"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 17 de julho de 2013

A MEGASENA DOS PATIFES


 
 
Sabidamente, a população brasileira é mal representada pelos seus políticos.
Ao se candidatarem a qualquer pleito eleitoral, o futuro parlamentar ambiciona, antes de tudo, pôr as mãos na carne seca.
O candidato pode prometer o que lhe der na cabeça, mas trocando em miúdos, ele quer é se dar bem, ou melhor, muito bem.
Os cargos, desde os mais modestos na vereança já premiam o ladravaz com salários polpudos, e com um elenco de mordomias que causam inveja à realeza londrina.
Mas isto não basta, pois o afortunado passa a gozar de vantagens mirabolantes, a começar pelo puxa - saco nativo que ao defrontar - se com o iluminado só falta jogar - se ao solo para que a autoridade lhe passe por cima para não sujar a sola do sapato.
É triste, mas é a pura verdade, e o brasileiro se presta com vibrante orgulho a ser um servil inveterado. É da nossa tradição a subserviência gratuita.
O quanto de mal os nossos representantes nos causam, e o quanto usufruem no exercício de seus cargos é um descalabro cantado em prosa e verso.
Além de projetos fajutos e de acertos que aumentam as suas possibilidades de enriquecimento, a toda força, e em surdina e na calada da noite, os bravos vilipendiadores do bem estar da sociedade votam auto - benesses de estremecer mesmo os mais patifes.
Mais assessores, mais verbas de representação, mais recursos para aluguéis, para a compra de ternos, para a conta telefônica, mais gastos com transporte, e uma infindável lista que se torna lauta de recursos que inundam os seus bolsos.
E não esqueçamos de que os Partidos recebem um pró - labore mensal pago por nós, para encher o nosso saco
É dantesco, mas é verdade. Mas, ainda, vem mais.
Como você, estou às lagrimas, pois, conforme os planos dos petistas, o objetivo é que devemos pagar a campanha eleitoral dos sacripantas. Além de aguentar a demagogia populista de todos os candidatos, devemos pagar as suas campanhas eleitoreiras, para sermos espoliados pelos futuros eleitos; um presidente, 81 senadores, 513 deputados federais, 1.059 deputados estaduais e 56. 810 mil vereadores.
A frágil argumentação de que o Estado pagando os custos das campanhas poderia conter algo de positivo, é mais uma enrolação, pois é gritante que as empresas prosseguirão patrocinando os seus candidatos, e algumas, as mais espertas, inclusive colaboram com diversos candidatos, até dos oponentes.
Assim, como na oração, peço, “Senhor, afasta de mim este cálice”, pois já nos basta aguentar esta malta de cretinos, que ainda querem que paguemos a sua eleição.
Sim, entre as inúmeras (centenas) de brados e palavras de ordem que insuflaram os manifestantes, a da REFORMA POLÍTICA talvez seja a mais contundente e necessária, pois uma faxina na atual mamata parlamentar, com o corte de direitos abusivos, dos salários escandalosos e de uma cornucópia de bondades de arrepiar, seria a glória.
Sim, eles merecem uma Reforma Política nas fuças, mas nada que dependa da sua votação, pois neste caso, o projeto só será aprovado no dia de São Nunca.
 
17 de julho de 2013
Valmir Fonseca Azevedo Pereira, Presidente do Ternuma, é General de Brigada Reformado.

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