"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 11 de maio de 2012

A VENDA ILEGAL DA DELTA - O JULGAMENTO DO CASO CELSO DANIEL - A COMISSÃO DA VERDADE

PROCURADOR DA REPÚBLICA PEDE INVESTIGAÇÃO URGENTE PARA NEGÓCIO "ILEGAL E IMORAL" DA VENDA DA DELTA 

Considerando o negócio “ilegal e imoral”, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro pediu a abertura de inquérito civil público para investigar, com urgência, o nada usual acordo de venda da construtora Delta para a holding J&F, que controla a JBS (maior empresa de carne do mundo). A empreiteira investigada por fraudes e alvo da “Comissão Parlamentar para a Impunidade” do goiano Cachoeira será vendida, praticamente de graça, para o grupo goiano. A tendência é que tal investigação dê em naOR da, acabando arquivada, da mesma forma que um outro inquérito civil público que tentou investigar a compra de R$ 3,5 bilhões em debêntures (título emitido por empresas em troca de empréstimos) da JBS pelo BNDES.

O procurador regional da República Nívio de Freitas Silva Filho justificou a urgente apuração do negócio porque a holding do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar) tem uma participação de 31,4% na JBS S.A. O procurador pegou pesado e foi direto em sua avaliação inicial da operação: “Caso se concretize esse negócio, por força de sua participação acionária no grupo JBS, o BNDES, em evidente afronta aos princípios da legalidade e moralidade, irá inexoravelmente participar de empresa sobre a qual recaem notícias da prática de graves ilicitudes e que se sujeita a ser declarada inidônea para contratar com o poder público”.

O principal objetivo do procurador Freitas é evitar que o BNDES continue a fazer empréstimos a uma empresa que “sujeita-se a ser declarada inidônea para contratar com o poder público”. Freitas também espera que a ação seja capaz de garantir que os dirigentes da “Delta não fujam da responsabilidade patrimonial da empresa pelos eventuais danos causados, transferindo-os ao credor”, ou seja, a administração pública.

O procurador Freitas pretende investigar quais foram os “poderosos elementos exógenos” que levaram a Delta a abandonar os consórcios responsáveis pelas obras do estádio do Maracanã (orçada em R$ 859 milhões, no qual tinha 30% de participação) e da Transcarioca — corredor exclusivo de ônibus que ligará a Zona Norte à Zona Oeste do Rio de Janeiro (orçada em R$ 798,4 milhões, na qual detinha 42%): “É inusitado que a Delta, atuando de forma completamente atípica, tenha vindo a se retirar do consórcio responsável pelas obras da Transcarioca e do Maracanã, abrindo mão de expressivas receitas, ao passo que construtoras do mesmo porte buscam acumular contratos públicos”.

No jogo de faz de conta, o BNDES soltou ontem uma nota para jurar que não interfere no acordo entre a J&F e a Delta de Fernando Cavendish – amigo do governador Sérgio Cabral e que também é muito amigo e parceiro do Doutor Luiz Inácio Lula da Silva. Indiferente de qualquer investigação, a direção da J&F Holding (presidida pelo ex-presidente do Banco Central, o goiano Henrique Meireles, deve anunciar logo mais o nome do novo presidente da Delta Construções.

Como era previsto, a CPI do Cachoeira indica que vai desaguar no rigor seletivo, atingindo poucos alvos, para preservar a maioria dos corruptos que poderia e deveria investigar. Os responsáveis pela operação abafa são os deputados e senadores da base aliada, principalmente do PT e do PMDB, diante do risco de seus caciques ou aliados muito próximos de negócios serem tragados pelo oceano de lama de Carlinhos Cachoeira e companhia ilimitada. Lula, que botou fogo para a CPI acontecer, custe o que custar, agora já orienta o PT a abafar o que puder comprometer o governo.

CHEGARÁ AO CHEFÃO DO MANDANTE?

O promotor de Justiça Marcio Augusto Friggi de Carvalho comemou a decisão do júri popular que condenou os três réus acusados de matar o ex-prefeito de Santo André, no ABC paulista, Celso Daniel, em janeiro de 2002:

O veredito de hoje mostra o acerto da tese do Ministério Público, de que houve um crime político”.

Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro, foi condenado a 24 anos de prisão; Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho, a 18 anos; e José Edison da Silva, a 20 anos de prisão.

Crime impune

O promotor Carvalho considerou a decisão muito importante para o julgamento do empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, acusado de ser o mandante do assassinato.

Sombra só não foi julgado ontem porque seus advogados entraram com diversos recursos no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e no Supremo Tribunal Federal (STF), que acabaram adiando o desfecho do caso.

Venceu a tese do Ministério Público de que os cinco condenados ontem seriam os responsáveis pelo “arrebatamento e pela execução do ex-prefeito” a mando de Sombra.

Quem foi?

O negócio, agora, é descobrir quem mandou Sombra dar a ordem para acabar com Daniel...

Celso Daniel foi sequestrado no dia 18 de janeiro de 2002 em uma estrada rural de Juquitiba.

O ex-prefeito petista de Santo André dividia um caminhonete de luxo com Sombra, que foi ignorado pelos sequestradores.

Dois dias depois, foi encontrado morto com oito tiros e sinais de tortura.

COMISSÃO DA VERDADE

Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, José Sarney e Fernando Collor confirmaram presença, quarta-feira que vem, no Palácio do Planalto, para a cerimônia de posse dos sete integrantes da revanchista e inútil Comissão da Verdade.

A advogada de Dilma durante a ditadura, Rosa Maria Cardoso da Cunha, será uma das integrantes.

Do mesmo time da CV participam José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça; Gilson Dipp, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ); Claudio Fontelles, ex-procurador-geral da República; Paulo Sérgio Pinheiro, advogado e ex-secretário de Direitos Humanos; Maria Rita Kehl, psicanalista e escritora; e José Paulo Cavalcanti Filho, advogado e escritor.

Quem sabe os 7 membros da CV não descobrem que foram os Generais-Presidentes-Ditadores-sanguinários-torturadores que mandaram seqüestrar, seviciar e matar o Celso Daniel?

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

11 de maio de 2012
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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