Artigos - Globalismo
A guerra está por vir, pois as guerras sempre estão no horizonte. Estaremos despreparados para a guerra, pois esse é o modo de sermos. É assim que funciona a história. Se isso não é percebido no Ocidente, com certeza o é no Oriente.
Em 2009, a manchete do The Atlantic foi: “Netanyahu para Obama: Pare o Irã – ou eu o farei”. Quatro anos depois constatamos que nada aconteceu. O Primeiro Ministro israelense bufou aos montes e o presidente dos EUA manteve-se imóvel. Não houve ataque israelense ao Irã e provavelmente não haverá. Alguns relatos já dão como certa a existência de armamento nuclear iraniano e uma futura ampliação.
Por conta de o presidente Obama querer uma solução diplomática, as negociações e os encontros não têm fim. Com efeito, Obama e o presidente russo Vladimir Putin já concordaram em se reunir para discutir o problema iraniano durante o encontro vindouro do G-8 na Irlanda do Norte.
Então como devemos considerar as futuras ameaças israelenses?
Existe uma regra implícita na política: não se deve jamais fazer ameaças. Nada expõe tão flagrantemente as fraquezas quanto as ameaças vazias. Se você pode fazer algo, então faça. Não fique falando. A esse respeito, as falas sem ações fazem todos suspeitarem que você seja impotente. Como dizem, o falatório é vão. As ações, por outro lado, dizem algo completamente diferente. Se as ações forem coerentes com as palavras, então as pessoas ficaram genuinamente abaladas pelo que disseres. Se quatro anos passam sem ação, as pessoas concluirão que você é um falador.
O jornal Times of Israel publicou a seguinte manchete no último domingo: “Negociações sobre armamento nuclear só serviram para dar mais tempo ao Irã”. Do lado americano, a fala é um meio para desperdiçar um precioso tempo. As negociações entre as cinco potências (mais uma) feitas no Cazaquistão serviram muito bem ao Irã, pois enquanto as potências conversavam, o Irã estava construindo sua bomba; E uma vez que o Irã tivesse a bomba, ninguém se atreveria a agir. Mesmo porque, quem atacaria uma nação que tem uma bomba nuclear? O Primeiro Ministro Netanyahu é citado no artigo dizendo que o Irã está “continuadamente desafiando a comunidade internacional [...] Assim como a Coreia do Norte, que continua a desafiar todos os padrões internacionais, de modo que tal ato pede que os demais países reforcem suas sanções e deixem claro que se isso continuar haverá sanções militares”.
Incrivelmente mais uma ameaça foi feita. De fato, por que se fez tal afirmação? A qual propósito isso serve? Os líderes iranianos não foram intimidados. E, como disse o próprio Ministro do Exterior de Israel, todos sabem que o Irã não recuará. Seja como for, os iranianos têm muitos meios de adquirir uma bomba.
Eles obviamente estão trabalhando com os norte-coreanos e poderiam – se necessário – produzir armas nucleares sob os auspícios de Pyongyang. Tais armas poderiam ser levadas da Coreia do Norte até o Irã via submarino e ninguém jamais saberia.
Portanto, mesmo que houvesse um ataque às instalações nucleares iranianas, de nada adiantaria. E verdadeiramente falando, neste contexto atual, quem se atreveria a bombardear o regime norte-coreano? É um governo que já possui várias armas nucleares e está totalmente preparado para bombardear Tóquio ou até mesmo lançar um míssil com uma ogiva nuclear contra os Estados Unidos.
O Ocidente já esperou demais para agir em outras ocasiões. Em 1949 Stálin tinha sua própria bomba – e provavelmente ele foi o mais mortífero psicopata de todos. Mao Tsé-Tung conseguiu sua bomba em 1964. E nós, o que fizemos? Convivemos com isso e provavelmente iremos assim até morrer. O fato é que os loucos já possuem a bomba e um dia eles irão usá-la. (Oh sim, eles irão). A álgebra estratégica é inegável, embora vivamos em uma sociedade e uma cultura que nega tais coisas, mesmo por que nosso próprio modo de vida depende de tal negação.
A guerra está por vir, pois as guerras sempre estão no horizonte. Estaremos despreparados para a guerra, pois esse é o modo de sermos. É assim que funciona a história. Se isso não é percebido no Ocidente, com certeza o é no Oriente. Na última semana, o Presidente Putin ordenou que os líderes militares fizessem “melhorias urgentes” às forças armadas. “Esforços estão sendo feitos para equilibrar a balança estratégica”, disse Putin em uma assembleia de oficiais militares russos. “As forças armadas da Rússia devem se lançar para um novo nível de capacidades nos próximos três ou cinco anos”. Nesse ínterim, de volta aos EUA, as forças armadas estão enfrentando cortes automáticos e uma drástica redução das capacidades.
A presente situação é perfeitamente óbvia. Netanyahu fará muito barulho, Obama negociará e os iranianos construirão a bomba. O padrão está definido e ninguém pode alterar o que vem sendo construído há décadas. Todo período de declínio é pontuado por reveses econômicos e militares. Atualmente estamos no estágio do revés econômico. Em breve veremos o revés militar.
06 de março de 2013
Jeffrey Nyquist
Publicado no Financial Sense.
Tradução: Leonildo Trombela Júnior
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