Esquerda é coisa de imbecil. Live with that.
O Lobão (o músico, não o ministro) afirmou que esquerda é coisa de imbecil, tendo sido vaiado imediatamente por tal acinte. Fosse o Lobão ministro, e não o músico, já teria sido ejetado de seu cargo sem possibilidade de retratação pública por ir contra a causa. Ejetado bem mais facilmente do que Palocci, que pelo visto corre mais risco de ser canonizado no cargo pelo milagre da multiplicação de seu patrimônio. Isso, é claro, porque o governo é de esquerda.
É um tanto quanto imbecil pechar um indivíduo por ser de esquerda ou de direita. Sabemos que as pessoas não se dividem tão bem em duas únicas categorias. Os EUA são um país até mesmo bipartidário, e os pensamentos no grande império não se dividem em dois. A esquerda e a direita foram divisões mais funcionais do que ideológicas em sua origem. Não se define um homem por ser de esquerda. Para piorar, é ainda mais imbecil considerar que “esquerda” e “direita” são pontos extremos de uma linha reta – o que gera a imbecilidade de se pensar que qualquer pensamento que vá fora do padrão ideológico que unifica cada lado imediatamente está abrindo concessão para o outro lado.
Mas podemos analisar se Lobão está constatando uma imbecilidade ou se está sendo um imbecil.
Prioridades imbecis da esquerda
A esquerda tende a pensar no interesse coletivo como primordial ao interesse individual. Ninguém nunca definiu direito o que é essa parada de “interesse coletivo”. A julgar pelo que conheço, tem algo a ver com o Corinthians. É estranho pensar que o tal “interesse coletivo” seja lá algo muito político. Ainda mais que o interesse coletivo seja algo político que vá contra os políticos escolhidos pelo coletivo.
Seja como for, o coletivo deve ter uma ordem de interesses que prioriza os mais urgentes. Temos um exemplo prático disso. Na noite da quarta-feira 19/06, o estudante Felipe Ramos de Paiva, 24 anos, foi alvejado com um tiro quando voltava para seu carro no estacionamento da Faculdade de Economia e Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP), após sair de um caixa eletrônico. O estudante morreu no local. Patrulhas da PM fizeram blitz em cada portão, procurando um veículo suspeito – um utilitário. A polícia já ouviu 7 pessoas, mas ainda ninguém foi preso. A Cidade Universitária da USP vinha sofrendo uma onda de seqüestros-relâmpagos nos últimos 2 meses antes desta tragédia.
Numa mórbida coincidência, na tarde do dia seguinte uma estudante de enfermagem da UFAC – Universidade Federal do Acre foi rendida por 2 homens armados, forçada a entrar num carro, estuprada e espancada.
Podemos compreender que essas duas vítimas em dois dias foram o ápice de uma seqüência de falta de segurança que prolifera nos campi das Universidades públicasgratuitasedequalidade desse país. Há estudantes em risco. Há mulheres que sofrem, e o mínimo que se poderia fazer por elas é lhes dar um pingo de justiça. Os campi são zonas sem lei, e se estudantes inocentes, que são os que devem ser beneficiários da tal educação públicagratuitaedequalidade, estão sofrendo violência que culmina em assassinato e estupro, nada seria mais óbvio do que a esquerda ser a primeira a protestar contra a falta de segurança nos campi.
Poderíamos imaginar que estivesse sendo organizado um tuitaço #PMnocampus, já que estupro e assassinato não são lá grandiosos motivos para fazer assembléias e marchas. Na FFLCH, o centro do universo comunista nos dias que se seguem, só pudemos encontrar a seguinte nota pela segurança no dia seguinte:
A esquerda é tão preocupada com as minorias que estava preocupadíssima em realizar a MARCHA DA MACONHA no dia seguinte. Nos campi em que a polícia não pode entrar por um fortíssimo lobby de estudantes de cursos de extrema-Humanas que julgam que a polícia é fascista, reacionária, de direita, inimiga da educação e sucateadora do ensino, vimos qual a razão pela qual os estudantes tanto querem deixar a polícia fora da Cidade Universitária.
A esquerda está se lixando para a educação. A esquerda está se lixando para mulheres estupradas. A esquerda prefere você morto a ela própria, egoistamente, não poder fumar bagulho. A esquerda, quod erat demonstrandum, é coisa de imbecil.
A Marcha imbecil da Maconha
Muitos liberais são ardorosos defensores da descriminalização do comércio das drogas, primeiro porque o Planet Hemp e o Skank já fizeram fortunas na cara da sociedade há décadas, segundo porque acreditam que cada um pode fazer com o que seu corpo o que bem entender sem o Estado interferir e, last but not least, porque são as armas que matam mais facilmente do que as overdoses. Os traficantes têm armas porque o comércio ilegal é lucrativo (os traficantes têm monopólio da oferta). Se os traficantes tiverem de concorrer com uma Souza Cruz criando o seu Marlboro Cannabis com laboratórios foderosos e uma capacidade de distribuição quase religiosa, os traficantes vão ganhar muito menos com o comércio de drogas. Logo, não terão dinheiro para armas. Logo, ao menos para esse crime, o comércio legal de drogas, idealmente, pode gerar menos violência.
Há também o fator “lutar por seus direitos”. Se liberais organizarem uma marcha (ou um tuitaço, ou um artigo no Implicante™) pedindo para não pagar todos os nossos impostos, estão também fazendo algo ilegal. O Estado não tem o direito de usar seu monopólio da violência para coibir uma mudança nas leis. Se ainda não está na lei, não é legal. Mas esse legalismo in extremis é coisa de Estados totalitários. Exatamente o oposto do que um regime democrático de livre mercado prega. Então, a Marcha da Maconha é legal, e não deve ser reprimida, muito menos com a porradaria violenta como foi.
Mas o que está por trás deste princípio é que ninguém precisa ser um santo para ter direitos democráticos num Estado democrático. Democracia é pra todos, e o Estado não tem o direito de exigir que o cidadão seja inteligente, culto, não fale palavrão, tenha a beleza da Maitê Proença mesmo depois das 4 décadas, prefira Piquet a Senna, Ramones a Beatles, Raimundos a Chico Buarque e leia o implicante™ todo dia.
Quando vemos marchantes gritando “Hey, polícia! Maconha é uma delícia!” sabemos que não estamos diante exatamente assim do futuro do Brasil. Estamos mais para um bando de hedonistas sem muito chão pra varrer (as empregadas cuidam disso, ou então deixam virar um chiqueiro, mesmo) e sem muitos livros pra ler. Uma marcha da maconha costuma ter uma idade física média entre o primeiro colegial e o primeiro ano da faculdade, e uma idade mental média próxima dos Teletubbies. Eles estão no seu direito, não deveriam ter sido agredidos pela polícia (o que só deu mais um marketing extra), mas não deixam de ser imbecis.
Como diz P. J. O’Rourke, todo mundo quer mudar o mundo; ninguém quer ajudar a mãe a lavar a louça. Enquanto isso, o estudante morto na USP e a estudante violentada na UFAC ficam sem justiça. Escreveram em um quadro da FFLCH: “PM no campus já!. Algumas letras foram apagadas para se reescrever por cima: “PM fora do campus já!”. Um prazerzinho imbecil de fumar bagulho escondido dos pais e responsáveis continuou valendo mais do que estupro e assassinato. É a esquerda preocupada com as minorias. É a esquerda sendo imbecil.
Na semana seguinte, foi realizada nova marcha, desta feita pela “liberdade”, já que a marcha da maconha foi duramente reprimida. Nos vídeos que circularam pela internet, lembraram-nos a todos que são contra “o lucro dos policiais” que ganham com as drogas proibidas (?!?!) e nós também que devemos agradecer por todos que estão ali, lutando por direitos, enquanto estamos aqui, com a bunda no sofá. Pois eu estaria lutando por PM no campus. A luta deles é legítima. Mas é uma luta imbecil.
Os intelectuais imbecis de esquerda
Não existe nada mais arrogantemente imbecil do que os leitores de orelhas de livros esquerdistas que pululam nas Universidades. Não conheço esquerdista bem versado em Foucault, Sartre, Deleuze, Chomsky, Adorno, Habermas, Horkheimer, simplesmente porque nunca leram mais do que um livro de cada um. Quando leram um livro. Isso para não falar em Marx – que inventou de escrever uma versão for dummies de seu magnum opus com 40 páginas e, assim, todo esquerdista pode dizer que “leu Marx”. E nem pisemos em Lacan e Slavoj Žižek, gente que escreve tão hermeticamente que nem eles mesmos saberiam o que é que defendem. Poderíamos dizer que não são apenas imbecis, mas só pensam em merda. Seria um exagero? Podemos tirar a prova dos 9:
Em compensação, consideram que o que não é a esquerda são pessoas alienadas, sem “consciência de classe”, completamente bitoladas por trabalhos repetitivos e uma ganância mesquinha que busca obter dinheiro á base da exploração (não é de se estranhar que nos livros dos intelectuais de esquerda palavras como “drogas” simplesmente inexistam).
Aí perguntamos para qualquer esquerdista aleatório o nome dos caras de quem ele discorda. Os caras “da direita”. Só um nome, não precisa nem citar o nome de um livro, muito menos o que pensam. Afinal, eles é que seriam os descolados e antenados, a direita é que deveria ser a “imbecil”. A resposta é sempre um vácuo.
Refutar um livro como The Ethics of Redistribution (é curtinho, leiam), de Bertrand de Jouvenel, é tarefa impossível. Definir que a distopia desmilingüida d’O Caminho da servidão, de Friedrich Hayek, não é o único destino das intervenções estatais, idem. Perceber que o capitalismo foi o único sistema econômico que, pelos poucos séculos que conseguiu sobreviver, acabou com o trabalho escravo e melhorou a vida dos pobres, como Ludwig von Mises comprova n’As Seis Lições é ainda mais chocante. Dar de cara com Economic Facts and Fallacies, de Thomas Sowell (o maior economista vivo, e um negão 3 x 4) sem perceber que a esquerda inteira é baseada em falácias quase primitivas, mais ainda. Ver a sucessão de catástrofes que a estatização e nacionalização da economia gera em nome do “bem estar” e da “solidariedade”, destruindo a própria condição humana, como mostra Ayn Rand (uma foragida da União Soviética!) em A Revolta de Atlas, é ainda mais chocante – coisa que arrepia a alma, mesmo.
O único argumento da esquerda, a nossa eterna imbecil, é apenas não ler. Não há pessoas que lêem Jouvenel, Hayek, Mises, Sowell e Rand e sobreviveram sendo esquerdistas. UM ÚNICO exemplo de pessoa que conseguiu tal façanha jogaria meu argumento por terra. Não há. A esquerda vai preferir sempre fazer como o avestruz e enfiar a cabeça no buraco, gritando “nem vi, nem ouvi, lá lá lá”, deixando a rabadilha exposta.
Não é á toa que os “direitistas” que o Brasil conhece resumem-se a Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo e Olavo de Carvalho. 3 jornalistas, ou ao menos 3 cidadãos que escrevem artigos curtos em jornal. Ninguém consegue ler algo mais do que isso.
Quantos livros e conceitos complicados são necessários para que se possa defender o livre mercado, ao invés de dizer apenas que ricos exploram pobres? Quanta vontade de cultura é preciso ter para correr atrás de livros que os nossos próprios professores nunca leram, ir contra o establishment acadêmico que proibe pensamentos contrários justamente em nome da “reflexão” e ainda perder todos os seus amigos por isso? A esquerda diz, na academia, que a direita é alienada. Por que não aceita encarar o fato de que a direita, inevitavelmente, sabe algo de que ela não sabe (talvez, justamente por isso, seja de direita), e assumir logo que, afinal, esquerda é coisa de imbecil?
Os Bolsonaros da esquerda são mais imbecis
Voltando à baila da USP, a esquerda não estava apenas preocupada com maconha, como no grupo de e-mails do DCE foi enviada uma mensagem em caráter de URGÊNCIA sobre… a perseguição aos socialistas no Cazaquistão.
Isso depois de uma menção de apoio aos “operários revolucionários” da Líbia, que “sofriam sob o imperialismo” de Kadafi (o autor do “Livro Verde”, em que prega princípios socialistas que aplicou pari passu).
É difícil imaginar o que fariam em caráter de urgência para ajudar os socialistas perseguidos no Cazaquistão (alguém sabe o nome do presidente, ditador ou whatever?). Ao prosseguirem discutindo política externa, a quizumba se deu sobre o sutil tema: para qual país deveriam extraditar os “reacionários” quando subissem ao poder?
Num repente, a estudante Maria Júlia Montero respondeu: “Reacionário a gente não manda pra lugar nenhum não. É a cabeça numa bandeja”.
Nada mais adorável do que a esquerda finalmente dizendo a que veio: pra matar todo mundo que discorda dela e instaurar o totalitarismo. Convenhamos, esse papinho de se preocupar com trabalhador não convence mais nem sem terra, vai convencer a elite intelectual do Brasil? Trabalhador quer é Coca-Cola. Esquerdista quer é degolar todo mundo que lhes nega poder.
Já pensou se um “reacionário” afirmasse que seu objetivo político fosse degolar comunistóides? Em compensação, esses comunistas conseguem viver bem e com assentos no Congresso até no “imperialista” EUA. Imaginemos menos, até: já pensou se um “reacionário” dissesse que seu objetivo é, sei lá, dar tapas na cara de comunistas… Os imbecis já teriam fechado a Paulista.
A esquerda não apenas é coisa de imbecil. Costuma ser coisa de assassinos. Assim, só de tempos em tempos.
* Flavio Morgenstern é redator, tradutor e analista de mídia.
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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