"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 5 de fevereiro de 2012

JUIZ DE DIREITO ESCREVE A ZIRALDO E JAGUAR

JUIZ DE DIREITO ESCREVE A ZIRALDO E JAGUAR
"A personalidade pode abrir portas, mas somente o caráter consegue mantê-las abertas."

Um testemunho coerente e lúcido deste Juiz ...
Está chegando a hora de abrirmos os olhos...
O Juiz de Direito de Espumoso (RS) escreve a Ziraldo e Jaguar,
comentando a aprovação da indenização e da aposentadoria em dobro paga pela Nação aos humoristas, que 'sofreram muito' por terem sido presos durante uma semana na época da ditadura militar brasileira, como represália pelas críticas que eles mesmos publicaram em 'O PASQUIM', na ocasião.

Prezados Ziraldo e Jaguar:

Eu fui fã número 1 do PASQUIM (em seguida saberão por quê). Por isto
me sinto traído pela atitude de vocês (Ziraldo e Jaguar). Vocês, recebendo essa indenização milionária, fizeram exatamente aquilo que criticavam na época: o enriquecimento fácil e sem causa emergente da e na estrutura ditatorial...
Na verdade, vocês se projetaram com a Ditadura.
Vocês se sustiveram da Ditadura.
Vocês se divertiram com a Ditadura.
Está bem, vocês sofreram com a Ditadura, mas, exceto aquela semana na
cadeia – que parece não foi tão sofrida assim - nada que uma entrevista regada a uísque e gargalhadas na semana seguinte não pudesse reparar. A cada investida da Ditadura vocês se fortaleciam e a tiragem seguinte do jornal aumentava consideravelmente.
Receber um milhão de reais e picos por causa daquela semana, convenhamos, é um exagero, principalmente quando se considera que o salário mínimo no Brasil é de R$ 545,00 por mês...
Vocês não podem argumentar que a Ditadura acabou com o jornal. Seria a mais pura mentira, se é que a mentira pode ser pura. O 'O Pasquim' acabou porque
vocês se perderam.
O Pasquim acabou nos estertores da Ditadura, porque vocês ficaram sem o
motor principal de seu sucesso, a própria Ditadura.
Vocês se encantaram com a nova ordem e com a possibilidade de a
Esquerda dominar este país que não souberam mais fazer humor. Tanto que mais tarde voltaram de Bundas - há não muitos anos - e de bunda caíram porque foram pernósticos e pedantes.
Vocês só sabiam fazer uma coisa: criticar a Ditadura e não seriam o que são sem ela. Eu vi o nº 1 de 'O Pasquim' num tempo em que não tinha dinheiro para adquiri-lo.
Mais tarde, estudante em Florianópolis, passei a comprá-lo toda semana
na rua Felipe Schmidt, próximo à rua 7 de Setembro, numa banca em que
um rapaz chamado, se não me engano Vilmar, reservava um exemplar para
mim. Eu pagava no fim do mês.
Formado em Direito, em 1976 fui para Taió. Lá assinei o jornal que não
chegava na papelaria do meu amigo Horst. Em 1981 vim para o Rio Grande
do Sul e morando, inicialmente, em Iraí, continuei assinante. Em fins
de 1982 fui promovido para Espumoso e sempre assinante.
Eu tenho o nº 500 de O Pasquim, aquele que foi apreendido nas bancas e
que os assinantes receberam... Nessa época, não sei se lembram, o
jornal reduziu drasticamente seu número de páginas. Era a crise. Era
um arremedo do que fora, mas ainda assim conservava alguma verve.
A Ditadura estava saindo pelas portas dos fundos e vocês pelas portas
da frente, famosos e aplaudidos.
Vocês lançaram uma campanha de assinaturas. Eu fui a campo e consegui
cinco ou seis.
Em Espumoso! Imaginei que se cada assinante conseguisse cinco
assinaturas, ajudaria muito. Eu era Juiz de Direito. Convenhamos: não
fica bem a um Juiz sair vendendo assinatura de jornal. Mas fiz isto
com o único interesse de ajudar O Pasquim a se manter.
Na verdade, as assinaturas foram vendidas a amigos advogados aos quais
explanei a origem, natureza e linha editorial do jornal. Uns cinco ou
seis adquiriram assinaturas anuais. No máximo dois meses depois todos
paramos de receber o jornal, que saiu de circulação.
O Pasquim deu o calote... Eu fiquei com cara de tacho e, como se diz
por aqui, mais vexado que guri cagado.
Sofri constrangimento por causa de vocês. Devo pedir indenização por isto? Não. Esqueçam!
Mas agora que vocês estão milionários, procurem nos seus registros e
devolvam o dinheiro dos assinantes de Espumoso que pagaram e não
receberam a assinatura integral. Naquele tempo vocês não tinham como
fazê-lo. Agora têm.
Paguem proporcionalmente, mas com juros e correção monetária, como
manda a lei. Caso contrário, além de traidores, serei obrigado aconsiderá-los também caloteiros.

Ilton Dellandrea
Juiz de Direito

Além da indenização milionária a dupla passa a colaborar com o déficit
da previdência, pois, como o Lula, passam a receber aposentadoria em
dobro do limite estabelecido para quem contribuiu por 35 anos!
Além do
mais, os que contribuíram por 35 anos não têm direito ao reajuste
integral da aposentadoria. Por isto que o nosso pais é considerado o
pais dos marginais,
pode ver quem trabalha honestamente não tem nada,
já os marginais tem direitos humanos, salários acima do mínimo para
presidiário, cargos de ministros, presidente ou diretores de estadais,
e assim por diante, fora a aposentadoria de marajá, e depois dizem que
é da esquerda, só se for a mão, o que a esquerda faz a direita não
pode ver. Este episódio das indenizações milionárias aos jornalistas
do Pasquim é só mais um da série de escândalos em cascata que o país
produz.

Parece que está em nosso DNA o ataque despudorado aos cofres públicos,
a concepção que o dinheiro público não é de todos, mas 'de ninguém', e
que 'aos amigos tudo, aos inimigos, a justiça.

ACRESCENTO: Tudo limpinho, sem pagar Imposto de Renda

E A VIDA CONTINUA...

NOTA AO PÉ DO TEXTO
Pego um link nas honestas palavras do Juiz de Direito Ilton Dellandrea, que faz eco e traduz a indignação que ofendeu a inúmeros brasileiros, sobretudo aposentados. Não apenas pelo ato debochado que desvirtua a história, mas também por considerar dois cartunistas, dois humoristas - e outros tantos "heróis" - merecedores da premiação milionária por atos de bravura e amargos sofrimentos (rs), às custas de impostos que todos pagamos. A título apenas, o que agrava , o desacato e tempera com o cinismo que marca esse cidadão chamado Lula, seus atos e sua arrogância, por que desenharam charges e escreveram críticas no período do governo militar. Agraciados como "heróis de coisa nenhuma", num achincalhe àqueles que impediram fosse implantada uma ditadura comunista no país, e que, como observa o Juiz Dallandrea, de matéria para suas piadas e desenhos.
Assim procedeu durante todo o seu mandato. Já no primeiro dia de governo, portando na lapela o símbolo do PT, anunciava o que pretendia impor a nação, ao renegar o símbolo nacional.
E foi adiante com suas pretensões, montando uma verdadeira quadrilha de saqueadores, transformando as instituições num covil de bandidos, onde proliferou a corrupção, a fraude, a mentira, e a grande farsa do mensalão, descaradamente exposta à público, por conflitos internos de interesses.
Recriou um poderoso e inovador fisiologismo como base de governo, apelidando-o pomposamente com o título de "coalizão", loteando a 'res publica' como se fosse o patrimônio privado de alguns salafrários, bandidos, mafiosos, para que usassem e abusassem à vontade.
As milionárias aposentadorias, objeto maior do texto do Juiz Dellandrea, além do achincalhe que representou, demonstrou a inércia de uma nação, que assistiu sem reação, a esse deboche. Ao conceder tais benesses, seu objetivo maior foi ofender um 'Movimento' que se levantou contra a tentativa de grupos esquerdistas, que nada mais pretendiam senão substituir uma ditadura por outra, bem pior.
Hoje, ante a Comissão da Verdade, que busca reescrever a história sob a ótica dos "heróis", dos "guerrilheiros" que 'deram o seu sangue' pela "liberdade do país", dão mais um passo à frente das milionárias aposentadorias, e caminham para enodoar os que impediram a 'nova intentona'.
m.americo

2 comentários:

  1. Concordo plenamente com o texto, mas entendo que esse juiz não existe... já pesquisou sobre ele??

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  2. Ilton disse...
    Sou o autor do texto acima e verifico que, no final, consta minha identificação como "Ilton Dellandrea, Juiz de Direito". Creio que ela foi adicionada por alguém que leu a mensagem original no meu blog e por conta própria, a incluiu. Fui Juiz de Direito em Espumoso naquela época (1983-1984). Agora sou Desembargador aposentado. A colocação pode transmitir a falsa idéia de que AINDA sou Juiz de Direito e que nessas condições é que estaria dando um "puxão de orelhas" em Ziraldo e Jaguar, o que não corresponde à verdade. Por isto este esclarecimento.
    Atenciosamente
    Ilton Dellandrea

    Creio que a carta do próprio Juiz, hoje Desembargador, esclarece a sua dúvida.
    Obrigado pelo comentário.
    m.americo

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