O lucro e a produção de petróleo da Petrobras caíram no ano passado e a estatal anunciou um programa de contenção de custos, mas ainda assim a empresa contratou mais empregados e ampliou sua folha de pagamento.
A estatal concedeu reajuste salarial acima da inflação e ampliou benefícios para seus empregados.
Em apenas um ano, a folha subiu 17,3%, em termos nominais (sem considerar a inflação). Mesmo descontado o aumento dos preços, o índice é elevado, já que o IPCA de 2012 foi de 5,84%.
Na média, a despesa real da indústria com pessoal cresceu 4,3%, segundo o IBGE.
De 2008 a 2012, a folha de pagamento total da Petrobras subiu de R$ 12,9 bilhões para R$ 21,7 bilhões alta de 67,7%, mais que o dobro do IPCA do período (31,9%).
Segundo a estatal, as despesas maiores se devem ao aumento de 14% do efetivo no período e à política salarial. O ganho real dos empregados foi de 3% em 2012.
Além disso, contribuíram o aumento de custos referentes a benefícios (educacionais, plano de saúde, previdência complementar) e a melhora do sistema de progressão na carreira (promoções).
As contratações, de acordo com a estatal, foram necessárias para repor empregados que se aposentavam e dar suporte para o investimento crescente e a implantação de novos projetos.
"De 2008 a 2012, os investimentos da alcançaram R$ 357 bilhões. A execução desses investimentos só foi possível graças à recomposição de pessoal a partir de 2001", diz a Petrobras.
Já os ganhos reais e os benefícios mais atraentes, diz, decorrem da "necessidade de reter e atrair profissionais num cenário aquecido de disputa por mão de obra".
A estatal diz que seu programa de corte de custos "não abrange, neste momento, processos de gestão, entre eles o de pessoas".
O foco é reduzir despesas operacionais, como pagamentos a fornecedores e aluguéis de equipamentos.
Para especialistas, o custo adicional com pessoal torna-se um problema no momento em que a companhia não consegue ampliar sua produção e gerar mais caixa e sofre com o peso do endividamento em expansão.
"O setor de petróleo é competitivo e todas as empresas sentem o aumento do custo da mão de obra em escala global. Mas o que falta nessa equação, no caso da Petrobras, é elevar a produção, o que não ocorreu", diz Luiz Caetano, da corretora Planner.
Adriano Pires, da consultoria CBIE, diz que a Petrobras seria "inadministrável", caso fosse privada. "Uma empresa só pode contratar se tiver geração de caixa."
Editoria de Arte/Folhapress
Folha OnLine
06 de março de 2013
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