"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 22 de julho de 2012

UMA ELEIÇÃO DE CADA VEZ

 

A eleição em Belo Horizonte virou atração nacional, adquiriu um tom político muito forte, é vista como sinalização para a distribuição de forças que deverá ocorrer em 2014 e poderá definir o alinhamento ou não do PSB em relação aos dois principais polos: o PT e o PSB.

Resta saber o que a eleição poderá trazer para Belo Horizonte. Os problemas da cidade não são poucos e, certamente, preocupam muito mais o eleitor do que qualquer consequência política do desmembramento da aliança referendada pela população em 2008. A eleição de 2014 vai ser uma preocupação para o eleitor somente em 2014.

Por enquanto, o cidadão de Belo Horizonte quer saber se o posto médico de seu bairro está funcionando adequadamente, se as ruas possuem asfaltamento de qualidade, se pais, professores e alunos estão satisfeitos com os rumos da educação, se há empregos, se a violência vai diminuir e se o trânsito vai melhorar. Em resumo, o cidadão quer saber se a vida em Belo Horizonte tem condições de ganhar qualidade.

Obviamente, os candidatos sabem desse desejo e, por isso, afirmam em seus discursos que estão interessados em debater os problemas da cidade. A questão é que, nos bastidores, a disputa eleitoral tem pouca preocupação com esse debate. É perceptível uma guerra de desconstrução de imagens.
Passado, presente e as possibilidade de futuro são usados para abalar as trajetórias dos candidatos.
A proposta, especialmente na internet, parece ser desmontar as imagens dos candidatos. Os programas de governo ainda nem estão prontos ou, se estão, não foram apresentados. O que importa do ponto de vista das coordenações de campanha são os candidatos os projetos políticos.

Em uma eleição assim, há sempre o risco de julgamentos precipitados, preconceituosos, e, claro, extremamente personalistas. Questões mais ligadas à ética pessoal e aos posicionamentos ideológicos serão motes muito explorados. Mas nem sempre é possível para o eleitor entender com clareza o que está acontecendo no quadro eleitoral.

O eleitor precisa gastar seu tempo para fazer análises mais apuradas. Ele não pode se deixar levar pelas meias verdades ou pelas mentiras repetidas várias vezes. O decisão do voto precisa ser, mais do que em outras situações, muito cuidadosa e balizada.

A eleição permite algo que é raro e valioso. No momento de votar, todos os cidadãos são absolutamente iguais. Não há diferenças de raça, religião, classe social e gênero. Não há peso e tratamentos diferentes para nenhum tipo de voto.
Mas é preciso lembrar que qualquer cidadão pode escolher bem ou mal. O preço disso será conhecido em quatro anos.

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