"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 4 de março de 2013

A TRAJETÓRIA DE DONA DILMA. A FAXINA MENTIROSA DE 2011. O PIBINHO DE 2012. O FALSO

 

A oficialização do pibinho de 2012 trouxe recordação, frustração, decepção. E uma expectativa nada otimista para 2013 e 2014. Não é nem pessimismo, é realismo e falta de confiança. Em julho/agosto de 2012, o “Guardian” revelou, “o PIB do Brasil crescerá menos de 1 por cento”.
O ministro Mantega nem se deu ao trabalho de contestar, disse apenas que era uma piada. Só que ninguém riu.


E agora? Materializado em 0,9 por cento, sobrou a perplexidade e a pergunta inútil: o que aconteceu? A constatação do exagero, da falta de base para a análise, a insegurança das projeções. O ministro explica que foi a crise internacional. Ora, a crise internacional já vinha de 2008/2009, não piorou depois de julho/agosto.

Não havia otimismo ou pessimismo nas previsões, apenas irresponsabilidade, ou falta de espírito de renúncia, o que sobrou em Bento XVI. Mas faltou vontade para fazer, o que já vinha desde 2011. Nem é preciso repetir que o governo não tem plano, projeto ou programa.

Dessa forma, vai aos trancos e barrancos, aos solavancos, comemorando o passado distante e projetando vitórias para um futuro igualmente distante. Mas presente. E assustador. Para este 2013 que mal começa, garantiram que compensariam o pibinho com um pibão-grandão, não conseguiram nem conseguirão nada. O primeiro, realidade e perplexidade.
O segundo, imaginação inimaginável.
Não era na verdade um pibão tão grandão, a esperança ou a expectativa não passavam de 3 por cento. Mas até esse número começa a ser desmontado, recorrem sempre à constatação por fases: “O PIB realmente está caindo, mas a partir de julho, começará a melhorar”.

Fingem que o país tem dois calendários, um do início do ano, de queda, o outro do meio até o fim, que seria de alta. Pelo visto não funcionou em 2012, foi de baixa sem qualquer recuperação.

CRESCIMENTO SÓ COM INVESTIMENTO

Vão falando o que vem à cabeça, ganham no desinteresse da mídia, que nem informa nem critica, elogia de forma imprudente. Houve realmente aumento de salário, não tão grande que possa ser sustentável. Mas que vai sendo devorado pelo aumento da inflação. A alta do salário só é sustentável com investimento, que não existe.

A inflação sobe por conta própria, naturalmente inflada e insuflada pela incompetência geral. Salários altos, inflação baixa, e nenhum investimento, eis uma trilogia que ninguém consegue conciliar, no Brasil ou em qualquer país.

A ILUSÃO DO DESENVOLVIMENTO

Refugiados na própria convicção, “somos a quinta economia do mundo”, empolgados e desvairados, fizeram o mesmo Festival Wagner do pré-sal, se adiantaram pelo menos 20 anos. Os resultados não acompanharam a imaginação. Agora falam na sexta economia do mundo, tão traumatizante quanto a ficção da quinta, que se esvaiu da mesma forma.

Perderam a fórmula do sucesso até mesmo imaginário, são sabem o que fazer. Na situação em que o Brasil está hoje, econômica e financeiramente, precisamos de muito trabalho, esforço. vontade, realização. Só que depois do desperdício de 2011 e 2012, resolveram abandonar tudo, implantaram um projeto de ambição e prorrogação de Poder.

Por determinação de quem tem a força e acredita que domina também o Poder, abandonaram 2013 em nome de 2014. Este ano (2013) seria o último da trajetória de afirmação e recuperação, depois então viria 2014, o ano da reeleição.

Dona Dilma inverteu tudo, “confidenciou” a Eduardo Campos, “sou candidata à reeleição”. Assim, oficialmente dava início à campanha de 2014, que o país assiste perplexo e estarrecido. Por que Dona Dilma implantou essa decisão e comunicou-a a um pretenso e suposto adversário? Elementar.

DONA DILMA SÓ SE ASSUSTA COM UM NOME

Efetivamente existem vários candidatos ou adversários. Mas nenhum capaz de ameaçá-la ou amordaçá-la. E entre esses, está logicamente o governador de Pernambuco. Dona Marina não tem nem partido. Aécio Neves tem partido (tem?) mas faltam correligionários.
Portanto, eis Dona Dilma convencida de que se ultrapassar o único adversário realmente invencível, terá garantido outros 4 anos. Naturalmente sem incluir 2013 e 2014, esses já recebeu de “mão beijada” do grande adeversário.

Dona Dilma considera que quando surgirem as pesquisas (demoram, não?), todos verão que o pibinho real e o falso pibão grandão não afetaram em nada sua popularidade. Mas reluta em concordar que o único que pode derrotá-la não se interessa nem é atingido por pesquisas.
Daí ter avançado as datas, ela precisa de campanha, ele não. Aliás, ele está em campanha mais intensa e declarada do que a dela.

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PS – Num país em que nada tem importância, e Renan Calheiros despreza e desdenha um manifesto com UM MILHÃO E 600 MIL ASSINATURAS, PEDINDO A SUA DEMISSÃO, NÃO TEM IMPORTÂNCIA, tudo é possível.

PS2 – Dessa forma, nomeiam presidente da Comissão Ambiental do Senado o bilionário Blairo Maggi. Quem é ele? O “Rei da motosserra”, que fez fortuna destruindo e depredando a natureza. Que República.

04 de março de 2013
Helio Fernandes

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