"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

JUSTIÇA PROÍBE VENDA DE LIVRO SOBRE LÍDER SINDICAL AMIGO DE LULA

 

O lançamento do livro “Companheiros – A Hora e a Vez dos Metalúrgicos de Sorocaba”, com apresentação escrita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve sua distribuição proibida pela Justiça e está suspenso, há mais de um mês.


Bolinha e Lula

A obra, do jornalista Carlos Araújo, seria lançada no final de janeiro, foi suspensa após o juiz fixar multa de R$ 1 mil por exemplar vendido ou doado, e de R$ 10 mil em caso de noite de autógrafos, divulgação ou ato semelhante.

O livro destaca a trajetória do sindicalista Wilson Fernando da Silva, o “Bolinha”, falecido em 2008, que foi colega de trabalho do ex-presidente e ajudou Lula a interiorizar a CUT .

O juiz da 3ª Vara Cível de Sorocaba, Mário Gaiara Neto, concedeu liminar em ação de indenização movida por uma filha de “Bolinha” que alegou não ter autorizado a publicação, nem o uso de fotos do acervo pessoal do sindicalista e que que a obra viola a intimidade e desrespeita a memória do pai.

Além do jornalista, são réus do processo o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, que patrocinou o livro, e a editora Loja de Idéias.

A publicação descreve os últimos 40 anos da luta sindical em Sorocaba e destaca a participação do ex-presidente na trajetória que levou seu ex-colega da Indústria Villares, em São Bernardo do Campo, à presidência do sindicato de Sorocaba.

Em sua apresentação, Lula enfatiza o “grau de companheirismo” de “Bolinha” e os 40 anos de amizade entre os dois. O sindicalista participou com o ex-presidente, em 1983, da fundação da Central Única dos Trabalhadores, ano em que venceu as eleições sindicais em Sorocaba e filiou o sindicato à nova central.

Entre as 32 imagens que ilustram a publicação, estão fotos do velório de “Bolinha” em 8 de dezembro de 2008, quando Lula já presidente da República viajou de Brasília à Sorocaba, causando atraso de uma hora e meia no sepultamento.

Ronaldo Stange, advogado da editora e de Carlos Araújo, classificou a decisão da Justiça como censura. “Além do direito de informar e da liberdade de expressão, o que está em jogo é o direito da coletividade de ser informada sobre fatos históricos. Não se pode ocultar a história”.

Segundo Stange, as fotos usadas no livro são do acervo do sindicato. A viúva de “Bolinha”, Lucília Rocha da Silva, e dois dos filhos do casal, Francis e Camila, assinaram declarações autorizando a publicação e defendendo o conteúdo do livro.

A outra filha, Daniela Silva Fernandes, autora da ação, alega que alguns fatos narrados, como a prisão de “Bolinha” por liderar greves, são vexatórios à família. Seu defensor, Reinaldo José Fernandes, sustenta que os herdeiros têm direitos sobre a imagem do pai, que está sendo explorada comercialmente sem a autorização de todos.

“O livro estava à venda e geraria lucro”. Ele pede indenização de R$ 31 mil por danos morais em favor de Daniela. Os advogados do sindicato entraram com recurso de agravo contra a liminar, que será apreciado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

18 de fevereiro de 2013
José Carlos Werneck

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