"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 2 de dezembro de 2012

ONIPOTÊNCIA DA SOBERBA

 

Rinus Michels, revolucionário técnico holandês na Copa de 1974, deve ter se inspirado ao ver as seleções brasileiras de 1958, 1962 e 1970. Suas ideias sonhadoras, com novos conceitos, foram assimiladas e aprimoradas por Cruyff, uma das maiores inteligências coletivas do futebol.




O craque e treinador holandês criou variações e transmitiu esses conhecimentos ao Barcelona, que foram aproveitados por Guardiola e pela seleção espanhola. Todo esse saber evolutivo, associado ao recente pragmatismo criativo do técnico José Mourinho, se espalhou por toda a Europa.

Os principais times europeus, além de contratar os melhores jogadores do mundo, priorizam, cada vez mais, o jogo coletivo, a troca de passes, que começa com os zagueiros, a diminuição dos espaços entre os setores, a alternância entre a marcação por pressão e a mais recuada, para contra-atacar, as múltiplas funções de um jogador e vários outros detalhes.
É o futebol do presente e do futuro.
O futebol brasileiro, por prepotência, ao achar que só aqui tinha craques e se jogava em alto nível, involuiu coletivamente. Pior, o atual estilo de jogar dificulta o aparecimento de grandes talentos. Temos muitos jogadores bons, mas apenas um fora de série, Neymar.

Muitos outros fatores contribuíram para essa queda, como os gramados ruins, a promiscuidade e a ineficiência dos dirigentes de clubes, de federações e da CBF, e a pressão aos técnicos e jogadores para ganhar de qualquer jeito, consequência da violência na sociedade, na arquibancada e no gramado.

Como já tinha escrito, ficou mais evidente, após a entrevista coletiva para anunciar a comissão técnica, que teremos uma época de exacerbação do nacionalismo. Só faltou Zagallo. Na entrevista, houve também uma exaltação das conquistas de 1994 e 2002, motivo principal, alegado pela CBF, para chamar Parreira e Felipão. A comissão técnica será quase a mesma de 2002. Os conceitos devem também ser os mesmos.

Muitas pessoas, em todas as atividades, acham que o que deu certo tem de ser repetido, como se houvesse apenas um jeito de ganhar. Esquecem também que há coisas erradas nas vitórias e acertos nas derrotas. Existe um grande número de fatores envolvidos nos resultados, ainda mais quando se tem craques, como Romário, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho.

São indiscutíveis os méritos de Felipão e Parreira nas conquistas das copas de 1994 e 2002. Por outro lado, o assunto me faz lembrar de alguns médicos que justificavam suas condutas pelas experiências anteriores, que tinham dado certo, contrariando a evolução e as publicações científicas. Achavam que a experiência pessoal estava na frente do conhecimento e da ciência. É a onipotência da soberba.

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NOVIDADES

Diego Souza foi uma boa contratação do Cruzeiro, embora não seja nenhum jogador excepcional. Alterna bons e maus momentos. Destaca-se mais por algumas jogadas individuais e por belos gols.

Ele e Montillo podem fazer uma boa dupla, além de um centroavante e mais Martinuccio, que ataca e defende pelos lados. Mas, sem outras boas contratações, especialmente um ótimo zagueiro e um ótimo armador, nada adianta.

O torcedor do Atlético está feliz com a renovação do contrato de Ronaldinho. Se quiser pensar em título da Libertadores, tem de manter Bernard e contratar, no mínimo, um bom jogador para atuar pela direita, na função que era de Danilinho. Se o Atlético conseguir o vice-campeonato, terá uma pré-temporada maior, que será importante na Libertadores.

02 de dezembro de 2012
Tostão (O Tempo)

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