"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 13 de maio de 2012

HISTÓRIAS DO JORNALISTA SEBASTIÃO NERY

RECEITA PRA OS PARCEIROS AMOTINADOS

O coronel Massa, sogro de José Lins do Rego, chefe de Polícia na Paraíba, elegeu-se senador e passou muito tempo sem voltar ao Estado. Alcides Carneiro, advogado, antes de também vir para cá como deputado e ministro do Superior Tribunal Militar veio ao Rio, foi ao Senado visitá-lo:
- Senador, sou apenas um jovem advogado. Mas, se o senhor me permite, o senhor precisa dar um pouco mais de atenção ao nosso povo.
- Meu filho, esse negócio de povo ninguém entende mais do que eu. Povo só é povo quando é povo. Povo que não é povo não é povo.
E mudou de assunto.

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CORONEL MASSA

Quando o coronel Massa era chefe de Polícia, houve quebra-quebra e pancadaria em João Pessoa, por causa de um abusivo aumento de preços lá qualquer. O coronel Massa saiu de casa sozinho, atravessou toda a praça no meio da multidão enfurecida e subiu numa varanda:
- Meu povo, tenham juízo! Tanta confusão por uma bobagem? Acalmem-se que o governo vai tomar providência.
E desceu. Ia saindo, voltou, subiu novamente na varanda:
- Meu povo, agora voltem todos para suas casas e fiquem lá bem quietos, bem amotinadozinhos.

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STALINISMO


Em maio de 95, num artigo para o Estado de S. Paulo, u m dirigente do PT fez duras críticas ao deputado José Genoino, do PT, que declarara estar sofrendo “um processo stalinista” pela direção nacional, que o teria punido pelo “direito de opinião” e enquadrado sua tendência, a Democracia Radical. No artigo, ele afirmava que o colega tinha como objetivo classificar o PT como um partido sem propostas, apresentando-se ele e sua corrente como lado moderno e “light” da agremiação. Classificava Genoino como “defensor de uma postura de cooperação com o governo federal e da flexibilização dos monopólios”.

Sabem quem era esse dirigente do PT? Não era nenhum inimigo atacando Genoino, do PT, um dos melhores deputados da Câmara. Está na página 1.878 do Dicionário Histórico-Biográfico da FGV-CPDOC. Era José Dirceu, em 95, candidato à presidência do PT, malhando Genoino, acusando-o de “defensor da cooperação com o governo federal e da flexibilização dos monopólios”.
Genoino respondia que Dirceu o submetia a “um processo stalinista”, enquadrando-o e punindo-o “pelo direito de opinião”. Eram parceiros amotinados.

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GENOINO

No governo de Lula, Genoino aliou-se a Dirceu, os dois fazendo com a senadora Heloisa Helena, a deputada gaúcha Luciana Genro, o deputado paraense Babá, os senadores Cristovam Buarque e Paulo Paim, o deputado mineiro Virgilio Guimarães, e tantos outros, o mesmo que Dirceu fazia contra Genoino em 95. Asinus asinum fricat. Eles que traduzam.

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