"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 30 de julho de 2013

ESTILO CABRALZINHO PAZ & AMOR, COM SUPOSTA HUMILDADE E AUTOCRÍTICA, PROVA QUE PRESSÃO POPULAR FUNCIONA


 
O “Efeito Francisco” começa produzir “milagres” na velhaca politicagem tupiniquim. O mais impopular governador do Brasil, Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ), foi obrigado ontem a encenar um espetáculo midiático de inacreditável “humildade e autocrítica”, para ver se consegue se livrar dos protestos na porta de seu apartamento-mansão.
O plano de Cabral voltar ao Senado em 2014 nunca esteve tão ameaçado.

Cabral merece um Oscar de melhor ator, combinado com o de Efeitos Especiais, já que se aproveitou até das palavras e atitudes do Papa Francisco, na Jornada Mundial da Juventude cujo sucesso a incompetência do Governo do RJ quase comprometeu: "Estava me faltando humildade e autocrítica. Aprendi com a vinda do papa, a ouvir os outros lados, estou aberto a ouvir. Eu estava precisando mesmo de uma dose de humildade, eu errei por não ouvir".
O “Cabralzinho Paz & Amor” é apenas uma tática para tentar conter um desgaste de imagem impossível de reverter, com alto risco de comprometer seu plano de eleger seu vice Luiz Fernando Pezão como sucessor. O pior é que suposta “alternativa” ao Pezão é Lindberg Farias Filho - um jovem senador petista repleto de acusações de corrupção quando aparelhou a Prefeitura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Foi patético ver o Cabralzinho, teatralizando uma voz embargada, ameaçando um chorinho de moleque travesso, para pedir aos jovens que parem com as manifestações que ampliam seu desgaste:
"Tenho crianças pequenas, queria fazer um apelo para os manifestantes, estou totalmente aberto ao diálogo, não sou um ditador".

Os efeitos práticos da pressão popular contra Cabral foram três decisões de voltar atrás em medidas burras e impopulares tomadas por seu desgoverno focado em obras com graves denúncias de superfaturamento e desperdício do dinheiro público. A primeira foi tirar a cerca de proteção ao Palácio Guanabara – até porque denotava certo medo ou covardia da autoridade contra o povo rebelde.

Cabralzinho também prometeu que não vai mais cometer a besteira de demolir o Parque Aquático Julio Delamare, no entorno do Estádio Mário Filho (o Maracanã privatizado).
E, na demagogia de sempre, se comprometeu transformar o Museu do índio em algo que o espaço não era há muito tempo: um local para atividades realmente indígenas, e não mera moradia para falsos silvícolas urbanizados.

A jogada defensiva de Cabral não vai conseguir impedir a ampliação de seu desgaste. Continua circulando, freneticamente, por e-mails, o dossiê “O Mundo Mágico de Mangaratiba” – revelando detalhes da evolução do patrimônio de Cabral ao longo de seus 22 anos de “trabalho” como político profissional.

O patrimônio do Cabralzinho, entre mansões, apartamentos, iates, salas comerciais, chega a US$ 45 milhões – na avaliação de políticos inimigos dele. O curioso é descobrir por que o Ministério Público e a Justiça não tomam qualquer providência para investigar denúncias concretas feitas contra Cabral e sua milagrosa evolução patrimonial. A blindagem dele é estranha...

O recuo estratégico de Cabral, que foi obrigado a voltar atrás em decisões mal tomadas e rever a postura como homem público (mesmo que com jeitinho de pura encenação político-midiática), é uma prova do quanto funciona o exercício da pressão popular – ainda mais se tiver foco em cobranças pontuais e bem objetivas.
 
Criador e Criatura


Consumatum est


Presidentro $talinácio

Já que a Dilma avisou que Lula não vai voltar porque nunca saiu do governo, a sabedoria popular, criadora de palavras novas (neologismos), lhe outorga um novo título distintivo:

Lula é o Presidentro do Brasil – e quem está fora que se dane e proteste...
 

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

30 de julho de 2013
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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