Certamente, nas escolas públicas não há somente negros. Como, também, nas escolas particulares, não há apenas brancos. Mas visitemos as escolas mais caras do Brasil e as escolas públicas, visitemos uma favela e um condomínio de luxo, e uma situação análoga ocorrerá.
Já trabalhei em escolas particulares do Rio, nas quais, dentro de sala de aula lecionei em turmas que não contavam com um (eu disse um) aluno negro. E digo mais, em escolas de elite, jamais tive quatro alunos negros, em turmas que contavam com 30 estudantes. Tal situação persiste e desafio-os a encontrar uma escola de elite diferente.
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POLITICAGEM
Infelizmente, o ensino público é vítima da politicagem. Os governos, interessados em índices, pressionam professores a aprovarem alunos a quaisquer custos. Entopem as salas de aula com 50, 55 alunos. Ou seja, um professor que ministre aulas a oito turmas, conta com cerca de 420 alunos. Se este professor “passar” deveres de casa, duas vezes na semana, deverá corrigir 840 tarefas, ou seja, mais de 3.200 tarefas ao mês. E o tempo para ler, reciclar, fazer uma pós-graduação, como fica?
O grande drama das escolas públicas é que elas são verdadeiras potencialidades que, simplesmente, não se concretizam. Têm os melhores professores, pois ninguém lá pediu emprego ou chegou à instituição pela indicação de colegas. Quem chegou lá foi através de concurso público. E digo mais, muitos professores de escolas tradicionais tentam passar nestes concursos e não conseguem.
Garanto, também, que o número de professores mestres e doutores nas escolas públicas é muito maior do que nas particulares. Porém, infelizmente, estes professores são castrados pela politicagem. Sobre tudo isto que eu disse aqui, desafio qualquer um a visitar tais instituições e pesquisar.
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FALÁCIA
Muitos falam das escolas particulares como instituições de excelência. Pura falácia. As de elite, principalmente as católicas, verdadeiramente são. Entretanto, grande parte delas não passam de verdadeiros engodos. Os professores são obrigados a aprovar os “clientes” – afinal, cliente insatisfeito muda de estabelecimento.
Não posso aqui dizer o nome de certas instituições, mas já trabalhei em algumas que recebiam alunos reprovados de outras escolas, faziam um “exame de proficiência” e simplesmente aprovavam o cliente. Tudo para aumentar a receita.
Toda a indignação é justa, pois gera reflexão. Mas só peço uma coisa, saiam a campo e verifiquem. Aprofundem as questões tratadas.
02 de dezembro de 2012
Walter Martins
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