O título acima, a meu ver, é a síntese da realidade que a pesquisa do IBOPE-CNI descortinou na quinta-feira nas páginas de O Globo, Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo. Na noite da véspera, fora revelada nos pontos principais pelo Jornal Nacional e o da BAND. Ela atingiu aprovação pessoal da ordem de 77%. Acima da atribuída a seu próprio governo que ficou em 56 pontos. Que dirá em cotejo com a oposição? Esta, inclusive, com trágico episódio Demóstenes Torres, praticamente deixou de existir.
Que poderiam dizer os números relativamente ao PT? Principalmente quanto à corrente que se propõe a seguir a liderança de José Dirceu. Esta, os jornais publicaram, encontra-se no comando da campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo.
O levantamento do IBOPE foi bem focalizado no Globo por André de Souza. No Estado de São Paulo por Andréa Viana e Ricardo Brito. Na FSP por Bruno Costa. No Globo, a foto que acompanha a matéria é de Gustavo Miranda.
Mas eu disse que a presidente da República superou, de uma vez só, três obstáculos. Sua projeção positiva (77%) é maior que a de seu governo, 56%. Arrasou a oposição e, por fim, demonstrou que o PT necessita mais dela do que ela do PT. Este aspecto é mais importante do que possa parecer à primeira vista. Possui implicações no julgamento do escândalo do mensalão cujo início está marcado para o próximo mês de maio. Está em cima.
Vamos lá. A pesquisa que o Instituto realizou para a Confederação Nacional da Indústria acentua a existência de insatisfação, e até reprovação, para setores essenciais da administração, como os de Saúde, Educação, Segurança Pública e o referente aos Impostos. Exceto quanto aos tributos, em relação aos quais todo mundo é contra, os demais são bem elucidativos.
Enquanto o governo venceu por 56 a 8, com 34% de neutros e 2% não opinando, a Educação obteve índice de 49 contra 46 pontos. As cartilhas editadas pelo MEC foram um descalabro. A pergunta a respeito da Saúde, vale frisar, dá margem a confusões, já que as respostas múltiplas abrangem naturalmente tanto a área federal, quanto as esferas estaduais e municipais.
No Hospital Salgado Filho, Prefeitura do Rio, morreram em 2010 quarenta por cento dos pacientes internados no CTI. Não vale a pena nem sublinhar este desastre. Poderão os leitores perguntar qual a explicação do êxito em torno de Dilma Rousseff. São aspectos bastante concretos. A taxa de desemprego, por exemplo. O desemprego está situado na escala de 5,7 pontos. Com FHC era de 12,65. Com Lula 7%. A mão de obra ativa do país é formada por 1000 milhões de pessoas.
A inflação. Recorremos à memória do IBGE: com FHC, oito anos, bateu 110%. Com Lula, grande leitor de Dilma, caiu para 56%. Com a atual presidente, em 2011, foi de 6,3. Não assustou. Os salários passaram a ser reajustados por esta tabela, sendo que o mínimo, este ano, por 14%.
A opinião pública – a pesquisa assinala – passou a sentir firmeza na presidente em sua disposição de governar, decidir e até demitir. O crédito, apesar de os juros do mercado estarem na estratosfera, foi e continua muito elástico e de acesso generalizado. São estes, para mim, os pontos que conduziram ao resultado positivo. Além da preocupação em fortalecer a mulher.
Mas eu disse, no início, que ela derrotou o próprio governo, a oposição e o PT. Claro. O Partido dos Trabalhadores, como legenda, perdeu para ela. E, por uma ação reflexa, o que é inevitável na política, proporcionou melhores condições do STF para julgar os réus do mensalão de 2005. Os números do IBOPE revelaram o que não é muito visível, mas é real. Dilma Rousseff não depende do PT para se firmar. Muito menos dos acusados pelo mensalão. Se estes forem condenados, politicamente melhor para ela.
05 de abril de 2012
Pedro do Coutto
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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