Rose responde:
– É, mas ele não vai fazer absolutamente nada.
E Vieira reage:
– Você está achando que Deus não está a fim de…
No que Rose defende “Deus”:
– Não! Eu acho que não está a fim, não.
No que Vieira debocha:
– É! Às vezes ele tem medo de arrumar confusão, né, Rose?
Palavra do inimigo
Frase solta por um megaempresário baiano, cujo pai foi vítima de traição cometida por Paulo Veira no passado:
“O Brasil e uma delicatessen para poucos corruptos”.
Agora, o cara que tem ódio de Vieira espera saborear o prato frio da vingança...
Releia a
matéria: Empresas cancelam palestras com Lula que agora teme revelações e
dossiês de Valério, Cachoeira e Vieira
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
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15 de dezembro de 2012
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
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