"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 18 de julho de 2013

OS SANCHOS PANÇAS

Jantar do PMDB custou R$ 28,4 mil à Câmara, quer dizer, ao nosso bolso
 



Na noite da última terça-feira, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, abriu as portas da residência oficial que ocupa, às margens do Lago Paranoá, em Brasília, para os deputados da bancada do seu partido, o PMDB. Ofereceu-lhes um jantar. Custou R$ 28,4 mil –ou R$ 355 por cabeça. O contribuinte pagou a conta.
 
A verba saiu das arcas da Câmara. A ONG Contas Abertas obteve a nota de empenho da despesa. Está escrito: “Concessão de suprimento de fundos para atender despesas relativas à contratação de serviços destinados à realização de jantar no dia 16.07.2013, na residência oficial da Câmara dos Deputados, para um público estimado de oitenta pessoas, a pedido do gabinete do presidente.”
 
A rubrica “suprimentos de fundos” serve para a realização de despesas inesperadas e urgentes. No caso específico, o dinheiro foi repassado a uma servidora. Ela realizou os gastos e prestará contas posteriormente. Chama-se Bernadette Maria França Amaral Soares. Lotada no gabinete do presidente, administra a residência oficial da Câmara.
O salário dela é de cerca de E$ 23 mil mensais.
 
Além dos deputados, estiveram no repasto o vice-presidente Michel Temer e ministros do PMDB. O encontro foi partidário.
“Um jantar social de fim de semestre”, na definição do líder da legenda, deputado Eduardo Cunha. O cardápio foi fino –de camarão a queijo brie caramelado, noves fora o champanhe. A pauta foi indigesta: do derretimento de Dilma Rousseff à deterioração da coligação.
 
A pergunta que fica boiando na atmosfera é: por que diabos o contribuinte brasileiro foi intimado a pagar a conta?
Não há propriamente uma ilegalidade no espeto. Porém, se as ruas de junho informaram alguma coisa foi que a sociedade já não engole passivamente tudo o que em Brasília é considerado “normal”. Não é pelos vinte centavos, diria um desses rapazes que saem de casa para protestar defronte do prédio do Congresso. É pelo respeito à liturgia.
 
A Câmara já custeia a equipagem, a criadagem, a cozinheira e os alimentos que vão à mesa da residência do seu presidente. Difícil acomodar no escaninho das normalidades a contratação de uma empresa para fornecer decoração, mesas, cadeiras e a comida servida à turma do PMDB.
A plateia se pergunta: por que o inquilino e seus convidados não fizeram uma vaquinha?

18 de julho de 2013
Josias de Souza - UOL

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Mesmo com as manifestações, infiltradas por baderneiros de aluguel que tentam desmoralizá-las, continuamos a pagar a conta da esbórnia!
O que se espera de um país, cujos parlamentares não se envergonham de se banquetearem às custas do povo? O que esperar de um país, em que esses mesmos parlamentares, apesar das 'gritas' que tumultuam o país, clamando por ética, por decência pública, por seriedade no trato da 'res publica', se acotovelam para preservar seus privilégios na suposta 'reforma política' ?
Somos obrigados a discordar do deputado Tiririca: pior que estava, vai ficar!
Incomoda ver o oportunismo, a sagacidade para aproveitar a ocasião, a articulação dos 'macacos velhos' que sabem 'manipular' os acontecimentos, e dispõem da mídia televisiva para continuar com o mesmo discurso farsante, com o mesmo golpe ilusionista... São espertos... Sabem que o instrumento de convencimento de massa é a televisão, de fraca interação e forte lavagem psicológica... A internet ainda está lenta, no sentido de despertar a informação política. Blogs políticos ainda não conseguem acordar a consciência e o  interesse, a motivação necessária para a leitura de artigos de informações e denúncias.
A informação  é cara e não é acessível a grande maioria do povo brasileiro.
Somos um país continental, cujas diversidades econômica e cultural é imensa!
A educação de qualidade é um privilégio de poucos! Campeia o analfabetismo, misturado com o analfabetismo funcional, fator que incapacita a participação nacional nos graves problemas políticos, cujas soluções estão concentradas num Congresso que não abre mão do poder e do privilégio.
Como se denuncia com frequência, inúmeros projetos para os inúmeros problemas, vegetam por mais de 20 anos nos arquivos da casa do espanto.
E não adianta lutar com o corporativismo que frequenta os acordos e alianças. O protecionismo é o grande negócio da permanência dos interesses velados.
Inútil bradar no deserto. Ninguém ouve... E continuamos lutando, movidos pela esperança, receosos que se transforme em gafanhoto e devore o que a custo semeamos.
m.americo

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