"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 15 de março de 2013

ROMÁRIO DISCURSA CONTRA O PRESIDENTE DA CBF, MAS É PRECISO ISONOMIA COM TODOS OS ENVOLVIDOS COM A DITADURA

 


Dando o troco – Como jogador de futebol, Romário de Souza Faria foi excepcional. Como deputado federal, até agora o ex-centroavante não cometeu nenhum desatino. Adversário figadal da cúpula da Confederação Brasileira de Futebol, desde os tempos de Ricardo Teixeira, o parlamentar pelo PSB do Rio de Janeiro volta a sua metralhadora na direção de José Maria Marin, atual presidente da entidade, que substituiu Teixeira no comando do futebol verde-louro.

Longe de ser unanimidade, Marin coleciona adversários nos mais diversos flancos, mas sua chegada ao comando da CBF aconteceu dentro das regras da instituição. Na alça de mira de Romário, o presidente da CBF é acusado de envolvimento com a ditadura militar.

Deputado federal durante a plúmbea era brasileira, José Maria Marin, durante discurso proferido na Câmara em 9 de outubro de 1975, pediu que providências fossem tomadas contra a TV Cultura, em nome da “tranquilidade dos lares paulistanos”.

No dia 24 de outubro, o então diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir Herzog, o Vlado, foi convocado para depor no DOI-CODI, aparecendo morto em sua cela no dia seguinte. Na ocasião passaram à opinião pública a informação que o jornalista havia se suicidado, mas tudo não passou de uma farsa para camuflar o seu assassinato nos porões da ditadura.

José Maria Marin é a pessoa errada no lugar duvidoso, mas há anos ele integra a cúpula da CBF com o mesmo currículo. Ou seja, todos sabiam dos fatos que marcaram a carreira política de Marin.
O ucho.info não está a contestar o posicionamento do deputado Romário, que é justo e necessário, mas é preciso que o tratamento seja isonômico. Até porque, no Congresso Nacional há alguns parlamentares que não apenas colaboraram com os militares, como receberam proteção e apoio político dos protagonistas do mais negro período da história nacional.

Por outro lado, Romário deveria exigir o mesmo tratamento aos terroristas que à época se posicionaram contra a ditadura e cometeram crimes bárbaros à sombra da desculpa de que era preciso evitar uma ditadura de esquerda, algo que nos dias atuais avança a passos largos no Brasil.

Que Marin seja ejetado da cadeira de presidente da CBF, mas que todos os que se encontram na mesma seara recebam o que lhes é devido. O que não se pode é fazer demagogia com base no revanchismo. Até porque, o mesmo crime não é menor se for cometido por um representante da esquerda ou da direita. É crime!

15 de março de 2013
ucho.info

Nenhum comentário:

Postar um comentário