Todos os partidos tem ou podem ter membros corruptos? Sim, claro. Mas é espantosa a recusa do PT em expulsar os seus e, mais ainda, a promoção dos indiciados e condenados (seja à direção partidária ou ao status de “heróis”, vai da oportunidade).
Agora, é a vez de Rosemary Nóvoa, ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo.
Pra começo de conversa, trata-se de alguém do primeiríssimo escalão, com histórico de assessoria a grandes lideranças (12 anos com Dirceu e outros tantos com Lula). Além disso, segundo grampos realizados pela polícia, ela fazia indicações para cargos em agências reguladoras e até mesmo para o plano de governo de Haddad.
Os militantes mais empedernidos, pagos ou não, e especialmente os atuantes na web, não sabem mais como defender o partido. A tática do silêncio às vezes funciona, mas o “migué” só é eficiente quando aplicado de vez em quando. A tese de que chefe “não sabia” é outra que não faz sentido quando empregada mais de 10 vezes.
Parece que a justificativa atual é a de que o governo demite de uma vez, tal e coisa, então é bacana. Bobagem. A exoneração seria praticamente obrigatória, como foram as de Dirceu, Palocci e tantos outros. Governo é governo, partido é partido. SÓ FALTAVA MESMO manter no cargo público (que é público, e não partidário) depois de uma dessa.
Mas daí expulsam do partido? Reconhecem que realmente houve mancada? Não. Dirceu, por exemplo, foi promovido à direção petista depois da explosão do escândalo que o afastou do governo e do Congresso; hoje, exerce a função extraoficial de “herói”, porque, ora!, o STF age em favor dos interesses da “elite”.
E qual desculpa darão para Rosemary? Conseguiram, há alguns anos, evitar sua convocação para a CPI dos Cartões Corporativos: outro caso do “não sabia”, mas nesse ninguém rodou. O problema é que haveria um total de 122 ligações entre Lula e a agora indiciada (que só foi nomeada por influência do ex-Presidente).
São muitas ligações para quem nunca sabe de nada.
Falácias
A tese de que José Dirceu foi condenado “sem provas” não tem pé nem cabeça e, claro, só prevalece entre a militância paga e/ou que não justifica a existência de polegares opositores. Motivo: sim, há provas. E muitas. Não há ATO DE OFÍCIO, até porque casos de corrupção muito raramente são praticados por meio de documentação oficial, reconhecimento de firma, filmagens autorizadas pelos partícipes ou presença de tabelião juramentado.
Em vez disso, como sói nesses casos, há depoimentos, confissões, documentos, registros de reuniões e toda uma gama de PROVAS (sim, são provas) que a MAIORIA dos ministros do STF consideraram bastantes para a condenação. Insistir na bobagem estapafúrdia de que não haveria prova alguma denota ignorância da braba ou demonstra ser esse “argumento” o que sobrou para tentar (e em vão) defender o chefe condenado.
E depois do discurso mocorongo contra o Supremo Tribunal Federal, quis o destino (na verdade, o destino não tem nada a ver com isso, né?) que o PT fosse surpreendido agora pela Polícia Federal. E nem teria cabimento falar em investigação elitista atendendo aos interesses da direita opressora.
Para piorar, na semana passada, coincidentemente NO MESMO DIA em que a PF executava buscas, apreensões e afins e complicava ainda mais a cúpula petista, integrantes do partido faziam um ato (juro!) “em defesa do PT” – sugerindo que a condenação pelo STF fosse algo contra o partido, e não simples cumprimento da lei penal.
O problema é esse.
Quando alguém do partido é flagrado, detido ou mesmo condenado, não há expulsão nem nada do tipo. A culpa é de quem flagrou, deteve ou os condenou – e alegam que, assim, agiriam “contra o partido”.
Falácia da braba. Quem age contra o partido são os que se metem em esquemas de corrupção. Mais ainda quando se recusam a sair do PT e insistem que a militância deva ir às ruas para defendê-los. Isso, sim, é agir contra o partido. A militância paga bem sabe, mas os trouxas da ideologia (há alguns, é sério) vão na onda e passam vergonha.
E alguns ainda reclamam quando o partido é associado a escândalos. Que tal cobrar a expulsão dos corruptos?
Fica a sugestão, enquanto acompanhamos o desenrolar do “Rosemary Gate” e aguardamos a revelação do conteúdo das 122 ligações telefônicas com a participação de Lula.
02 de dezembro de 2012
Gravatai Merengue
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