O que se poderia antecipar quanto às condições materiais futuras da população
brasileira? A verdade é que não há como garantir níveis crescentes de renda e
consumo para dezenas de milhões de trabalhadores sem o aumento contínuo da
produtividade dessa mão de obra.
Nem mesmo as mais generosas políticas sociais poderiam assegurar de forma sustentável a melhoria dessas condições materiais se não estiverem lastreadas por um forte ritmo de acumulação de capitais que aumente a produtividade da massa de trabalhadores.
As transferências de renda, a ampliação do crédito ao consumidor e os aumentos de salário mínimo, aposentadorias e pensões têm fôlego curto e se tornariam insustentáveis ao longo do tempo, como bem sabem os social-democratas europeus, os socialistas cubanos e, saberão em breve, os socialistas bolivarianos e peronistas do século XXI.
Esse forte ritmo de investimentos depende, por sua vez, da criação de um ambiente favorável aos negócios. É aí que tropeçamos. Ainda não conseguimos promover uma configuração de expectativas de longo prazo que se traduza num clima de confiança nos fundamentos da economia entre os homens de negócios.
Em seu clássico “A teoria geral do emprego, dos juros e da moeda” (1936) — livro IV, “Os estímulos ao investimento”, capítulo XII, “A configuração das expectativas de longo prazo” —, o brilhante Keynes refere-se à importância de um “otimismo espontâneo”, resultado de uma “urgência instintiva”, de “animal spirits”, para a deflagração dos investimentos.
“Se definham os ‘animal spirits’ e enfraquece aquele otimismo espontâneo, o empreendedorismo agoniza e morre.”
Há muitas indefinições nas regras do jogo.
A política de juros baixos do Banco Central, pois há pouco controle de gastos públicos e a taxa de inflação ameaça romper o teto da meta estabelecida. A credibilidade do regime fiscal, atingida por uma desnecessária “contabilidade criativa” e um orçamento “parafiscal” executado por bancos públicos.
Os marcos regulatórios: os investimentos em infraestrutura, energia, petróleo e gás esbarram ainda na regulamentação deficiente. A política cambial, dividida entre proteger a indústria e derrubar a inflação. Regras bem definidas estimulariam os investimentos necessários ao aumento contínuo da produtividade.
18 de fevereiro de 2013
Paulo Guedes é economista
Nem mesmo as mais generosas políticas sociais poderiam assegurar de forma sustentável a melhoria dessas condições materiais se não estiverem lastreadas por um forte ritmo de acumulação de capitais que aumente a produtividade da massa de trabalhadores.
As transferências de renda, a ampliação do crédito ao consumidor e os aumentos de salário mínimo, aposentadorias e pensões têm fôlego curto e se tornariam insustentáveis ao longo do tempo, como bem sabem os social-democratas europeus, os socialistas cubanos e, saberão em breve, os socialistas bolivarianos e peronistas do século XXI.
Esse forte ritmo de investimentos depende, por sua vez, da criação de um ambiente favorável aos negócios. É aí que tropeçamos. Ainda não conseguimos promover uma configuração de expectativas de longo prazo que se traduza num clima de confiança nos fundamentos da economia entre os homens de negócios.
Em seu clássico “A teoria geral do emprego, dos juros e da moeda” (1936) — livro IV, “Os estímulos ao investimento”, capítulo XII, “A configuração das expectativas de longo prazo” —, o brilhante Keynes refere-se à importância de um “otimismo espontâneo”, resultado de uma “urgência instintiva”, de “animal spirits”, para a deflagração dos investimentos.
“Se definham os ‘animal spirits’ e enfraquece aquele otimismo espontâneo, o empreendedorismo agoniza e morre.”
Há muitas indefinições nas regras do jogo.
A política de juros baixos do Banco Central, pois há pouco controle de gastos públicos e a taxa de inflação ameaça romper o teto da meta estabelecida. A credibilidade do regime fiscal, atingida por uma desnecessária “contabilidade criativa” e um orçamento “parafiscal” executado por bancos públicos.
Os marcos regulatórios: os investimentos em infraestrutura, energia, petróleo e gás esbarram ainda na regulamentação deficiente. A política cambial, dividida entre proteger a indústria e derrubar a inflação. Regras bem definidas estimulariam os investimentos necessários ao aumento contínuo da produtividade.
18 de fevereiro de 2013
Paulo Guedes é economista
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