Em perfil e entrevista exclusiva, a Revista Congresso em Foco mostra que o palhaço campeão de votos tornou-se o principal porta-voz da categoria circense no Congresso.
Tiririca foca seu mandato como representante do circo no Congresso Nacional - Foto: Victor Soares
Na sua campanha, o palhaço Tiririca confessava na propaganda eleitoral não saber o que fazia um deputado federal. E convidava o eleitor a votar nele, porque, uma vez eleito, então ele poderia contar como é. Na edição número 2 da Revista Congresso em Foco, que começou a circular na semana passada, Tiririca, em perfil e entrevista exclusivas, assinadas pelo editor Edson Sardinha, conta o que está fazendo como deputado.
E, segundo o seu depoimento e de vários representantes do universo circense, verifica-se que Tiririca encontrou um nicho importante para o seu trabalho: ele se tornou o principal representante do circo no Legislativo. “Pela primeira vez, temos um gabinete completamente aberto para nós. O Tiririca é uma bela surpresa que caiu do céu”, diz Alice Viveiros de Castro, representante do circo no Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura.
“Eu saí do circo. Mas o circo não saiu de mim. Devo tudo a ele”, diz o próprio Tiririca, à Revista Congresso em Foco.
Diz um ditado popular que “alegria de palhaço é ver o circo pegar fogo”. Para Francisco Everardo Silva, porém, essa foi a maior tristeza de sua vida. Um dia, uma macaca do circo mordeu a mão de uma criança, filha de um poderoso coronel da cidade em que o circo se apresentava. Como vingança, o coronel tocou fogo na lona do circo. Se a tragédia, porém, fez Francisco Everardo Silva perder seu circo, foi ali que o país começou a ganhar um artista popular que, a partir deste mandato de deputado federal, envereda pela política. Após o incêndio no circo, Francisco deixou a cidade em que estava – Peritoró, no Maranhão – e seguiu para Fortaleza, no Ceará. Ali, ele abandonou o nariz vermelho e a tradicional maquiagem de palhaço, vestiu roupas coloridas, botou uma peruca engraçada, e nasceu o palhaço Tiririca, do jeito que o Brasil inteiro mais tarde conheceu.
A política não era um desejo pessoal de Tiririca. Foi uma ideia do deputado Valdemar Costa Neto (SP), que imaginou conseguir, com a popularidade do palhaço, puxar votos para seu partido, o PR, e para outros candidatos. Se tal situação gerou uma desconfiança inicial quando Tiririca se tornou o deputado federal mais votado do país, isso não o intimidou. Aos poucos, ele foi encontrando seu nicho, exatamente no circo, a sua origem como artista popular.
Tiririca apresentou projetos de lei e empenha-se em outras iniciativas para direcionar recursos e ações para a atividade circense, que emprega no Brasil 30 mil pessoas diretamente e outras 120 mil indiretamente, por meio de 2,5 mil companhias. Um dos quatro projetos de lei apresentados por Tiririca visando à atividade circense prevê a criação de um programa de amparo social às pessoas que trabalham nos circos. A proposta garante a essas pessoas a inclusão na Lei Orgânica de Assistência Social. Na prática, assegura a elas o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS). Como essas pessoas não têm endereço fixo, o acesso é hoje dificultado.
Insone
Um dos 13 deputados que tiveram 100% de presença em 2011, de acordo com levantamento exclusivo do Congresso em Foco sobre a assiduidade dos parlamentares, Tiririca tem feito um esforço extra para garantir essa presença. Ele praticamente não dormiu desde que virou deputado.
Há três décadas, Tiririca adquiriu o hábito de trocar a noite pelo dia. Na época, ele precisava varar a madrugada vigiando seu circo. Na ocasião, ele conseguia dormir de dia, o que tornou-se impossível agora com sua nova rotina parlamentar. Assim, ele hoje só tem conseguido dormir duas horas por dia – das seis às oito da manhã. O restante do tempo, ele passa jogando videogame com o motorista de sua mulher, Nana Magalhães, e com seu filho, Antonio Everardo, de 16 anos.
“A política antes de Tiririca era uma coisa, tornou-se outra”, diz o deputado, numa autoavaliação. “As pessoas se veem em mim e pensam: ‘caramba, esse cara chegou lá, eu também posso chegar’.”
“Não prometi nada”, diz ele, a respeito da expectativa gerada quanto ao seu trabalho como deputado. “Se não cometer deslize ético, com o que tem aí, já está bom demais”.
A íntegra do perfil com Tiririca, assim como a sua entrevista exclusiva, você vai encontrar na edição número 2 da Revista Congresso em Foco, já nas bancas.
05 de abril de 2012
Rudolfo Lago
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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