A presidente Dilma viaja domingo para os Estados Unidos. O contencioso é grande, mas, pelo jeito, sua conversa com o presidente Obama começará pela reclamação diante do capital-motel. Não dá para o Brasil continuar recebendo milhões de dólares de tarde, verificar que eles passam a noite e vão embora de manhã levando montes de juros, sem ter contribuído para criar um emprego nem forjar um parafuso. Como o americano certamente replicará que somos nós que mantemos os juros em patamares estratosféricos, além de depender apenas do Brasil exigir prazo para a permanência do capital estrangeiro entre nós, espera-se a tréplica da nossa representante.
Certamente Dilma dirá que os juros estão baixando e mais baixarão. Mas terá como participar a taxação dos dólares que nem imposto de renda pagam? Ou a decisão de que a partir de agora vamos exigir a permanência mínima do dinheiro especulativo?
A farra do capital-motel vem dos tempos de Fernando Henrique e não há sinal de sua interrupção. A equipe econômica sustenta que para continuarmos sendo a sexta economia do mundo, não podemos passar sem a colaboração dos especuladores.
Aguarda-se para saber como a presidente desatará esse nó. Em pleno século XXI seria anacrônico mandar fechar os motéis… Num aspecto Dilma e Obama concordarão: está no crescimento, não na recessão, a saída para a crise que assola a Europa, já chegou aos Estados Unidos e avidamente olha para o Brasil. Comprimir salários, interromper investimentos sociais e estimular o desemprego são fórmulas de banqueiros alemães.
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PEDRINHAS NA BOCA
Demóstenes, o da Grécia, era gago e padecia de outro tique nervoso que o fazia levantar subitamente o ombro direito, nas horas mais inesperadas. Para curar a gagueira, ensaiava seus discursos com algumas pedrinhas na boca. Para interromper o movimento no ombro, mandou pendurar no teto uma lança voltada para a cadeira onde costumava trabalhar. Depois de algumas espetadelas e de haver engolido umas tantas pedrinhas, ficou curado.
O Demóstenes de Goiás, agora sem partido, precisa encontrar rápido uma forma para evitar a cassação de seu mandato. Não dá para demonstrar que Carlinhos Cachoeira o vinha chantageando, muito menos provar serem falsas as gravações de suas conversas com o meliante. Inócuo seria jogar barro no ventilador e denunciar colegas senadores envolvidos em práticas semelhantes às suas. Subir à tribuna do Senado para reconhecer seus erros, sem negá-los, pode ser a melhor solução.
05 de abril de 2012
Carlos Chagas
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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