"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 11 de maio de 2012

VENDA REPENTINA DA DELTA PERMITIRÁ APAGAR AS DIGITAIS DA MALANDRAGEM E OS INDÍCIOS DE SUPERFATURAMENTO



Operação estranha – Não é preciso ir muito longe com o raciocínio para compreender as razões que levaram um grupo empresarial, que tem o processamento e comercialização de carnes como principal negócio, a se interessar por uma empreiteira detentora de contratos bilionários com o governo federal. Acusada de envolvimento com o escândalo de Carlos Cachoeira, o contraventor goiano que é alvo de CPI no Congresso Nacional, a Delta Construções passou das mãos do empresário Fernando Cavendish para o comando do grupo do frigorífico JBS.
A operação, estranha e inesperada, pode ser objeto de inquérito aberto pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, que quer apurar as denúncias de fraude, corrupção e superfaturamento de que é alvo a empreiteira que a partir da próxima segunda-feira (14) estará sob o guarda-chuva da holding J&F, cujo principal executivo é Henrique Meirelles, presidente do Banco Central durante os oito anos do governo Lula.
Com crescimento meteórico durante o governo do ex-metalúrgico, a Delta é a empreiteira com maior participação nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas depois do estouro do escândalo de Cachoeira desembarcou de alguns consórcios importantes, como, por exemplo, o responsável pelas obras de reforma do Estádio Mário Filho, o Maracanã.
O procurador da República no Rio de Janeiro, Nívio de Freitas Silva Filho, alega que um dos motivos para a abertura do inquérito é a participação de 31% do BNDES na JBS, principal empresa da holding J&F. Essa operação de última hora por certo não apresenta, de chofre, nenhuma maldade, mas servirá para que o governo federal consiga apagar em tempo recorde os rastros de ilegalidade e irregularidade.
Quando incentivou a criação da CPI do Cachoeira, o ex-presidente Lula tinha como objetivo acertar o governador Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, mas em nenhum momento pensou que ele próprio poderia ser alcançado caso as investigações da Comissão fossem a fundo. Uma análise minuciosa dos fatos, como já relatou o ucho.info, poderá desmontar a República. Algo extremamente difícil de acontecer, pois a CPI é chapa branca e política é negócio.

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