"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 22 de julho de 2012

A PROPÓSITO DA POLÍTICA ECONÔMICA DE ROBERTO CAMPOS E DELFIM NETO NO REGIME MILITAR

 

A bem da verdade, no início do regime militar Roberto Campos e sua equipe conseguiram frear a inflação, não obstante terem dando um arrocho tremendo tanto nos trabalhadores como nos empresários.

Primeiro: o Estado estava quebrado. A desorganização das contas públicas, principalmente em função da construção de Brasília e do programa de metas 50 anos em 5, continuava trazendo seus reflexos. O Estado, desde Getúlio Vargas, era o indutor do desenvolvimento do país e estava com o caixa zerado.

Segundo. As opções não eram muitas, mas sem dúvida os trabalhadores pagaram a conta maior, uma vez que o salário só podia ser reajustado uma vez por ano e para os rentistas criaram a correção monetária, mensal.

Terceiro. De 1965 à 1969, as indústrias também tiveram um dos maiores arrochos conhecidos desde que se intensificou a industrialização após 1930. No entanto, esta estratégia recuperou a capacidade de investimento do Estado e acabou beneficiando o parque industrial brasileiro como um todo.

Podemos frisar, sim, que a recuperação dos investimentos por parte do Estado foi conseguida em sua maior parte com a transferência de renda dos trabalhadores, que, se por um lado tiveram aumentados os postos de trabalho, muito se deve justamente à sua “contribuição”, e que o Estado soube administrar, não transferindo essa renda para o bolso das bases aliadas, passando de 12 para 38 Ministérios, como nos tempos atuais.

Apenas nos últimos anos começou a recuperação dos salários mais baixos, mas à custa dos salários mais altos, até de aposentados, pois desta vez quem não faz o dever de casa são os governantes, que tiram de todas faixas salariais via imposto de renda mas não investem, usando essa extraordinária receita apenas para manter o inchaço da máquina pública e as contas particulares dos seus aliados.

Extorquem da população 38% do PIB ou 1,7 trilhões em impostos, e têm a cara de pau de regatear 50 bilhões em investimentos. Não mal comparando, em 1984 entregávamos para o governo 20% do PIB. Esta é a realidade dos números.

Martim Berto Fuchs

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