‘O Papa do povo’, define revista americana. A “Time” cita como trunfo de Papa Francisco o foco nas injustiças sociais em tempo de crise econômica. Em entrevista ao repórter americano, o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, disse que espera uma declaração do Papa sobre os protestos no país
Na semana da Jornada Mundial da Juventude, a revista americana “Time” traz o Papa Francisco na capa da edição do dia 29 de julho com o título “Um Papa do povo”. De acordo com a reportagem de Howard Chua-Eoan, o evento no Rio de Janeiro pode se tornar um símbolo da popularidade do Papa e da renovação da Igreja promovida por ele, já que o Brasil é o mais populoso dos países católicos e está no continente com maior concentração de católicos.
“O Papa Francisco vai ao encontro, num microcosmo, dos desafios que a Igreja enfrenta no mundo: o crescimento do Protestantismo e das tentações da cultura secular. E é nesta enorme nação latino-americana que o Papa pode demonstrar uma influência similar a que João Paulo II teve no Leste da Europa: colocar a maré a favor da Igreja e restabelecer sua primazia em lugares onde já foi inconstestável”, afirma a reportagem.
— Como ele é latino-americano, nós temos a expectativa de que eu fale sobre isso.
A reportagem diz que a visita do Papa à favela da Varginha, em Manguinhos, é aguardada com simpatia pelos moradores. Desde a visita de João Paulo II, em 1980, um Papa não entra numa favela. De acordo com a revista, só uma visita do Papa já pode impedir as demolições que vêm ocorrendo por conta da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Analisando a popularidade do Papa Francisco, o repórter Howard Chua-Eoan afirma que o foco nas injustiças sociais — junto das demonstrações de humildade do Pontífice — é um dos trunfos do Pontífice em época de crise econômica mundial. O perfil do Pontífice, dentro da revista, ganhou o título de "Um Papa para os pobres". O padre italiano Giovanni Belo disse à reportagem:
— Casamento gay não é a prioridade no mundo agora. A economia é. A crise pode ser um bom momento de nos voltarmos às necessidades urgentes do povo.
A reportagem ressalta que até o cantor Elton John elogiou o Papa por ter se abstido da participação em debates sobre moralidade sexual ou biologia, fazendo poucas referências ao casamento gay, mesmo diante de diversos protestos da Igreja francesa, quando Paris aprovou as uniões.
Comparando o Papa Francisco a Bento XVI, a “Time” afirma que o Papa Emérito era parte da burocracia da Igreja, portanto, teria dificuldades para de fato reformá-la. Além disso, a abordagem de Francisco é mais direta. De acordo com o teólogo Robert Dodaro, o “Papa Bento XVI era como música clássica; enquanto Francisco é música popular. Ambas são belas, mas muito diferentes”.
18 de julho de 2013
O GLOBO
Na semana da Jornada Mundial da Juventude, a revista americana “Time” traz o Papa Francisco na capa da edição do dia 29 de julho com o título “Um Papa do povo”. De acordo com a reportagem de Howard Chua-Eoan, o evento no Rio de Janeiro pode se tornar um símbolo da popularidade do Papa e da renovação da Igreja promovida por ele, já que o Brasil é o mais populoso dos países católicos e está no continente com maior concentração de católicos.
“O Papa Francisco vai ao encontro, num microcosmo, dos desafios que a Igreja enfrenta no mundo: o crescimento do Protestantismo e das tentações da cultura secular. E é nesta enorme nação latino-americana que o Papa pode demonstrar uma influência similar a que João Paulo II teve no Leste da Europa: colocar a maré a favor da Igreja e restabelecer sua primazia em lugares onde já foi inconstestável”, afirma a reportagem.
A “Time” ressalta que, embora o Vaticano até então se calara sobre a onda de protestos, diversos cardeais se manifestaram a favor deles. “Não estamos habituados a ver jovens em movimentos de massa. As pessoas querem que suas vozes sejam ouvidas nas ruas. Isso deve ser levado em conta pelos políticos”, já declarou o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer. A revista também cita o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, que defendeu os protestos numa entrevista.
“Os jovens querem um novo país, mais justo e consciente socialmente. Isso está de acordo com o que nós, bispos, queremos”, afirmou Tempesta. À “Time”, o arcebispo declarou que espera que o Papa comente o assunto:
— Como ele é latino-americano, nós temos a expectativa de que eu fale sobre isso.
A reportagem diz que a visita do Papa à favela da Varginha, em Manguinhos, é aguardada com simpatia pelos moradores. Desde a visita de João Paulo II, em 1980, um Papa não entra numa favela. De acordo com a revista, só uma visita do Papa já pode impedir as demolições que vêm ocorrendo por conta da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Analisando a popularidade do Papa Francisco, o repórter Howard Chua-Eoan afirma que o foco nas injustiças sociais — junto das demonstrações de humildade do Pontífice — é um dos trunfos do Pontífice em época de crise econômica mundial. O perfil do Pontífice, dentro da revista, ganhou o título de "Um Papa para os pobres". O padre italiano Giovanni Belo disse à reportagem:
— Casamento gay não é a prioridade no mundo agora. A economia é. A crise pode ser um bom momento de nos voltarmos às necessidades urgentes do povo.
A reportagem ressalta que até o cantor Elton John elogiou o Papa por ter se abstido da participação em debates sobre moralidade sexual ou biologia, fazendo poucas referências ao casamento gay, mesmo diante de diversos protestos da Igreja francesa, quando Paris aprovou as uniões.
Comparando o Papa Francisco a Bento XVI, a “Time” afirma que o Papa Emérito era parte da burocracia da Igreja, portanto, teria dificuldades para de fato reformá-la. Além disso, a abordagem de Francisco é mais direta. De acordo com o teólogo Robert Dodaro, o “Papa Bento XVI era como música clássica; enquanto Francisco é música popular. Ambas são belas, mas muito diferentes”.
18 de julho de 2013
O GLOBO
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