Péssima reputação do sistema de Imigração japonês ganha um novo capítulo
Um jornalista canadense que viveu no Japão por anos se viu nas mãos do temido sistema de detenção e imigração do Japão. Há anos, monitores dos direitos humanos criticam a agências responsáveis pelos terríveis abusos cometidos no Japão: nos seus relatórios, o sistema é descrito como algo sombrio, caótico e completamente incongruente com a imagem do país de ordem, harmonia e uma vida dentro da lei.
Ainda assim o caso de Christopher Johnson beira o inimaginável. Retornando a Tóquio após uma breve viagem no dia 23 de dezembro, ele foi levado a uma sala de exames onde seu pesadelo começou. Nas 24 horas seguintes ele foi preso e humilhado. A maioria de seus pedidos para telefonar à embaixada, a um advogado, ou seus amigos, foi negada, diz ele.
De acordo com Johnson, membros do aeroporto falsificaram declarações e insistiram que ele assinasse testemunhos falsos. Guardas tentaram extorquir seu dinheiro, e em um determinado momento ameaçaram atirar nele, a menos que ele que comprasse uma passagem extremamente cara para sua própria deportação, na verdade uma alta propina para seus algozes. Segundo seu depoimento à polícia de Tóquio, Johnson foi separado de suas malas, teve pertences roubados, e dinheiro foi tirado de sua carteira.
Os problemas do departamento japonês de imigração são conhecidos há anos. Detidos protestam frequentemente das péssimas condições a que são submetidos. Alguns fizeram greves de fome, e houve até mesmo casos de suicídio. Um cidadão ganês cujo visto havia expirado morreu durante a detenção (nesse caso, o promotor adiou sua decisão sobre prestar queixas contra os guardas ou desistir do caso, e seu porta-voz se recusou a discutir o assunto com veículos que não façam parte do “grupo especial” da promotoria).
O relato de Johnson é bastante compatível com os abusos expostos num relatório de 22 páginas, Bem vindo ao Japão?, lançado pela Anistia Internacional em 2002, o que sugere que mesmo os problemas mais conhecidos ainda não foram resolvidos. Uma explicação para tamanha tolerância com os abusos pode estar no fato de que o governo japonês aparentemente terceirizou a segurança de seus aeroportos, entregando-a a uma companhia privada.
Para Johnson, os motivos para sua detenção permanecem um mistério, embora ele desconfie que ela possa estar ligada a sua cobertura crítica dos eventos do país. Procurado pela revista britânica The Economist, o departamento de imigração do país afirmou que não pode discutir casos individuais, mas afirmou que as detenções e deportações seguem a lei, registros de audiência são arquivados, e que o custo da deportação é determinado pelas companhias aéreas. O ministro da Justiça se recusou a comentar o incidente e passou todas as perguntas para o departamento de imigração. O departamento de Relações Exteriores do Canadá confirmou à Economist que um cidadão havia sido preso, e que havia recebido “assistência consular, e negociado com as autoridades locais”.
O relato de Johnson sobre sua saga no Japão foi disponibilizado (em inglês) em seu blog, Globalite Magazine. Apesar das tentativas da Economist, as informações contidas no relato não puderem ser confirmadas, logo sua veracidade não pode ser atestada. Caso seja verdadeira, o drama de Christopher Johnson revela um perturbador abuso de poder por parte das autoridades japonesas.
19/01/2012
opinião e notícia
Fontes:The Economist - Gulag for gaijin
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A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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