Para Tombini, 'ajuste da mensagem da instituição' sobre resistência na queda dos preços já mexeu com expectativas
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, voltou a alertar que a instituição está atenta à evolução da inflação, e caso necessário, vai agir para coibir sua alta. Assim como na ata da última reunião do Comitê de Política Monetárioa (Copom), Tombini voltou a falar em "resistência da inflação". "A maior dispersão recentemente observada de aumentos de preços ao consumidor, pressões sazonais e pressões localizadas, entre outros fatores, contribuem para esse quadro de maior resistência", disse.
Tombini fez ainda mais um aviso, que pode ser interpretado com endereço certo para diminuir as expectativas de alta da inflação. "Nesse sentido, ações foram tomadas, mas é plausível afirmar que outras poderão ser necessárias. Para decidir sobre isso, o Banco Central irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico."
Ele ressaltou que o Brasil passou por transformações positivas da economia nos últimos anos, o que permitiu que o País alcançasse um novo patamar de taxas de juros. "Mas isso não significa que os ciclos monetários foram abolidos. Nesse sentido, quero deixar claro que o foco da política monetária tem sido e continuará a ser exclusivamente a manutenção da estabilidade de preços", comentou.
Crescimento
O presidente do Banco Central avalia que o primeiro trimestre deste ano deve apresentar um ritmo de crescimento de 4% em termos anualizados e a expectativa do mercado aponta para avanço ao redor de 3% em 2013. Segundo ele, o BC tem observado recuperação gradual do ritmo de crescimento econômico no Brasil e a demanda doméstica continua sendo o principal suporte da economia.
No setor industrial, de acordo com o presidente do BC, o sentimento do empresário melhorou e a produção tem mostrado tendência de crescimento nos últimos meses. "A produção de grãos deve bater novo recorde em 2013", disse Tombini. "O setor de serviços continua se expandindo, porém, num ritmo mais moderado que no passado recente", ponderou. Segundo a autoridade monetária, a geração de crédito e de empregos e a expansão de renda devem prevalecer neste e nos próximos semestres.
"Outra notícia promissora vem do lado do investimento", afirmou. "Pelas informações disponíveis, o investimento também cresceu no primeiro trimestre de 2013." Essa recuperação dos investimentos, de acordo com Tombini, é explicada em parte pela própria perspectiva de retomada, mas também reflete o empenho do governo em criar condições para ampliar investimentos em nossa economia.
Em discurso durante palestra Perspectivas da Economia Brasileira, em almoço promovido pela Câmara de Comércio França-Brasil -SP (CCFB), em São Paulo, Tombini disse ainda que em importantes economias emergentes, o ritmo de atividade tem se intensificado, amparado pela resiliência da demanda doméstica.
22 de março de 2013
Beatriz Bulla e Ricardo Leopoldo, de O Estado de S. Paulo
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