Artigos - Ambientalismo
Foi interessante enquanto durou. Mas parece que a “revolução verde” começou a rolar ladeira abaixo até a pergunta: “Isso tudo para quê?”
Em janeiro, o governo espanhol interrompeu os subsídios absurdamente generosos à sua indústria de energia renovável, e a indústria de energia renovável quase implodiu. Você poderia dizer que nunca foi realmente uma indústria de energia renovável.
Era uma indústria subsidiada pelo governo que, em troca de criar moinhos de vento e painéis solares que aliviavam a consciência a despeito de sua ineficiência, recebia pilhas de verbas públicas que os consumidores jamais teriam.
“Eles destruíram o mercado espanhol da noite para o dia com a moratória (de subsídios)”, declarou Christian Kjaer, CEO da Associação Européia de Energia Eólica, ao Bloomberg News.
O motivo pelo qual o exemplo espanhol é tão importante é porque demonstra como toda a “revolução” da energia verde era, desde o começo, apenas uma embromação ideológica.
No começo de sua administração, o presidente Obama insistiu que, se não seguíssemos por esse caminho, perderíamos o altamente lucrável setor de energia renovável para aqueles sagazes espanhóis.
Em 2009, pesquisadores na Universidade Rei Juan Carlos descobriram que a Espanha destruiu 2,2 vagas de trabalho para cada vaga criada com energia verde. Os pesquisadores também calcularam que o governo espanhol gastou mais de meio milhão de euros para cada emprego verde criado desde 2000, e vagas de trabalho na indústria eólica custaram mais de 1 milhão de euros cada.
Quando perguntado sobre o estudo, o então secretário de comunicação da Casa Branca, Robert Gibbs, respondeu que ele não o havia lido, mas que “parece estranho que estejamos importando componentes de turbinas eólicas da Espanha para construí-las aqui, visando fazer frente à nossa demanda de energia renovável, se esse fosse remotamente o caso”.
Vamos dar uma folga para Gibbs & Cia... Isso aconteceu logo antes que a Casa Branca aprendesse que não havia empregos instantâneos, antes que descobrisse que seus “investimentos” em companhias como a Solyndra eram pouco melhores do que despejar os dólares de impostos pagos pelos cidadãos em um triturador industrial. Assim, não deveria ser uma surpresa para ninguém que Gibbs acharia “estranho” que nosso próprio filo doméstico de rêmoras ávidas por subsídios quisesse comprar produtos espanhóis artificialmente baratos num esquema para se alimentar de nossos subsídios domésticos.
A evidência de que essa administração colocou nepotismo e ideologia à frente da realidade está à nossa volta. “Desde 2009”, informa o Wall Street Journal, “a administração Obama repassou mais de US$ 1,0 bilhão a companhias americanas para fabricar baterias avançadas para veículos elétricos. Na metade de um prazo de 6 anos para produzir um milhão de veículos elétricos e híbridos, os fabricantes de automóveis mal fabricaram 50 mil carros.” Bom, só faltam 950 mil carros.
Obama acreditou que era esperto o suficiente para criar indústrias completamente novas simplesmente empurrando dinheiro dos contribuintes pelas goelas certas. Qualquer sugestão de que a transição para fontes ineficientes de energia poderia custar muito aos contribuintes ou ao crescimento econômico foi classificada como “escolha falsa”.
Parece que Obama pelo menos compreende as escolhas difíceis que se lhe impõem. Em 2009, a mensagem do presidente no Dia da Terra foi escandalosamente dedicada à mudança climática. Em 2012, a palavra “clima” sequer foi mencionada. A administração quer que todos acreditem que ela apóia o desenvolvimento de “fraturamento” hidráulico e gás natural.
Quando o Secretário de Energia Steven Chu disse que preferia gasolina a preços altos, a administração quase o defenestrou. Para grande desgosto do lobby verde, Obama não comparecerá à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável desse ano (Rio+20). Caramba, a foto atual da página da Casa Branca sobre energia e meio-ambiente até mostra Obama caminhando alegremente junto a uma pilha de seções de oleoduto. Sutil.
Sim, Obama jogou um osso aos verdes no oleoduto de Keystone, mas ele silenciosamente abriu a região do Ártico no Alasca para novos desenvolvimentos de petróleo, garantido à Shell permissão para exploração offshore.
“Jamais poderíamos esperar que um presidente democrata – que fez todos pensarem que era ‘transformador’ – abrisse o Oceano Ártico para prospecção”, Michael Brune, diretor executivo do Sierra Club, disse ao New York Times.
Agora, eu não tenho dúvidas de que a mudança de curso de Obama é inteiramente política. Por exemplo, se ele não tivesse aprovado a prospecção no Ártico, certamente a Shell teria processado a administração pelos bilhões investidos no desenvolvimento de suas concessões no Ártico. Não é exatamente o tipo de ação judicial que Obama gostaria de ter num ano de eleição.
Mas dizer que Obama cedeu à realidade política não muda o fato de que a realidade política decorre enormemente da realidade econômica. Tanto na Europa quanto na América os eleitores reconhecem cada vez mais que os benefícios da revolução verde não valem os custos, particularmente quando os revolucionários não fazem ideia do que estão fazendo. A única questão para os eleitores é se Obama realmente aprendeu a lição, ou se ele planeja reverter seu comportamento em caso de reeleição.
04 de junho de 2012
Jonah Goldberg é editor-assistente do National Review e autor do livro “Fascismo de Esquerda: a história secreta do esquerdismo americano”, publicado pela Ed. Record.
Publicado na National Review.
Tradução: Felipe Melo
Foi interessante enquanto durou. Mas parece que a “revolução verde” começou a rolar ladeira abaixo até a pergunta: “Isso tudo para quê?”
Em janeiro, o governo espanhol interrompeu os subsídios absurdamente generosos à sua indústria de energia renovável, e a indústria de energia renovável quase implodiu. Você poderia dizer que nunca foi realmente uma indústria de energia renovável.
Era uma indústria subsidiada pelo governo que, em troca de criar moinhos de vento e painéis solares que aliviavam a consciência a despeito de sua ineficiência, recebia pilhas de verbas públicas que os consumidores jamais teriam.
“Eles destruíram o mercado espanhol da noite para o dia com a moratória (de subsídios)”, declarou Christian Kjaer, CEO da Associação Européia de Energia Eólica, ao Bloomberg News.
O motivo pelo qual o exemplo espanhol é tão importante é porque demonstra como toda a “revolução” da energia verde era, desde o começo, apenas uma embromação ideológica.
No começo de sua administração, o presidente Obama insistiu que, se não seguíssemos por esse caminho, perderíamos o altamente lucrável setor de energia renovável para aqueles sagazes espanhóis.
Em 2009, pesquisadores na Universidade Rei Juan Carlos descobriram que a Espanha destruiu 2,2 vagas de trabalho para cada vaga criada com energia verde. Os pesquisadores também calcularam que o governo espanhol gastou mais de meio milhão de euros para cada emprego verde criado desde 2000, e vagas de trabalho na indústria eólica custaram mais de 1 milhão de euros cada.
Quando perguntado sobre o estudo, o então secretário de comunicação da Casa Branca, Robert Gibbs, respondeu que ele não o havia lido, mas que “parece estranho que estejamos importando componentes de turbinas eólicas da Espanha para construí-las aqui, visando fazer frente à nossa demanda de energia renovável, se esse fosse remotamente o caso”.
Vamos dar uma folga para Gibbs & Cia... Isso aconteceu logo antes que a Casa Branca aprendesse que não havia empregos instantâneos, antes que descobrisse que seus “investimentos” em companhias como a Solyndra eram pouco melhores do que despejar os dólares de impostos pagos pelos cidadãos em um triturador industrial. Assim, não deveria ser uma surpresa para ninguém que Gibbs acharia “estranho” que nosso próprio filo doméstico de rêmoras ávidas por subsídios quisesse comprar produtos espanhóis artificialmente baratos num esquema para se alimentar de nossos subsídios domésticos.
A evidência de que essa administração colocou nepotismo e ideologia à frente da realidade está à nossa volta. “Desde 2009”, informa o Wall Street Journal, “a administração Obama repassou mais de US$ 1,0 bilhão a companhias americanas para fabricar baterias avançadas para veículos elétricos. Na metade de um prazo de 6 anos para produzir um milhão de veículos elétricos e híbridos, os fabricantes de automóveis mal fabricaram 50 mil carros.” Bom, só faltam 950 mil carros.
Obama acreditou que era esperto o suficiente para criar indústrias completamente novas simplesmente empurrando dinheiro dos contribuintes pelas goelas certas. Qualquer sugestão de que a transição para fontes ineficientes de energia poderia custar muito aos contribuintes ou ao crescimento econômico foi classificada como “escolha falsa”.
Parece que Obama pelo menos compreende as escolhas difíceis que se lhe impõem. Em 2009, a mensagem do presidente no Dia da Terra foi escandalosamente dedicada à mudança climática. Em 2012, a palavra “clima” sequer foi mencionada. A administração quer que todos acreditem que ela apóia o desenvolvimento de “fraturamento” hidráulico e gás natural.
Quando o Secretário de Energia Steven Chu disse que preferia gasolina a preços altos, a administração quase o defenestrou. Para grande desgosto do lobby verde, Obama não comparecerá à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável desse ano (Rio+20). Caramba, a foto atual da página da Casa Branca sobre energia e meio-ambiente até mostra Obama caminhando alegremente junto a uma pilha de seções de oleoduto. Sutil.
Sim, Obama jogou um osso aos verdes no oleoduto de Keystone, mas ele silenciosamente abriu a região do Ártico no Alasca para novos desenvolvimentos de petróleo, garantido à Shell permissão para exploração offshore.
“Jamais poderíamos esperar que um presidente democrata – que fez todos pensarem que era ‘transformador’ – abrisse o Oceano Ártico para prospecção”, Michael Brune, diretor executivo do Sierra Club, disse ao New York Times.
Agora, eu não tenho dúvidas de que a mudança de curso de Obama é inteiramente política. Por exemplo, se ele não tivesse aprovado a prospecção no Ártico, certamente a Shell teria processado a administração pelos bilhões investidos no desenvolvimento de suas concessões no Ártico. Não é exatamente o tipo de ação judicial que Obama gostaria de ter num ano de eleição.
Mas dizer que Obama cedeu à realidade política não muda o fato de que a realidade política decorre enormemente da realidade econômica. Tanto na Europa quanto na América os eleitores reconhecem cada vez mais que os benefícios da revolução verde não valem os custos, particularmente quando os revolucionários não fazem ideia do que estão fazendo. A única questão para os eleitores é se Obama realmente aprendeu a lição, ou se ele planeja reverter seu comportamento em caso de reeleição.
04 de junho de 2012
Jonah Goldberg é editor-assistente do National Review e autor do livro “Fascismo de Esquerda: a história secreta do esquerdismo americano”, publicado pela Ed. Record.
Publicado na National Review.
Tradução: Felipe Melo
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