"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 18 de julho de 2013

CABRAL GOSTA DE VIVER PERIGOSAMENTE

 

Onde foi mesmo que Pezão nasceu?

Piraí, Estado do Rio de Janeiro. Ali, Luiz Fernando Pezão, atual vice-governador do Rio, foi vereador e depois prefeito por dois mandatos.

Pois bem: em Piraí, um dia desses, o governador Sérgio Cabral (PMDB) acabou vaiado.

Tristes trópicos.

Triste figura!


A pacificação das favelas, a diminuição da violência urbana puxaram Cabral para cima. Aí reside seu mérito.

O desdém com a ética e a decência o empurraram para baixo.

Cabral abusou das regalias e das supostas regalias oferecidas pelo cargo.

Uma regalia: inventar motivos para viajar com frequência ao exterior.

Quantas vezes ele viajou até aqui nos dois mandatos? Quanto custaram as viagens? Que vantagens trouxeram para o Estado?

Uma suposta regalia: usar um dos helicópteros do Estado para passar o fim de semana com a família em sua casa de praia. Continuará usando, segundo anunciou.

Para transportar a família, as babás dos filhos e amigos e o cão Juquinha, o helicóptero decola para Mangaratiba às sextas-feiras, em média, cinco vezes. E aos domingos decola de volta em média mais cinco vezes.

Uma falsa regalia: voar em jatos cedidos por fornecedores do Estado (alô, alô, Eike Batista!).

Ou na companhia festiva do dono do maior número de obras do Estado, sócio oculto do ex-bicheiro Carlinhos Cachoeira (alô, alô Fernando Cavendish cuja empreiteira faliu!)

Cabral alegou que não havia um Código de Ética para servidores do Estado - e providenciou um. Descobriu-se mais tarde que o código não saíra do papel.

Confere-se, agora, que o código nada tem a dizer sobre os voos de fim de semana da família Cabral.

A história ensina que político não morre.

O calculista de uma obra que desabou morre.

Um jornalista que foi subornado morre.

Um médico que assediou sexualmente suas clientes morre.

Um político não morre. Ou para sempre não morre.

Não vê Maluf? E Collor? Não viu o ex-presidente Jânio Quadros?

Caso não abandone o ramo, um político pode morrer temporariamente. Se tanto.

Cabral arrisca-se a isso.

Mas como sempre teve sorte na política, prescindirá dela, se quiser, e será capaz de continuar a viver confortavelmente o resto de sua vida.

18 de julho de 2013
Ricardo Noblat

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