"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O QUE DÓI MAIS? A MORTE DE UM AMIGO, OU A TORTURA DE UM DESCONHECIDO?

O vídeo sobre a morte de Celso Daniel já foi retirado do Youtube. Mas pode ser visto no blog do Sanharol na página abaixo.

http://blogdosanharol.blogspot.com/2012/01/o-silencio-revelador-por-augusto-nunes.html

O blog do Noblat, por exemplo, já perdeu o vídeo que seria do Youtube. No entanto, vemos lá comentários de alguns petistas revoltados com 'essa bobagem' de retornar a um assunto que se tornou caduco de tão antigo. Para começar, assassinato só se torna 'caduco' quando quem morre é importante para os outros, não para quem o despreza.

Fora isso, se a morte de Celso Daniel não tem mais valor por causa do tempo decorrido, então seria o caso de acabar com o suposto interesse em investigar as torturas cometidas no regime militar.

Além de ser um caso ainda mais antigo, ninguém tem autoridade para dizer o que é pior para um indivíduo: a morte de um parente, ou amigo, ou o sofrimento de quem continua vivo e ainda se tornou presidente do país.
A morte é eterna.

O silencio revelador
- Por Augusto Nunes -
25 de janeiro de 2012

O vídeo divulgado pela Band no dia em que a execução de Celso Daniel completou dez anos - sem desfecho à vista - escancara em pouco mais de quatro minutos um crime com claríssimas motivações políticas.
Ouça o que dizem o promotor designado para o caso e o irmão do morto insepulto sobre a usina de dinheiro sujo, instalada na prefeitura de Santo André, que abasteceu com muitos milhões de reais os cofres do PT. Ouça as acusações explícitas feitas por Bruno Daniel a Gilberto Carvalho, José Dirceu e Miriam Belchior. E tente entender por que a trinca nem contesta as declarações nem aciona judicialmente o declarante.

Se a versão do crime comum não fosse apenas outro embuste, os Altos Companheiros estariam berrando há dez anos que a polícia de Geraldo Alckmin, que governava São Paulo em janeiro de 2002, é tão inepta que, além de não ter garantido a vida do prefeito, não consegue esclarecer o episódio e identificar todos os assassinos.

Em vez disso, Gilberto, Dirceu e Miriam não comentam o episódio sequer para lamentar o trágico destino de Celso Daniel. Eles sabem o que não devem dizer. O silêncio estrepitoso das caixas-pretas é tão revelador quanto a mais minuciosa das confissões.

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