Cuba aguarda com apreensão as notícias sobre a saúde de Chávez
HAVANA — Se até agora o governo cubano respirava tranquilamente com a vitória de Hugo Chávez nas últimas eleições presidenciais, em outubro, o agravamento da saúde do líder da Venezuela - principal aliado político e parceiro comercial de Havana - traz de volta ao país o fantasma dos difíceis anos 90, quando a economia da ilha entrou em colapso após o fim da ajuda soviética.
Os riscos que a morte de Chávez poderia trazer são enormes, não apenas para a liderança do país que tem as maiores reservas de petróleo do mundo, mas também para os aliados da América Latina e do Caribe que dependem dos generosos subsídios de petróleo de Chávez e de outros auxílios.
O governo comunista do presidente Raúl Castro, em Cuba, está especialmente vulnerável, em razão de sua dependência dos mais de 100 mil barris de petróleo por dia da Venezuela. Para o economista e dissidente cubano Oscar Espinosa Chepe, a Venezuela é hoje o que a União Soviética foi para Cuba naquela década.
- A diferença é que se a ajuda venezuelana terminar agora, as consequências seriam mais devastadoras, já que a infraestrutura cubana está em piores condições hoje - afirmou em entrevista à agência AFP.
- Como Cuba poderia pagar, nos valores do mercado internacional, os 100 mil barris de petróleo que importa da Venezuela?
Para o ex-preso político Arnaldo Ramos Lauzurique, uma possível morte de Chávez não necessariamente se traduziria num colapso imediato do regime cubano, mas o país terá de tomar medidas mais agressivas.
- Sem Chávez, a situação em Cuba se tornará mais desesperada, mas não sei se isso pode levar à derrocada do regime cubano imediatamente. Sei que eles terão que responder com medidas mais repressivas, como vem acontecendo nos últimos dias, com as Damas de Branco e com outros adversários em toda a ilha - disse o economista ao site cubano martinoticias.com.
Na madrugada de segunda-feira, após anunciar a reincidência de um câncer e uma nova cirurgia em Cuba, Chávez foi recebido no aeroporto em Havana pelo presidente Raúl Castro e pelo chanceler cubano, Bruno Rodríguez Parrilla.
15 de dezembro de 2012
O Globo
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