"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 2 de dezembro de 2012

LÁ NA TERRA DE ONDE EU VENHO UMA AMIGA COMO ROSE TEM DUAS LETRAS A MAIS


 

 
Amante, segundo o Aurélio, é a palavra que se aplica a “pessoa que tem com outra relações extramatrimoniais”.
 
O dicionário autoriza o uso dos sinônimos amásia, concubina e amiga. Assaltada por um surto de pudicícia, a imprensa escolheu a terceira opção para referir-se a Rosemary Noronha.
 
Depois da reportagem publicada pela Folha neste sábado,complementada brilhantemente por Reinaldo Azevedo, os jornalistas podem dispensar-se de cautelas farisaicas e contar o que muitos sabem desde o século passado: Rose é mais que amiga de Lula. É amante.
Lá na terra de onde eu venho ninguém confunde amizade com amigação. Em Taquaritinga, todo lula-com-rose — seja ele o prefeito ou o mais humilde eleitor — não tem uma amiga: tem amigada. As duas letras a mais eliminam quaisquer dúvidas adubadas por ambiguidades.
Não, não estou invadindo a privacidade do ex-presidente. Só invocam esse argumento messalinas fantasiadas de vestais. O modo de agir dos integrantes da quadrilha desbaratada pela Operação Porto Seguro reafirma que foi o casal que removeu a fronteira entre o público e o privado.
Ele por garantir a vida mansa de Rose com o dinheiro dos pagadores de impostos. Ela por transformar uma relação íntima em gazua a serviço de assaltantes de cofres públicos.
O noticiário sobre o escândalo da vez, que está apenas em seu começo, precisa substituir imediatamente esse “amiga” pela expressão correta. Amigada, admito, soa um tanto vulgar. “Amásia” lembra manchete de jornal de antigamente. “Concubina” é adereço de monarquias. Fiquemos com a velha e boa “amante”.
Como os seus sinônimos, “amante” tem numerosas contra-indicações e os efeitos colaterais podem ser devastadores. Mas é a palavra certa. E o primeiro mandamento do jornalismo ordena que se conte a verdade.
 
PS: Reproduzo e endosso o recado de Reinaldo Azevedo aos leitores:
 
“Não deixem que a sordidez da história contamine os comentários. Há sempre o risco de se ultrapassar a linha do decoro em temas assim. Façam o que Lula não fez”.

*****
PS: Sem eufemismo. Até que enfim, estamos lendo matéria jornalística real, sem disfarçar o conteúdo por meio de expressões que suavizam toda essa bandidagem.
Ladrão é ladrão, amante do ladrão é amante e ladra. Por razões explícitas contadas diariamente sobre os ROUBOS efetuados pela quadrilha, é que, o nosso país está ficando na miséria sem dinheiro para todos os benefícios sociais. Bandidos!! Cadê a Cadeia? MOVCC/Gabriela
 
02 de dezembro de 2012
Por Augusto Nunes - Veja Online
 

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