O que o Brasil ficou sabendo hoje quando, por horas a fio, o Procurador Geral da Republica, Roberto Gurgel, expos, passo a passo, ladrão por ladrão, saque por saque, tramoia por tramoia, com serena precisão, contundência e abundância de provas a esbórnia que ficou conhecida como Mensalão, não foi propriamente qualquer coisa de essencial que ainda não se soubesse sobre essa roubalheira.
O que o país inteiro compreende melhor agora é por que Roberto Gurgel e o Ministério Público Federal, a única instituição da República que não está sob suspeita neste momento, merece dividir com a imprensa a glória de serem os alvos preferencias do ódio da bandidagem institucionalizada.
Se haverá ou não haverá penas à altura dos crimes cometidos é uma questão que está presa aos problemas anteriores da fraqueza da nossa legislação sobre corrupção e da docilidade do sistema processual brasileiro ao golpe baixo, que se traduz, na prática, na sua opção preferencial pelo bandido que tanto revolta cada habitante deste país.
Mas uma condenação às penas máximas mesmo dessa legislação mínima é imprescindível pois sobre as culpas dos personagens do enredo do dr. Gurgel não paira a menor dúvida há tempo demais mas nada acontece. E este é que é o verdadeiro problema.
O que está em questão no Supremo Tribunal Federal é o próprio Supremo Tribunal Federal. É saber se a ultima instância do Sistema vai ou não vai reagir àquilo que o país inteiro sabe, ha 7 anos, que aconteceu exatamente do jeito que Roberto Gurgel reconstituiu hoje do modo como a lei exige que reaja, ou se a impunidade é que vai se sagrar oficial e irrecorrivelmente lei.
O próprio dr. Gurgel abriu sua exposição citando Raymundo Faoro em seu clássico Os Donos do Poder para lembrar o quanto são velhas e profundas as raízes da corrupção no Brasil. Com o PT, essa velha e retorcida árvore seca deu frutos e espalhou suas sementes por todo o tecido social.
Na definição imortal de Theodore Roosevelt, "O problema não é haver corrupção, doença inerente à espécie humana. O problema é o corrupto poder exibir o seu sucesso, o que é subversivo".
Já passamos desse ponto e, ou recolocamos as coisas no seu devido lugar, ou não haverá mais volta.
O Estado de Direito foi desafiado para um duelo final. É matar ou morrer.
06 de agosto de 2012
by fernaslm
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