"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 15 de dezembro de 2012

"ACEITE O CONVITE, FHC!"


Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência. Descobrimos que tal coisa existe. Soubemos também que Jilmar Tatto (não é erro meu o Jilmar com J; é dos pais do deputado) faz parte da ‘ comissão. Por iniciativa de Jilmar, a Comissão de Afronta à Inteligência resolveu CONVIDAR o presidente Fernando Henrique para um depoimento.

Ninguém esperava tal honraria: FHC foi convidado a falar sobre a “Lista de Furnas”. Levando-se em conta o ódio devotado pelos lulopetistas ao ex-presidente, chamá-lo para tratar de tal assunto é uma imensa homenagem.
Nada acharam além da famigerada lista. Não acharam porque não há.

A “lista de Furnas”, origem de denúncias formuladas por que deu origem a denúncias de uma procuradora do Ministério Público Federal, foi considerada inconsistente pela Justiça.
Uma segunda tentativa teve o mesmo destino.
O Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, em laudo de 2006, constatou que o “documento” fora grosseiramente falsificado.
Nem chegou a ser apresentado à Polícia Federal ou à Justiça. Foi forjado para amparar a tentativa de chantagem contra os opositores do lulopetismo.
Em nenhum momento FHC aparece nessa pantomina criminosa.


O autor do documento se chama Nílton Monteiro. Pertence a ele o computador em que foram encontradas numerosas assinaturas digitais e papéis timbrados de diversos órgãos do Executivo e do Judiciário.

Nilton Antônio Monteiro, 55 anos, é parte, como réu ou autor, em cerca de 80 processos em curso na Justiça de Minas Gerais, nas varas cíveis e criminais, em primeira e segunda instâncias, em diversas comarcas mineiras como Belo Horizonte, Abre Campo, Betim, Carangola, e em outros estados, como o Rio de Janeiro e o Espírito Santo.

Nilton Monteiro e a sua cúmplice Maria Maciel de Souza estão presos por ordem judicial pela falsificação das assinaturas do advogado Carlos Felipe Amodeo, já falecido, em uma nota promissória no valor de R$ 3 milhões. Seria só uma ação. Mas há mais.

Durante as investigações, a Polícia Federal (que está de posse do computador-mãe-de-todas-as-fraudes) reuniu provas materiais robustas de falsificação de vários documentos, como procurações, notas promissórias, contratos de confissão de dívida e de transferência e cessão de direitos e obrigações, documentos públicos judiciais, recibos, entre outros.

Dados preliminares destas investigações também apontam transações suspeitas com títulos do Tesouro Nacional de mais de um bilhão de reais. E mais de R$ 300.000.000,00 de “confissões de dívidas”, até de gente que “assinou” as confissões depois de morta.

Pois é essa lista produzida por um estelionatário que levou Jilmar Tatto a propor o convite a FHC.
Peço ao ex-presidente que ACEITE o convite. Sabemos que nada há a esclarecer, nenhuma explicação a dar. ser dito. Se for esta a “acusação” de “malfeito” que leva FHC a uma Comissão Mista do Congresso, haveria mais alguém que deveria depor?

Creio mesmo que FHC poderia reivindicar a convocação do estelionatário Nilton Monteiro. Nada mais justo que ouvir TODOS os lados.

O início do resgate da cidadania, proporcionado pelo julgamento do mensalão, daria mais um passo rumo à consolidação. E ninguém poderia rejeitar a aprovação de um convite para que Lula fosse convidado a falar sobre mensalão, Rose, negócios do Lulinha, crime de Santo André, Roberto Teixeira (o compadre que o presenteou com um apartamento), entre tantos outros assuntos.

E não haveria por que desprezar a oitiva de Rose e Valério. Estão em pé de igualdade com o presidiário Nílton, autor da famosa “lista”.

FHC prestaria mais um serviço à consolidação da cidadania e ao resgate de decência perdida nestes últimos dez anos.

Sei que é um sacrifício. Sei que é uma vendetta vulgar, como é vulgar o pai da ideia.
Mas o depoimento anularia quaisquer desculpas para blindagens.

ACEITE, FHC!

Pela comparação inevitável, para que oposição de verdade se instale, para que o Brasil decente possa ouvi-lo com o orgulho de sempre.
ACEITE O CONVITE, presidente Fernando Henrique Cardoso.

15 de dezembro de 2012
REYNALDO ROCHA

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